Abrasca defende revisão das regras do Novo Mercado e rebate críticas sobre retrocesso na governança
Executivos da associação explicam rejeição às propostas da B3 e apontam custos, conjuntura econômica e modelo de decisão como fatores centrais

A rejeição massiva das propostas de atualização do regulamento do Novo Mercado da B3 — segmento dedicado a empresas que adotam as melhores práticas de governança corporativa — foi resultado de um processo longo, participativo e estratégico, afirmaram dirigentes da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas) em entrevista ao Seu Dinheiro. A entidade representa 82 companhias que fazem parte desse segmento na bolsa.
Nesta semana, as empresas do Novo Mercado votaram pela manutenção integral do regulamento vigente, rejeitando todas as propostas de atualização da bolsa. Segundo dados da B3, a maioria absoluta das 152 companhias participantes do segmento não apoiou as mudanças sugeridas, e nenhuma das 25 propostas obteve aprovação. Veja detalhes aqui.
Segundo os dirigentes da Abrasca, mais do que contestar itens específicos, as companhias questionaram o modelo atual de governança para mudanças no segmento e o impacto econômico de algumas propostas em meio a um cenário de juros elevados e necessidade de controle de custos.
- VEJA TAMBÉM: Quais são as melhores ações, fundos imobiliários, títulos de renda fixa, ativos internacionais e criptomoedas para o 2º semestre de 2025? Gigantes do mercado financeiro revelam suas apostas
“Em toda a história do Novo Mercado, nenhuma revisão teve uma participação proporcional ou em números absolutos tão grandes”, destacou Pablo Cesário, presidente-executivo da Abrasca.
Mais de 150 empresas participaram das discussões e votações, em um movimento articulado entre conselhos de administração e diretorias financeiras.
Para a associação, o ponto central da rejeição foi o entendimento de que várias propostas criariam custos operacionais e burocráticos adicionais sem gerar valor compatível para as empresas ou para o mercado.
Leia Também
Além disso, o ambiente econômico desafiador, com juros reais próximos de dois dígitos, reforçou a necessidade de cautela para não sobrecarregar as companhias.
“As companhias estão sofrendo muito com uma taxa de juros de 15% ao ano. Estão reduzindo despesas e protegendo caixa. Não é o momento adequado para criar novas exigências e custos adicionais”, argumentou Cesário.
O debate sobre o modelo decisório
Entre os pontos mais sensíveis, a Abrasca destacou a obrigatoriedade de coinatura — assinatura conjunta de um documento oficial — das demonstrações financeiras (DFs) por CEO e CFO.
A proposta de coinatura da B3 exigiria que os dois principais executivos da companhia assinassem conjuntamente as demonstrações financeiras auditadas, dividindo formalmente a responsabilidade pelos números.
Segundo a Abrasca, isso obrigaria as empresas a criar novos processos internos de revisão e asseguração, elevando custos e formalidades sem necessidade.
“As responsabilidades já estão bem definidas entre CEO, CFO e o conselho fiscal, e a proposta geraria mais despesa sem agregar valor efetivo”, afirma Cesário.
Contudo, para além dos itens rejeitados pelas companhias abertas, a insatisfação maior, segundo a Abrasca, foi com o modelo decisório do segmento, ou seja, a forma como as regras do Novo Mercado são alteradas.
Hoje, basta que um terço das empresas rejeite uma proposta para que ela não seja implementada — modelo que a entidade considera ultrapassado.
“A discussão deixou de ser sobre as propostas e passou a ser sobre como as regras do Novo Mercado devem evoluir. A mensagem foi clara de que não dá para continuar do jeito que está”, afirmou Cesário.
Leandro Almeida, coordenador-executivo da Comissão de Mercado de Capitais da Abrasca, reforçou que a decisão foi tomada de forma democrática e coletiva.
“Realizamos reuniões com C-levels e diretores de relações com investidores, e foi ali que ficou decidido pela rejeição das propostas. Esse movimento reflete, de fato, a posição construída pelas próprias companhias”, destacou.
Felipe Cabral, diretor de Relações Institucionais da Abrasca, fez questão de destacar a extensão e a profundidade do processo de discussão entre a entidade e suas associadas das propostas de mudança do Novo Mercado sugeridas pela B3, que começou em 2024.
“Foram reuniões de até seis horas, com mais de 170 participantes. Um processo exaustivo, mas extremamente participativo”.
Próximos passos e compromisso com a governança
A B3 já anunciou que pretende, nos próximos seis meses, abrir um debate sobre o modelo de aprovação de alterações no Novo Mercado.
Para a Abrasca, essa será a oportunidade de discutir novas regras em bases mais consensuais, respeitando a autonomia das empresas e o equilíbrio econômico do mercado.
“Ainda não temos prioridades definidas, isso começa a ser construído na próxima semana”, antecipou Cesário.
O executivo também respondeu às críticas de que a decisão de rejeitar as mudanças nas regras do Novo Mercado significaria um retrocesso.
“Governança continua sendo um elemento central para todas as companhias. O compromisso com o tema está mantido, e o debate vai continuar”.
Cesário reforçou que a governança corporativa permanece como prioridade para as empresas listadas, mas defende que as evoluções sejam feitas com responsabilidade e dentro de um modelo de decisão mais inclusivo e legítimo.
“Essa votação foi apenas uma fotografia de um filme longo. O debate sobre governança continua, e a construção de soluções será feita em novas bases, ouvindo todos os lados”, concluiu.
Com aval do Ibama, Prio (PRIO3) dá passo importante no projeto Wahoo; BofA vê gatilho para investidores
A próxima etapa para a petroleira é a emissão de licença de instalação no poço localizado na Bacia de Campos, Espírito Santo
BR Partners (BRBI11) cruza fronteiras e leva suas ações para o mercado americano via ADRs
Estreia nos EUA será por meio de ADRs Nível II, lastreado em units
Por que um gigante de Wall Street vê oportunidade de ganho nas ações da Vale (VALE3)
O Bank of America se encontrou com executivos da mineradora e os analistas veem motivos para confiar no crescimento da empresa no médio e longo prazo
Por que as ações da Cosan (CSAN3) e Vibra (VBBR3) estão em queda nesta sexta (18)? Rumor de venda de subsidiária pode ser o motivo
Segundo o Brazil Journal, as empresas iniciaram conversas para negociar a venda de uma subsidiária que atua no setor de lubrificantes automotivos e industriais
Totvs (TOTS3) diz que ainda negocia com a Stone (STNE) a compra da Linx, mas nega busca por financiamento
Empresa rebate reportagem sobre suposta movimentação com bancos e diz que ainda não assinou contrato definitivo
Santander rebaixa recomendação para ações da B3 (B3SA3) e indica que tem opções melhores para se investir; veja quais
Relatório aponta volumes de negociação fracos, apesar do bom desempenho, e sinaliza empresas que oferecem múltiplos mais promissores no cenário atual
Petrobras (PETR4) avalia voltar ao mercado de venda de combustíveis para conter preços ao consumidor, mas há pedras no caminho
A proposta buscaria resolver a insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao preço dos combustíveis
Claude, inteligência artificial da Anthropic, ganha versão para o mercado financeiro
Ferramenta foi criada para aproximar IAs generativas do trabalho de analistas e gestores
Nem K-Pop, nem Golden: dólar fraco ajuda, Netflix supera previsão de resultado no 2T25 e projeta receita maior para o ano
O crescimento saudável do número de assinantes e das vendas de anúncios também apoiaram o desempenho da gigante do streaming entre abril e junho; confira os números
Lucro bilionário e liderança isolada: JP Morgan vale mais do que os três maiores concorrentes juntos
O banco norte-americano seguiu em expansão no segundo trimestre e encerrou o período com US$ 1,5 trilhão em ativos — US$ 1 trilhão à frente do segundo colocado
Engie Brasil Energia (EGIE3) levanta R$ 2,2 bilhões em estreia nas debêntures verdes
Recursos serão destinados a parques renováveis, transmissão e modernização hidrelétrica
Totvs (TOTS3) já sobe 60% no ano; entenda os motivos por trás da alta e se ainda há espaço para mais, segundo o Itaú BBA
As ações da Totvs são vistas como escolha de qualidade e defensiva para investidores de longo prazo; entenda
Até o Banco do Brasil (BBAS3) pode pagar a conta das tarifas de Trump: Moody’s revela o impacto da guerra comercial para os bancos brasileiros
Para a Moody’s, o setor financeiro já vivia um cenário complexo, dadas as taxas de juros elevadas e as tendências de inadimplência — e as tarifas dos EUA devem ajudar a complicar a situação
Weg (WEGE3) avança na bolsa: tarifas não assustam mercado, enquanto analistas enxergam papéis “baratos” antes do 2T25
Com queda acumulada no ano e expectativa de alta na demanda, mercado volta a apostar em recuperação das ações ainda em 2025
Gafisa (GFSA3) aumenta oferta de follow-on em R$ 27 milhões e amplia “presente” aos acionistas que participarem; entenda
As modificações atingem a “vantagem adicional gratuita”, que é disponibilizada aos investidores que decidirem participar
Gol (GOLL54) emite mais de 9 trilhões de ações e conclui capitalização bilionária; confira os detalhes da reestruturação
A operação teve como objetivo converter em ações os créditos devidos pela Gol, conforme o plano de recuperação judicial aprovado na Justiça dos EUA
Cade dá sinal verde para Nelson Tanure comprar controle da Braskem (BRKM5) mesmo sem OPA. O que falta para a aquisição sair do papel?
O Cade aprovou, sem restrições, a potencial transação proposta pelo empresário. No entanto, há outras etapas a serem concluídas antes que uma eventual troca de controle se concretize
Um cliente, US$ 52 bilhões a menos: a saída inesperada que derrubou as ações da BlackRock; entenda o que aconteceu
No pregão da última terça-feira (15), as ações da gestora listadas na bolsa de Nova York chegaram a desabar 7% após a divulgação dos resultados
Para o BTG, venda da Santa Elisa mostra pressa da Raízen (RAIZ4) em ganhar eficiência
Analistas enxergam movimento simbólico na reestruturação da companhia e destacam impacto operacional além do financeiro
Usiminas (USIM5): Os seis motivos que explicam por que o Goldman Sachs rebaixou as ações — um deles tem a ver com a CSN (CSNA3)
As ações encerraram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de o banco rebaixar as ações citando a China e a CSN entre as razões