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Eduardo Campos

Eduardo Campos

Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.

Mercados

O mistério do juro negativo intriga até Howard Marks

O gestor da Oaktree Capital dedica seu último “memo” a discutir possíveis causas e consequências desse fenômeno e como os investidores devem navegar por essas águas desconhecidas

Eduardo Campos
Eduardo Campos
26 de outubro de 2019
5:34 - atualizado às 16:34

Você consegue entender, explicar e aceitar o conceito de juro negativo? Não?! Relaxa, Howard Marks também não. E Marks é um dos gestores de recursos mais renomados do mundo, lido por Warren Buffett e que antecipou as últimas grandes crises mundiais, deixando seus cotistas (ainda) mais ricos. Se ele não sabe, imagine o resto...

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O gestor da Oaktree Capital dedicou seu último “memo” a tratar do assunto. E ele já começa dizendo que esse é um “memo” diferente, pois foi feito atendendo a um pedido. Justamente falar sobre juros negativos, que já concentram US$ 17 trilhões ao redor do mundo, cifra que dobra se levarmos em conta a inflação (juro real).

Marks nos conta que sua primeira reação ao pedido foi simples e direta: “Não posso, não sei nada sobre taxas negativas”. Mas foi aí que ele se deu conta que, de fato, ninguém sabe! Ainda assim, ele decidiu dar sua contribuição sobre o tema.

Antes de irmos ao "memo" do Marks, queria lembrar o amigo leitor que embora nosso juro básico, a Selic, esteja positivo em 5,5%, e vai seguir positivo mesmo que o BC leve o juro para 4% ou menos, será necessário atentar cada vez mais para juro real, ou seja, o quanto você ganha depois de descontar a inflação.

Pensar em um percentual do CDI ou mesmo em resultado nominal nunca foi boa coisa, mas agora é essencial que o investidor busque saber o resultado de seus investimentos, notadamente os de renda fixa, descontados da inflação, dos impostos e demais custos.

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Um exemplo simples: alguma coisa que dê 100% do CDI poderá resultar em retorno real NEGATIVO considerando os impostos e taxas de administração. Em português claro, você perde dinheiro. Gosta de "investir" na poupança, que paga 70% da Selic? Ou naquele fundo de "sem risco" de curto prazo indicado pelo gerente? Faças as contas e comece a chorar. Esse texto aqui é antigo, mas creio que ajuda a entender bem os conceitos que estamos falando.

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Deixo umas dicas de leitura sobre investimentos com Selic nesses patamares. Há dicas para investidores conservadores e para os de perfil mais arrojado. Também deixo como sugestão o nosso e-book sobre investimentos em bolsa de valores. Além desse guia completo sobre investimentos em ações.

Misterioso, obscuro

De volta ao "memo", por um bom tempo, Marks usou o termo “misterioso” para tratar de inflação e deflação. A economia oferece explicações e prescrições, mas elas raramente se aplicam para a próxima vez que um dos fenômenos acontece.

“E isso nos traz para o tema do juro negativo, que não é menos misterioso. O fato de que sabemos o que é, não muda o fato de que não sabemos o porquê de as taxas negativas serem prevalentes hoje, quanto tempo elas vão durar, o que pode levá-las ao terreno positivo, quais as consequências e se elas chegarão, também, aos EUA”, escreve Marks.

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Pode deixar, eu pago para te emprestar

O conceito do juro negativo é bastante simples, basta inverter o que já sabemos sobre juro. Em suma, a taxa de juro é função de duas coisas: o valor do dinheiro no tempo e a expectativa de alterações no poder de compra ao longo do tempo (inflação e deflação). Também podemos somar um prêmio de risco.

Historicamente, os tomadores de crédito pagam uma taxa para aos poupadores. Mas no processo de recuperação da crise, os juros foram para o terreno negativo, fazendo que alguns credores pagassem aos devedores pelo privilégio de emprestar dinheiro. Veja o vídeo abaixo da Julia Wiltgen com mais explicações sobre esse intrigante fenômeno.

A pergunta natural é: O que levaria alguém a querer perder dinheiro de forma deliberada? Pois é isso que acontece ao se comprar um título europeu ou japonês, por exemplo. Você receberá menos do que investiu.

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Marks nos apresenta algumas possíveis respostas:

  • Medo do futuro. Recessão, crises financeiras, de crédito ou juros ainda menores que levam o investidor a um “voo para segurança”, no qual ele escolhe uma perda certa, mas limitada de capital;
  • A crença de que as taxas vão ficar ainda mais negativas, movimento que geraria um lucro para quem carrega esses papéis pela valorização no preço dos títulos;
  • Previsão de deflação, o que elevaria o poder de compra real do investimento;
  • Especulação de que a moeda na qual o título foi emitido vai se apreciar mais que a variação negativa da taxa (tratamos disso nesse artigo).

