Melhor bartender do Brasil não é contra drinks instagramáveis nem julga nova geração; conheça Ariel Todeschini
Ariel Todeschini se prepara agora para a etapa internacional do World Class, torneio mundial de bartenders organizado pela Diageo
Ariel Todeschini não era um estranho ao World Class quando participou da etapa nacional no Bar dos Arcos, em São Paulo. O mixologista curitibano já sabia bem como funcionava o torneio mundial de bartenders organizado pela Diageo, já que 2025 foi seu quarto ano de competição. O que ele fez de diferente desta vez, então, para conquistar o título de melhor bartender do Brasil? Em poucas palavras: se arriscou.
Foi essa coragem que pavimentou seu caminho para a etapa internacional do prêmio, que ocorre agora em setembro.
“Eu dei uma ousada e tirei os juízes da zona de conforto. Eu quis propor uma experiência um pouco diferente e acho que isso fez diferença na pontuação e no resultado final”, afirma em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro.
É provável que justamente essa proposta de experiência diferenciada tenha cravado a posição de Todeschini no topo do ranking dos bartenders brasileiros.
Isso porque, neste ano, o World Class deixou bem claro: o toque humano faz toda a diferença. Não à toa, o torneio adotou o lema #HandcraftedByHumans. “Mais do que premiar a execução técnica, a competição valoriza histórias, vínculos e experiências que transformam o ato de beber em um ritual narrativo”, diz o comunicado enviado à imprensa.
É esta experiência no consumo do drink que aumenta a percepção de valor dos consumidores, na visão de Todeschini.
Leia Também
Para ele, o ritual vai muito além do coquetel em si. O visual, a apresentação, a possível interação com a bebida e até mesmo os serviços de atendimento do bar são importantes para compor esse “ritual narrativo” tão valorizado pela competição.
“O ritual de consumo também é muito importante para recrutar novos consumidores para a coquetelaria”, diz o bartender.
Geração Z pode ameaçar o futuro da coquetelaria?
A preocupação em renovar a base de clientes tem um fundamento por trás. Diversos estudos apontam que as novas gerações estão bebendo cada vez menos.
Em 2023, o Relatório Covitel, que faz o monitoramento dos fatores de risco para doenças crônicas no Brasil, mostrou que apenas 8,1% dos jovens entre 18 a 24 anos bebiam três ou mais vezes por semana. Antes da pandemia, esse número era de 10,7%.
No mesmo ano, um estudo da empresa de pesquisas Gallup mostrou um declínio no consumo de álcool entre os jovens adultos dos Estados Unidos — aqueles com menos de 35 anos. Em 2003, 72% bebiam, contra 62% na pesquisa mais recente.
Na visão de Ariel Todeschini, essa realidade não é fatal para o universo da coquetelaria. No entanto, existe, sim, um desafio para os bartenders de se adaptarem às demandas e aos padrões de comportamento dos novos consumidores.
“A coquetelaria sempre se adaptou ao paladar da época”, diz.
O próximo drink do momento
No meio dessa necessidade de adaptação, o bartender premiado pelo World Class vê duas principais tendências para o mundo dos drinks.
Mas nenhuma delas têm a ver com novos ingredientes ou métodos de preparação.
Na verdade, Todeschini vê um aumento mundial no consumo diurno e nos drinks com menor teor alcóolico. Ambas tendências se alinham perfeitamente com o comportamento das novas gerações, que não querem sofrer com ressacas e preferem beber de forma mais casual.
Mesmo bebendo menos, o paladar dos consumidores parece confirmar a resiliência dos clássicos. Nos bares em que atende em Curitiba, os drinks mais populares são o Negroni e o Fitzgerald.
- Tradicionalmente, o Negroni é feito com gin, Campari, vermute tinto e laranja. Já o Fitzgerald é com gin, Angostura e limão-siciliano.
A disposição dos brasileiros para experimentar coquetéis diferentes varia de acordo com o contexto e com a proposta de cada estabelecimento. “Tem alguns bares em que o público está mais pela experiência, para buscar coisa nova. E tem alguns outros lugares que estão mais pela conveniência”, diz Todeschini.
Quanto à influência das redes sociais, o bartender curitibano não se incomoda com a pressão para fazer um drink “instagramável”.
Na opinião dele, cada grupo de consumidor demanda uma coisa diferente. Naturalmente, há bastante público buscando drinks pelo visual — e pelos likes que podem render.
“O trabalho do bartender é fazer com que os consumidores se interessem cada vez mais pelos coquetéis. O visual é muito importante para começar esse trabalho e os drinks instagramáveis existem para captar um público que às vezes não estava em busca do sabor, mas estão atrás daquilo que é bonito”.
O melhor bartender do mundo será brasileiro?
Na expectativa para a etapa internacional do World Class, Ariel Todeschini espera pela divulgação dos desafios, que a competição antecipa aos participantes.
Seja qual for a proposta dos jurados neste ano, o mixologista já tem em mente qual será sua estratégia. “Quero expressar como eu vejo a coquetelaria brasileira e como eu consigo inseri-la num contexto mundial. Quero mostrar um pouquinho do Brasil que eu conheço”, afirma.
Segundo o bartender, o dia a dia é a melhor preparação para a final. O segredo é, na verdade, a regra mais antiga do jogo. Trabalhar e praticar constantemente.
A sorte de Todeschini é que não faltarão oportunidades para inovar em novos drinks. O curitibano vai abrir o próprio estabelecimento na cidade natal em breve: um café-bar com inspiração italiana.
