Em sua pesquisa com gestores voltados à América Latina, o Bank of America Merrill Lynch capta um sentimento positivo com relação ao Brasil e firme aposta no mercado de ações, com o Ibovespa acima dos 110 mil pontos até o fim do ano, dólar mais barato e juros (Selic) estáveis ou mais baixos.
Os riscos para esse cenário benigno estão na agenda de reformas, algo citado por 60% dos participantes, o dobro da pesquisa feita no mês passado. Assim, os riscos externos, como China e um dólar, mais forte estão menos relevantes.
Especificamente sobre Brasil, 31% dos gestores acreditam que a perspectiva para o país ficaria ainda melhor se ocorresse progresso em outras reformas, com autonomia forma do Banco Central e reforma tributária.
Previdência
Todos os gestores pesquisados acreditam na aprovação da reforma da Previdência, mas há variações com relação ao prazo de aprovação e economia esperada. Cada vez menos gestores acreditam em aprovação no primeiro semestre, com a pesquisa atual captando 80% de citações para o segundo semestre, era 61% no mês passado.
Também parece existir uma maior aceitação com uma diluição da economia prevista, mesmo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, praticamente implorando por seu R$ 1 trilhão de impacto em todas suas aparições púbicas.
Para mais de 90% da amostra, uma economia de R$ 700 bilhões seria considerada “positiva”, o que implicaria em uma diluição de cerca de 30%. Apenas 12% acham que uma economia de R$ 400 bilhões, como a proposta pelo governo Michel Temer, seria “positiva”.
Bovespa e dólar
Entre os pesquisados, 38% ainda planejam ampliar sua posição em ações e para 78% deles, essa classe de ativos terá desempenho melhor (outperform) nos próximos seis meses, contra 64% da sondagem anterior.
O Ibovespa, principal índice da B3, deve ir acima dos 110 mil pontos até o fim do ano e para 75% a taxa de câmbio deve estar abaixo de R$ 3,80. Em fevereiro, no entanto, era maior o número de gestores que acreditam em Ibovespa acima dos 120 mil pontos.
Para a taxa Selic, atualmente fixada em 6,5% ao ano, 81% dos gestores esperam juro entre 6% e 7,5% até o fim de 2019, e para 78% dos participantes o Brasil recupera o “grau de investimento” até o fim do governo Jair Bolsonaro (2022).
A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 14 de março, com 119 participantes nas pesquisas regionais, responsáveis por US$ 261 bilhões em ativos.