🔴 [NO AR] TOUROS E URSOS: COMO FLÁVIO BOLSONARO MEXE COM A BOLSA E AS ELEIÇÕES – ASSISTA AGORA

Pasquale Augusto

Pasquale Augusto

Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.

CHIANTI CLASSICO

Chianti em seis séculos: como um castelo histórico acompanhou a evolução de um dos vinhos mais emblemáticos da Toscana

A família Mazzei é uma das mais tradicionais no que diz respeito a produção do Chianti Classico; na vinícola Castello di Fonterutoli, acompanhamos as mudanças históricas na produção do vinho

Pasquale Augusto
Pasquale Augusto
13 de setembro de 2025
8:00 - atualizado às 18:02
Castello di Fonterutoli
Castello di Fonterutoli - Imagem: Reprodução/Instagram

Da Catedral de Siena, cerca de 30 minutos de carro na direção norte conduzem ao Castello di Fonterutoli. Ali, a propriedade ocupa, há quase 600 anos, papel importante no desenvolvimento do vinho que se tornou emblema de Toscana, o Chianti Classico.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Localizado em Castellina in Chianti, o castelo é, desde 1435, sede histórica da família Mazzei – uma estirpe ainda anterior, que tem seu nome associado à produção vitivinícola italiana desde o século 11.

Castello di Fonterutoli
Castello di Fonterutoli

Mesmo antes de se estabelecerem na região, os Mazzei já atuavam como comerciantes de vinhos em Florença, comprando e vendendo a produção local. Durante séculos, porém, a atividade foi encarada como um hobby pela família.

Sua profissionalização veio ocorrer nos últimos 70 anos, justamente quando o Chianti, por sua vez, passou por algumas das transformações mais importantes de sua história.

  • Hoje se fala principalmente em Chianti e Chianti Classico. Enquanto Chianti pode se referir a uma área mais ampla da Toscana, o Classico se refere à área histórica e mais restrita entre Florença e Siena.

Antes de mais nada, o Chianti

Um dos vinhos mais tradicionalmente associados à Toscana, o Chianti não é feito a partir de uma uva específica. Na verdade, historicamente, ele já teve diferentes denominações, chegando, inclusive, a ser um vinho majoritariamente branco. Em geral, porém, trata-se de uma bebida com base nas uvas Sangiovese com adição de outras variedades.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Uvas no Castelo Fonterutoli
Uvas no Castelo Fonterutoli

Essas mudanças e determinações têm a ver com o terroir toscano. Os vinhos da região têm como característica natural a acidez, devido ao solo calcário, que dá frescor à bebida. Contudo, quando combinada com taninos em excesso, pode resultar em uma agressividade no paladar. 

Leia Também

Entre idas e vinda, o Chianti acabou ganhando parâmetros de vinificação mais rígidos, definidos pelos selos DOC - Denominazione di origine controllata ou DOCG - Denominazione d'Origine Controllata e Garantita. Na origem, estaria uma receita supostamente postulada por um barão do século 19, que determinava que o vinho levaria uma base Sangiovese, mesclada a outras variedades necessariamente locais, como Canaiolo e Malvasia.

Até 1994, portanto, era proibido adicionar vinhos franceses como Merlot ou Cabernet ao Sangiovese nos Chianti Classico. Mesmo pequenas porcentagens desclassificavam o vinho perante às regulações.

Os Super Toscanos

Com o tempo, porém, alguns produtores, propensos a experimentações para melhorar o sabor dos vinhos, passaram a tentar outras fórmulas. Estas tentativas acabariam reunidas em outra categoria, os Super Toscanos, vinhos de alta qualidade feitos fora das regras tradicionais, como é o caso do Le Pergole Torte, feito 100% de Sangiovese.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Somente em 1994 as regras mudaram, permitindo flexibilidade entre 80% e 100% de Sangiovese, com até 20% de outras uvas, como Merlot, Cabernet, Malvasia Nera e Colorino — mas sem a inclusão de uvas brancas.