Da Geórgia à Romênia, sommeliers traçam um tour pelos vinhos do leste europeu
De Tokaj às encostas do Cáucaso, vinícolas da Geórgia, Hungria, Moldávia, Romênia e Eslovênia revelam tradições milenares, terroirs singulares e um novo fôlego para o vinho europeu
Matcha foi a febre do verão no Hemisfério Norte; mas será que a trend pega por aqui?
Especialistas discutem a popularização do ingrediente, como ela tem se refletido no Brasil e se a moda permanecerá a longo prazo
O retorno do fogo: do Chile à Capadócia, a cozinha em chama viva ganha o luxo e movimenta milhões
O fogo voltou a ser o ingrediente mais valioso da gastronomia global, e está transformando eventos, restaurantes e negócios ao redor do mundo
Gin sem álcool não pode ser chamado de gin, determina Tribunal da União Europeia
A medida aponta que apenas os destilados feitos com a substância etílica, aromatizadas com bagas de zimbro, e que contenham um teor mínimo alcoólico de 37,5%, possam ser denominados como gim
São Paulo emplaca seis restaurantes e lidera lista estendida do The Latin America’s 50 Best 2025
Salvador tem o melhor brasileiro rankeado; restaurantes do Rio de Janeiro e de Curitiba também aparecem na lista
No hype das experiências instagramáveis, restaurante em São Paulo propõe brincadeira saborosa – e cara – para adultos
Inspirado no internacional Le Petit Chef, o molecular O Alaric tem um chef holográfico que apresenta a sequência de oito pratos; experiência imersiva custa R$ 450 por pessoa e só funciona sob reserva
Rosewood São Paulo abre pop-up com doces da chef confeiteira Saiko Izawa
A inauguração marca a primeira vez que suas criações são vendidas diretamente ao público; o espaço conta com opções clássicas e receitas de sucesso da chef para viagem
O renascimento da Criolla: a redescoberta da uva autóctone da América do Sul
Deixadas de lado por décadas, castas que deram origem à viticultura no continente são resgatadas por produtores que buscam uma identidade genuinamente sul-americana
100 anos de Pinotage: a trajetória da uva ícone da África do Sul
Criada em 1925, a casta enfrentou décadas de má reputação, mas se reinventou com novos terroirs e vinificação. Especialistas analisam a evolução e indicam os melhores rótulos para celebrar o centenário
A Estrela Verde está apagando? Mudanças no Guia Michelin lançam dúvidas sobre selo sustentável
Selo concedido desde 2020 reconhece os restaurantes com práticas sustentáveis. No entanto, movimentos recentes apontam para seu desaparecimento nas plataformas do Guia Michelin, que se posiciona: ‘a Estrela Verde continua existindo’
Em São Paulo, chefs desafiam a tradição para criar o futuro da gastronomia italiana na capital
Em uma cidade marcada pela tradição das cantinas, uma nova geração de chefs revisita receitas clássicas e dialoga com ingredientes brasileiros para provar que é possível inovar sem abandonar as raízes
Champanhe, prosecco e cava: entenda as diferenças entre os espumantes mais famosos do mundo
Embora pareçam sinônimos para o consumidor desavisado, os vinhos espumantes carregam universos distintos dentro de cada garrafa; a seguir, contamos as diferenças dos métodos de produção, uvas e terroir que definem a identidade de cada rótulo
Corrientes 348 promove festival com cortes exclusivos do terroir argentino
Em edição limitada, a casa traz lote selecionado em parceria com a Cabaña Juramento, tradicional produtora de carnes premium da Argentina
The World’s 50 Best Bars 2025: Tan Tan, em São Paulo, é eleito o 24º melhor bar do mundo
Endereço brasileiro sobe 7 posições; confira a lista completa e o que nossas previsões acertaram
Márcio Silva, do Exímia, detalha o caminho (e faz suas apostas) para o The World’s 50 Best Bars 2025
Bartender por trás do endereço brasileiro eleito o 61º melhor bar mundo, fala de retorno à lista e faz seus lances sobre quem deve aparecer entre os 50 melhores na cerimônia desta quarta-feira (8)
The World’s 50 Best Bars 2025: as tendências, as apostas e o que esperar da cerimônia em Hong Kong?
Lista que elege os 50 melhores bares do mundo será divulgada na madrugada desta quarta-feira (8)
Rubaiyat renova menu de sobremesas com frutas brasileiras e clássicos com ‘plot twist’
Novo cardápio doce de restaurantes inclui criações de Nina Piccini como petit gâteau de pistache e tiramisu com laranja Bahia
De 1988 a 1997: Don Melchor inclui três safras históricas e raras em marketplace brasileiro; saiba quais
Os rótulos de 1988, 1989 e 1997 se destacam por expressar plenamente o terroir do vinhedo de Puente Alto e impulsionar o reconhecimento internacional dos vinhos chilenos
A vinícola da Mantiqueira que conquistou o mundo com seus ‘vinhos de altitude’
Rótulos brasileiros produzidos a até 1700 metros acima do nível do mar, adquirem características únicas por causa de condições climáticas desafiadoras, colocando o Brasil no radar das principais premiações internacionais
The Best Chef Awards 2025: do vai-não-vai colombiano ao reconhecimento do Brasil no palco milanês
Cerimônia que coroa o melhor chef do mundo ocorre na noite desta quinta-feira (2) em Milão – e tem presença brasileira por lá; saiba quem participa
