Drinks picantes, coquetéis com “experiência” e Geração Z: relatório aponta tendências na coquetelaria em 2025
Bebidas com benefícios para a saúde e que trazem experiências se destacam em meio a um cenário de queda no consumo de álcool
Foi em 2022 que os primeiros sinais de uma menor preferência por álcool chegaram ao grande público. À época, o relatório Predicts, da plataforma Pinterest, revelou que a procura por coquetéis sem álcool (mocktails) ou com baixo teor alcoólico crescera 220% para 2023, enquanto a busca por "bar de mocktails" subira para 75%.
Três anos depois e a tendência virou parcialmente realidade. Hoje, a queda de consumo é tratada como desafio em indústrias como a de vinho ou de destilados. Ainda assim, mesmo em meio a um cenário pouco estimulante, o mercado percebeu a procura por coquetéis de sabor marcante e por aqueles que cumprem função de bem-estar.
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Benefícios à saúde, nostalgia e experiências foram as três tendências detectadas pela plataforma de insights alimentares Tastewise. Divulgado recentemente, seu analisou bilhões de pontos de dados de conversas sociais, receitas, cardápios e serviços de alimentação que apontam quais são as bebidas em alta e por quê.
De quebra, o report ainda olhou com cuidado especial para a Geração Z, para entender o que está por trás da mudança de comportamento, que, ao menos na teoria, tem afastado os jovens dos balcões nos últimos anos.
A força do sensorial
No quesito de experiências, as bebidas ousadas, divertidas e inusitadas se destacaram. O interesse dos consumidores por bebidas alcoólicas apimentadas aumentou 6% em relação ao ano passado. Bebidas como o "Spicy Sauvy B" (vinho branco misturado com jalapeños), e o "Spicy Margs" (uma versão do clássico mexicano de tequila e limão), geraram entusiasmo.
A ideia está ligada a uma economia da experiência, onde provar algo novo vem aliado a um comportamento diferente. Um fator que aparece também no aumento da busca pelo matcha como ingrediente, com um crescimento de 43% no interesse em relação ao ano anterior.
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| Mas, afinal, essa trend do vinho branco com jalapeño faz sentido? Curiosamente, faz sim. Ao menos é o que afirma Marina Bufarah de Bodegas, do Grupo Wine. De acordo com ela, essa combinação tem, sim, alguma lógica sensorial por trás, a partir da exploração de contrastes e complementos entre os elementos. "A capsaicina, composto responsável pela ardência da pimenta, não é solúvel em água, mas é solúvel em álcool e gordura. Isso significa que o álcool do vinho pode potencializar a percepção do picante — o que, para alguns, é divertido e estimula os sentidos, enquanto para outros pode ser desconfortável se o vinho for muito alcoólico", conta a especialista. A dica dela, para quem quiser se aventurar nessa trend, é explorar sobretudo os vinhos brancos aromáticos, frescos e com boa acidez, como Sauvignon Blanc, Albariño, Verdejo ou até um Vinho Verde. "Eles têm notas herbáceas, cítricas e frescas que podem se complementar muito bem com o jalapeño." (por Eduardo do Valle) |

Aliados da saúde
Essa preocupação cada vez maior com o wellness reflete ainda na alta busca por bebidas funcionais, que promovem melhoria do sistema imunológico e intestinal.
O relatório da Tastewise aponta que as opções com cogumelos tiveram um crescimento de 11% no interesse do consumidor em relação ao ano anterior. O destaque foi para a popularização de reishi e juba de leão, variedades de fungos que apresentaram um aumento de 14% nas menções nos cardápios.
Já para bebidas com prebióticos, foi registrado um crescimento de 29% no interesse. Opções com benefícios hormonais tiveram aumento de 19% nas conversas.
Nostalgia e paradoxos
O relatório Ipsos Global Trends (2024/2025) destaca a tendência "Retreat to Old Systems", que destaca o apelo contemporâneo à nostalgia — ou seja, uma busca por retornar a tempos “melhores” e mais simples.
Nas bebidas, isso pode estar refletido no crescente interesse por refrigerantes e sabores retrô, apontado pela Tastewise.
Por outro lado, a busca pela novidade também aparece como um desejo. Exemplo disso são as trends como a limonada em conserva, ou pickles de limonada, que viralizou recentemente e disparou em impressionantes 239% nas discussões entre os consumidores. Um efeito morango do amor direto no copo dos entrevistados.
Geração Z e as experiências
Há quem diga que a geração Z é difícil de definir. Embora associada à sobriedade, esse recorte tem aumentando o consumo de bebidas alcoólicas em linha com outras gerações. Ao menos de acordo com um estudo realizado pela IWSR, provedora de dados e insights sobre bebidas, com 26 mil entrevistados em 15 mercados ao redor do mundo.
Por aqui, o que se relatou foi que os jovens estavam mais propensos a responder sim à pergunta: "Estou ativamente escolhendo beber mais". E qual o mistério, então? As preferências da Gen Z.
Caroline Benetti, chefe de comunicação de exportação do Conseil Interprofessionnel des Vins de Provence (CIVP), que disse ao portal The Drinks Business: “A Geração Z é complicada – não sabemos o que eles querem, nem como consomem bebidas. Talvez eles nem saibam o que querem”.
A Tastewise, por sua vez, tem suas hipóteses. Para o estudo, não é apenas a bebida em si que importa para a geração mais jovem, mas sim a experiência (novamente ela) de bebê-la.
Segundo o relatório, 54% dos entrevistados deste recorte têm maior probabilidade de visitar um local que ofereça uma "experiência", seja música ao vivo ou exibição de um evento esportivo.

Sem álcool veio para ficar?
Apesar das tendências dissonantes, a escolha por drinks com pouco ou nenhum teor alcoólico parece ter vindo para ficar. Ao menos é o que indica um estudo recente do MenuTrends, da Datassential, especializado no setor, que indicou as tendências atuais da coquetelaria global. A primeira delas, sem surpresas, é que a inclusão de drinks sem álcool em menus de bares ao redor do mundo decolou para 223%.
Já uma pesquisa recente da Gallup feita em junho nos Estados Unidos revela que o consumo de álcool relatado pelos consumidores caiu para 54%. O movimento ocorre após um aumento progressivo da crença de que beber, mesmo que moderadamente, faz mal à saúde.
Bebidas como o vinho, também demonstram uma queda no consumo: No Brasil, que é o segundo maior consumidor da América do Sul em termos absolutos, o consumo registrado em 2024 foi 11,4% menor do que a média dos últimos cinco anos, como demostram dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
Ainda assim, existem segmentos otimistas, como o mercado de vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais. Hoje em plena ascensão, o nicho foi avaliado em US$ 12,47 bilhões em 2022 e projeta um salto para US$ 24,55 bilhões até 2028 – talvez apontando uma resposta para as sucessivas quedas de uma indústria poderosa. Talvez a maior lição não esteja em quem anda bebendo mais, mas sim em quem anda bebendo melhor.
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