As regras reformuladas em 1994 permitiram novas combinações, incluindo variedades internacionais, mas sempre respeitando a predominância do Sangiovese. Foi destacado que em Chianti Classico a exigência mínima é de 80% de Sangiovese, enquanto em Chianti a porcentagem pode ser menor, variando entre 70% e 75%.

“Em termos do Chianti Classico, as únicas regras que temos que respeitar se referem a idade. Um ano para o Chianti Classico, dois anos para Reserva e três anos para Gran Seleccione, a parte mais alta do Chianti Classico e que se assemelha ao Cru da França. Não há obrigações para o tipo de madeira dos barris, mas preferimos barris médios ou grandes para o Sangiovese, por valorizarem o caráter singular do Chianti Classico”, diz Jury Maccianti, embaixador da marca Castello di Fonterutoli.

Essa busca pela qualidade dos vinhos locais nos últimos 20 anos coincidiu com novos hábitos da sociedade italiana, que passou a beber em menor quantidade, em busca de melhores rótulos. Uma transição que impulsionou a revalorização do Chianti Clássico como região de prestígio e qualidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Castello di Fonterutoli
Castello di Fonterutoli

Os vinhos da família Mazzei 

Hoje, o objetivo dos produtores é preservar a acidez, mas evitar o excesso de taninos, buscando vinhos mais suaves e equilibrados. E aí entram os Mazzei com uma produção diversificada, que reflete a história repleta de sobressaltos do próprio vinho Chianti.

Com mais de 700 mil garrafas produzidas por ano, os Mazzei atuam tanto na produção do que se tem de mais sólido em matéria de Chianti atualmente, como também propõem inovações de tiragem limitada.

O carro-chefe e cartão de visita da vinícola atualmente é o Chianti Classico Regolare. Como um bom Chianti clássico, ele leva principalmente uvas Sangiovese proveniente de diferentes vinhedos, o que assegura uniformidade de sabor. Essa é a variedade mais produzida pela vinícola, sendo exportada para diferentes países, com o Canadá como seu principal mercado. 

Chianti Classico Regolare
Chianti Classico Regolare

Seu perfil é de coloração suave, aromas simples de cereja e frutas vermelhas frescas, com acidez equilibrada. É considerado versátil, podendo ser consumido jovem ou após dois a três anos de guarda, chegando a ter potencial de envelhecimento de até dez anos. Ele pode ser encontrado por 21 euros em Florença, com preços mais altos em restaurantes, que variam entre 40 e 50 euros. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Onde a Toscana encontra o Merlot

Na sequência, está o Chianti Classico Riserva Ser Lapo, em homenagem a Lapo Mazzei, um ancestral da família Mazzei. Lapo foi um dos primeiros a comercializar o vinho Chianti e a fazer referência à denominação Chianti, em 1398.

Chianti Classico Riserva Ser Lapo
Chianti Classico Riserva Ser Lapo

O vinho, que deve ter ao menos dois anos de idade antes da venda, é uma mistura de vários vinhedos. É semelhante ao Regolare, mas com uma diferença: ali se adicionam 10% de Merlot, o que o torna distinto.

Graças ao uso do Merlot, o vinho se torna mais frutado, menos ácido e mais elegante que o Regolare. Indicado para acompanhar pratos mais encorpados, como carnes de caça, é bastante popular em várias partes do mundo, especialmente na América do Norte, o apreciam inclusive sem comida.

O preço do Riserva é próximo ao do Regolare, ficando entre 19 e 21 euros, e ambos saem em grandes quantidades — cerca de 300 mil e 200 mil garrafas, respectivamente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo Jury Maccianti, quando a safra não tem qualidade suficiente para vinhos mais sofisticados, a produção se concentra nesses dois, que são verdadeiros flagships da vinícola.

“Para avaliar a qualidade de um produtor de vinho, é importante começar pelos vinhos de entrada, pois um bom produtor deve ser capaz de expressar excelência desde os rótulos mais simples.” 

Para servir estes vinhos, a temperatura correta é entre 18°C e 20°C, enquanto para refrigeradores a faixa ideal é de 16°C e 17°C, especialmente em dias quentes.

Chianti selecionado

Acima destes, está o Vicoregio 36, classificado como Gran Selezione. Ele é feito 100% de Sangiovese, envelhecido por três anos em barricas novas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Situado a 300 metros de altitude, esse vinhedo confere ao vinho maior intensidade de sabor, suavidade e teor alcoólico mais elevado. Ele é proveniente de vinhedos a 10 quilômetros ao sul, em área com microclima e insolação distintos.

Trata-se de uma seleção de 36 clones de Sangiovese com fermentação em barro e, desde 2017, se classifica como Gran Selezione. Sua produção é bastante limitada, com apenas 7 mil garrafas, e não ocorre todos os anos. O preço gira em torno de 57 euros.

Outro Gran Selezione é o Castelo Fonterutoli, produzido desde 1995, feito também com 100% de uvas Sangiovese. Ele tem menor intensidade de cor e sabor, mas maior frescor e acidez, representando a identidade da região de origem.

Castelo Fonterutoli
Castelo Fonterutoli

O destaque aqui foi a safra 2008. Lançado a 35 euros, ele gira hoje em torno de 70 a 80 euros a garrafa. Atualmente na vinícola há apenas três litros do vinho disponíveis. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

*O jornalista esteve na vinícola da família Mazzei durante suas férias 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O NOVO BRINDE

Melhor bartender do Brasil, Ariel Todeschini abre novo endereço de café e coquetelaria em Curitiba

29 de novembro de 2025 - 8:30

Na carona do sucesso do World Class, Todeschini inaugura o Testarossa, casa de inspiração ítalo-brasileira com coquetéis e cafés em destaque, na capital paranaense

DELÍCIAS NATALINAS

Então é (quase) Natal: 20 panetones que vão surpreender em 2025; veja quanto custam e o que trazem de diferente 

27 de novembro de 2025 - 8:16

Doces têm combinações de ingredientes inusitadas, bem como sabores não esperados para o clássico natalino

SUAVE E INTENSO

O melhor uísque do mundo pode custar até R$ 13 mil; saiba qual é e por que ele ganhou o título mundial 

25 de novembro de 2025 - 17:22

Destaque de garrafa 18 anos consagrada na International Spirits Challenge 2025 está na suavidade e intensidade do sabor

SABOR E AS CONSOANTES

Da Geórgia à Romênia, sommeliers traçam um tour pelos vinhos do leste europeu

25 de novembro de 2025 - 8:16

De Tokaj às encostas do Cáucaso, vinícolas da Geórgia, Hungria, Moldávia, Romênia e Eslovênia revelam tradições milenares, terroirs singulares e um novo fôlego para o vinho europeu

ESTRELA DAS CAFETERIAS

Matcha foi a febre do verão no Hemisfério Norte; mas será que a trend pega por aqui?

22 de novembro de 2025 - 8:46

Especialistas discutem a popularização do ingrediente, como ela tem se refletido no Brasil e se a moda permanecerá a longo prazo

TEMPERATURA MÁXIMA

O retorno do fogo: do Chile à Capadócia, a cozinha em chama viva ganha o luxo e movimenta milhões

21 de novembro de 2025 - 8:16

O fogo voltou a ser o ingrediente mais valioso da gastronomia global,  e está transformando eventos, restaurantes e negócios ao redor do mundo

TÍTULO EXCLUSIVO

Gin sem álcool não pode ser chamado de gin, determina Tribunal da União Europeia

19 de novembro de 2025 - 8:46

A medida aponta que apenas os destilados feitos com a substância etílica, aromatizadas com bagas de zimbro, e que contenham um teor mínimo alcoólico de 37,5%, possam ser denominados como gim

50 BEST RESTAURANTS

São Paulo emplaca seis restaurantes e lidera lista estendida do The Latin America’s 50 Best 2025

18 de novembro de 2025 - 17:45

Salvador tem o melhor brasileiro rankeado; restaurantes do Rio de Janeiro e de Curitiba também aparecem na lista

O SABOR E O BUZZ

No hype das experiências instagramáveis, restaurante em São Paulo propõe brincadeira saborosa – e cara – para adultos

17 de novembro de 2025 - 11:15

Inspirado no internacional Le Petit Chef, o molecular O Alaric tem um chef holográfico que apresenta a sequência de oito pratos; experiência imersiva custa R$ 450 por pessoa e só funciona sob reserva

PAUSA PARA O DOCE

Rosewood São Paulo abre pop-up com doces da chef confeiteira Saiko Izawa

13 de novembro de 2025 - 15:10

A inauguração marca a primeira vez que suas criações são vendidas diretamente ao público; o espaço conta com opções clássicas e receitas de sucesso da chef para viagem

GENUÍNA E HYPE

O renascimento da Criolla: a redescoberta da uva autóctone da América do Sul

12 de novembro de 2025 - 8:16

Deixadas de lado por décadas, castas que deram origem à viticultura no continente são resgatadas por produtores que buscam uma identidade genuinamente sul-americana

BRINDE CENTENÁRIO

100 anos de Pinotage: a trajetória da uva ícone da África do Sul

7 de novembro de 2025 - 8:16

Criada em 1925, a casta enfrentou décadas de má reputação, mas se reinventou com novos terroirs e vinificação. Especialistas analisam a evolução e indicam os melhores rótulos para celebrar o centenário

PERDEU O BRILHO?

A Estrela Verde está apagando? Mudanças no Guia Michelin lançam dúvidas sobre selo sustentável

25 de outubro de 2025 - 12:00

Selo concedido desde 2020 reconhece os restaurantes com práticas sustentáveis. No entanto, movimentos recentes apontam para seu desaparecimento nas plataformas do Guia Michelin, que se posiciona: ‘a Estrela Verde continua existindo’

INNOVAZIONE

Em São Paulo, chefs desafiam a tradição para criar o futuro da gastronomia italiana na capital

25 de outubro de 2025 - 8:00

Em uma cidade marcada pela tradição das cantinas, uma nova geração de chefs revisita receitas clássicas e dialoga com ingredientes brasileiros para provar que é possível inovar sem abandonar as raízes

BORBULHAS EM DETALHES

Champanhe, prosecco e cava: entenda as diferenças entre os espumantes mais famosos do mundo

15 de outubro de 2025 - 8:16

Embora pareçam sinônimos para o consumidor desavisado, os vinhos espumantes carregam universos distintos dentro de cada garrafa; a seguir, contamos as diferenças dos métodos de produção, uvas e terroir que definem a identidade de cada rótulo

SUCULÊNCIA DA ARGENTINA

Corrientes 348 promove festival com cortes exclusivos do terroir argentino

8 de outubro de 2025 - 18:45

Em edição limitada, a casa traz lote selecionado em parceria com a Cabaña Juramento, tradicional produtora de carnes premium da Argentina

LISTA COMPLETA

The World’s 50 Best Bars 2025: Tan Tan, em São Paulo, é eleito o 24º melhor bar do mundo

8 de outubro de 2025 - 12:16

Endereço brasileiro sobe 7 posições; confira a lista completa e o que nossas previsões acertaram

ENTREVISTA

Márcio Silva, do Exímia, detalha o caminho (e faz suas apostas) para o The World’s 50 Best Bars 2025

7 de outubro de 2025 - 17:40

Bartender por trás do endereço brasileiro eleito o 61º melhor bar mundo, fala de retorno à lista e faz seus lances sobre quem deve aparecer entre os 50 melhores na cerimônia desta quarta-feira (8)

A TAÇA DE OURO

The World’s 50 Best Bars 2025: as tendências, as apostas e o que esperar da cerimônia em Hong Kong?

7 de outubro de 2025 - 13:00

Lista que elege os 50 melhores bares do mundo será divulgada na madrugada desta quarta-feira (8)

DOCE VIRADA

Rubaiyat renova menu de sobremesas com frutas brasileiras e clássicos com ‘plot twist’

6 de outubro de 2025 - 13:15

Novo cardápio doce de restaurantes inclui criações de Nina Piccini como petit gâteau de pistache e tiramisu com laranja Bahia

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar