Depois da troca de caneladas entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia ficou acertado que Paulo Guedes iria para o corpo a corpo com parlamentares para defender o texto da reforma da Previdência.
Guedes receberá congressistas do PSL, partido do presidente, DEM, de Maia, PSD e PRB. Ilustrando como o jogo é duro, Guedes, que acorda cedo e é leitor de jornais, certamente viu no “Estado de S.Paulo”, que os partidos preparam emendas para mudar a proposta, e leu na “Folha de S.Paulo”, que os líderes já articulam desidratar a PEC já na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Em tese, a CCJ, onde Guedes vai amanhã depois de uma desistência por temer balaços da base e da oposição, verifica se a proposta do governo não fere dispositivos constitucionais, a chamada admissibilidade.
Discussões sobre o conteúdo em si, o chamado mérito, serão ou seriam feitas apenas na Comissão Especial. Por isso da ideia de que a proposta passaria sem dificuldades e de forma relativamente rápida pela CCJ.
Para que essa percepção se torne realidade, além de Guedes gastar sua boa retórica e deitar seu poder de convencimento, será necessário fazer um trabalho junto ao presidente da comissão, Felipe Francischini, e ao relator, delegado Marcelo Freitas, para que as manobras visando modificar o texto na largada sejam derrubas.
É jogar com o regimento embaixo do braço e impedir coisas como uma votação ponto a ponto dos mais de 80 itens que constam da PEC enviada pelo governo.
O ministro vinha pedindo pelo amor de Deus para darem a ele R$ 1 trilhão em economia e que cada “benesse” dada a um determinado grupo teria de ser compensada por outro.
Mas no Senado, na semana passada, já mudou um pouco o discurso, falando que se entregarem para ele algo entre R$ 600 bilhões a R$ 800 bilhões, teremos uma reforma, com R$ 1 trilhão ele faz um novo regime, garantindo potência fiscal para a capitalização.
Bolsonaro também entrará em campo, mas só na quinta-feira quando terá retornado de Israel e receberá parlamentares, coisa que ele já tem feito. Em entrevista à “TV Record”, o presidente falou em deixar pelo menos meio-dia da agenda livre para esses encontros e reforçou que a Previdência não é um projeto dele, mas sim do Brasil.