A bancada do PSL se prepara para blindar o ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão Especial que debate a reforma da Previdência. Os deputados do partido de Jair Bolsonaro planejam ocupar as primeiras fileiras no plenário e colocar seus nomes no topo das inscrições para o debate.
A estratégia é chegar bem cedo à Câmara mesmo que isso renda horas de espera aos parlamentares, já que a sessão está prevista para começar somente no início da tarde. O plano é tentar "monopolizar" o início do debate e evitar a impressão de que a reforma tem mais opositores do que apoiadores. Ao longo da sessão, a estratégia é alternar falas com as da oposição.
Os deputados do PSL acreditam que, desta vez, estarão mais bem preparados para a discussão, já que vêm tendo aulas com técnicos do governo sobre a reforma.
Sem tigrão e tchutchuca
A preocupação do grupo de parlamentares é não repetir os erros de articulação que levaram Guedes a sofrer com um bombardeio da oposição quando foi falar à Comissão de Constituição e Justiça.
A audiência no início de abril acabou em briga. As primeiras cinco horas foram completamente dominadas pela oposição. Ao final, o ministro caiu na provocação do deputado Zeca Dirceu (PT-PR) que o acusou de ser "tigrão" com os aposentados, idosos de baixa renda e agricultores, mas "tchutchuca" com privilegiados do Brasil.
Na época, a bancada do PSL e a articulação do governo foram criticadas por falta de traquejo para lidar com a oposição. Agora, na Comissão Especial, a responsabilidade dos parlamentares governistas é maior. É nessa etapa que a reforma da Previdência pode ser "desidratada", o que coloca em risco a meta do governo de economizar ao menos R$ 1 trilhão em dez anos.
Líder de Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que Paulo Guedes estará "blindadíssimo com uma turma ao redor dele". Presidente da CCJ e membro da Comissão Especial, Felipe Francischini (PSL-PR) afirmou que a bancada estará organizada: "Não permitiremos bravatas".
O coordenador da bancada na Comissão Especial, Alexandre Frota (PSL-RJ), chegou a pedir na sessão de ontem para que os deputados não xinguem o ministro. "Guedes é extremamente preparado", disse. "O que ele precisa é ter tranquilidade."
Sem desaforo
A equipe econômica também traçava estratégias às vésperas da audiência. Guedes se reuniu com seu time de comunicação ontem para falar sobre a comissão. Um assessor disse que a ideia é ele manter-se tranquilo diante de provocações, mas que não levará "desaforo para casa".
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, também vai à comissão hoje e recebeu treinamento da comunicação. Marinho tentou ontem, inclusive, encorpar a articulação para blindar a equipe econômica. No Congresso para falar sobre a medida provisória antifraudes, aproveitou para arregimentar tropas. Ao deputado João Roma (PRB-BA), por exemplo, disse que seria importante a presença dele na comissão, apesar de Roma nem estar no colegiado.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.