Razões para o juro negativo

Os juros negativos na Europa e Japão são sinal de deflação? Ou os emprestadores mudaram sua avaliação sobre o valor do dinheiro? Ou os juros são negativos simplesmente porque os Bancos Centrais querem assim?

Feitos os questionamentos, Marks apresenta um compilado de respostas, que nos mostra que não há consenso sobre o tema. Cada um pode escolher sua razão preferida.

  • A mais óbvia nos diz que os BCs querem juros negativos para estimular suas economias
  • Outra diz que os BCs do mundo querem se antecipar ao Federal Reserve (Fed), banco central americano, cortando os juros antes para manter suas moedas desvalorizadas
  • Os programas de afrouxamento quantitativo estão puxando os preços dos ativos para cima, derrubando as taxas
  • Os BCs inundaram o mundo com dinheiro que necessita ser investido de alguma forma. Com a demanda por capital de longo prazo está baixa, os tomadores não pagarão juros por esse dinheiro. Assim, quem quiser guardar dinheiro tem de pagar uma taxa
  • Investidores com medo não têm interesse em investir em seus países e empresas
  • Fraqueza econômica atual reforça o pessimismo dos investidores, que amplia a demanda por ativos seguros
  • Há tanto dinheiro no sistema que o excesso de oferta reduz o preço do dinheiro
  • Demografia desfavorável (mais idosos, com maior tendência de poupar)
  • A falta de inflação faz com que os investidores não precisem se proteger dela. As maravilhas da tecnologia vão continuar a deixar tudo mais barato ou mesmo de graça
  • O aumento dos negócios que lidam com coisas intangíveis reduziu a necessidade de capital
  • Algumas regulações obrigam as instituições financeiras a investirem no seu país independentemente da taxa oferecida. Isso cria uma demanda artificial com reflexo nas taxas.

Consequências

Depois de citar Albert Einstein e as maravilhas do juro composto, que agora trabalha ao contrário, Marks nos lembra que esse ambiente de juro negativo tem alguns efeitos colaterais, por assim dizer.

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Entre eles, levar investidores a procurar qualquer ativo, independentemente de sua qualidade, que pague mais que zero (má alocação de capital - lembrou das fintechs disruptivas sem lucro?). Além disso, há uma maior pressão sobre os aposentados, que vivem da renda de seus investimentos (tendem a poupar ainda mais).

Assim, diz Marks, os sinais pessimistas emitidos por uma taxa de juro negativa podem indicar que essas taxas têm um efeito contracionista e não expansionista sobre a atividade econômica.

Além disso, não há clareza se o juro negativo melhorou o crescimento na Europa ou Japão. Não se tem clareza se há estímulo de fato à demanda ou se seria só uma forma de levar consumidores pessimistas a gastar. Faltam estudos.

“No mundo financeiro, muitas de nossas ações são baseadas na premissa de que o futuro será muito parecido como passado. Juros positivos e o apelo da taxa composta estão entre as pedras fundamentais da história”, diz Marks.

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Assim, o mínimo que se pode afirmar é que juros negativos são um sinal de grande incerteza e que tudo que tomamos como certo de experiências passadas, fica menos certo.

O que fazer?

Marks traz algumas opções sobre o que fazer com o dinheiro em um ambiente de juro negativo.

A primeira dica é a mesma dada para clientes de bancos suíços, que estão guardando dinheiro vivo em cofres, pois o custo é menor que “pagar” a taxa negativa de juro do país.

Outra saída, muito mais complexa, é “se mover ao longo da curva de risco”. Buscar maiores retornos, mas com menor certeza de que eles acontecerão (falamos desse desafio acima).

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Segundo Marks, esse é um desafio grande e fica ainda maior em momentos como o atual, pois produtos com crescimento garantido, como alguns tipos de título, ações e propriedades, estão com preços "acima dos razoáveis". Ainda assim, essa é a preferência da Oaktree, comprar ativos que apresentem fluxos de caixa duradouros. “Embora simples no contexto, investir passa longe de ser fácil, especialmente hoje em dia.”

Juro negativo nos EUA?

Marks também dá seu palpite, deixando claro que é só isso, um palpite, ao falar que a taxa de juros não deve testar território negativo nos EUA no atual ciclo econômico.

Entre as razões estão o forte ritmo de crescimento atual, boas perspectivas de crescimento, expectativas de inflação apontando para cima (capturando um mercado de trabalho mais aperto), menor pessimismo e melhor uso do capital.

A questão em aberto para Marks, é por quanto tempo o Federal Reserve (Fed), banco central americano, consegue manter os juros positivos em um mundo de taxas negativas, que força o fluxo de capital para os EUA apreciando o dólar.

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