Ação da MRV cai com incerteza e possível conflito de interesses com “sonho americano”
Construtora vai investir até US$ 255 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão) por 51% da AHS Residential, empresa controlada pelos principais sócios da MRV e que constrói imóveis para alugar nos Estados Unidos
Líder no mercado de imóveis para o segmento de baixa renda no Brasil, a MRV Engenharia decidiu que é hora de ir além do Minha Casa Minha Vida e apostar no "My home my life". Mas o anúncio do investimento de até US$ 255 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão no câmbio de hoje) na AHS Residential, que constrói imóveis para alugar nos Estados Unidos, não pegou nada bem no mercado.
Além da natural desconfiança com o passo que vai mudar a cara da empresa, o "sonho americano" chamou a atenção por outro motivo: a AHS é controlada pela família Menin, que também é a principal acionista da MRV.
A combinação de incerteza com um potencial conflito de interesses no negócio derrubou as ações da MRV (MRVE3), que fecharam em queda de 6,44% ontem na B3.
Para apagar o incêndio, a empresa promoveu um evento em São Paulo hoje pela manhã para dar mais detalhes do negócio. Depois do encontro, os papéis esboçaram uma reação e fecharam em alta de 1,41%. Leia também nossa cobertura completa de mercados.
Será que a queda recente abre uma oportunidade de compra para as ações? Acompanhe o texto que eu conto logo mais a opinião dos analistas que cobrem a empresa.
Governança em xeque?
Os investidores têm certa razão ao ficar com o pé atrás. Não são poucos os casos no mercado brasileiro em que os minoritários foram passados para trás em negócios envolvendo os controladores.
Leia Também
A diferença é que os donos da MRV travaram uma parceria até aqui bem sucedida com o mercado de capitais. A construtora abriu o capital em 2007 e resistiu à crise econômica que varreu o setor imobiliário nos últimos anos. No ano passado, o grupo listou na bolsa a Log Commercial Properties, empresa de galpões que nasceu de uma "costela" da MRV.
A família Menin também é controladora do Banco Inter, que já conquistou mais de 3 milhões de clientes com sua conta digital sem tarifas. Desde que a instituição abriu o capital, em abril de 2018, as ações estão entre as que mais subiram de toda a bolsa.
Dado o histórico, eu acredito que é o caso de se dar um voto de confiança aos controladores da MRV, pelo menos do ponto de vista de governança. Mas isso não significa que a transação não tenha seus riscos.
Detalhes do negócio
Após o negócio, a MRV passará a deter uma participação de 51% na empresa americana. A família Menin, que hoje possui 94,5% do capital, será diluída para 46,3%.
O dinheiro que a MRV vai desembolsar não vai para o bolso da família, mas para o caixa da AHS Residential, que atua na construção e administração do aluguel de imóveis residenciais.
O público-alvo da companhia é o segmento chamado de "workforce", de pessoas com renda média anual entre US$ 37 mil (R$ 151 mil) e US$ 87 mil (R$ 355 mil) no estado norte-americano da Flórida.
A AHS receberá o capital em partes, sendo a primeira, de US$ 46 milhões, em outubro deste ano. A segunda rodada vai variar de US$ 175 milhões a US$ 204 milhões entre 2021 e 2022, dependendo do sucesso do plano de crescimento da empresa.
A transação já foi aprovada por um comitê independente formado por Sinai Waisberg, Betânia Tanure e Antônio Kandir e agora precisa ser aprovada pelos acionistas, em uma assembleia marcada para o dia 4 de outubro.
E as ações?
Pelos cálculos do Itaú BBA, feito com base nas estimativas feitas pela MRV, o retorno com o investimento na AHS pode ultrapassar a marca dos 20% nos próximos três anos.
Os analistas do banco têm recomendação equivalente à de compra (outperform) para as ações. Mesmo assim, consideram que se trata de um movimento questionável por parte da companhia.
"É uma transação grande para a MRV (de 11% a 13% de seu valor de mercado) e, portanto, pode afetar negativamente a política de dividendos da companhia nos próximos anos", escreveram os analistas, em relatório a clientes.
Para o Bradesco BBI, que tem recomendação neutra para as ações, a aquisição pode ser representar uma potencial distração para a construtora brasileira, que enfrenta uma batalha árdua para atingir o plano de crescimento de 60 mil unidades por ano.
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa
Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP
Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano
Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3
FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso
O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato
Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25
BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida
Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana
Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA
Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos
Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos
De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”
Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica
Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008
O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.
Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”
No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados
