🔴 NO AR: ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – CONFIRA MAIS DE 30 RECOMENDAÇÕES – VEJA AQUI

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de bancos e empresas no Seu Dinheiro. Bacharel em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

BRIGA ACALORADA

A guerra entre Nubank e Febraban esquenta. Com juros e impostos no centro da briga, quais os argumentos de cada um?

Juros, inadimplência, tributação e independência regulatória dividem fintechs e grandes instituições financeiras. Veja o que dizem

Camille Lima
Camille Lima
5 de dezembro de 2025
13:50 - atualizado às 13:55
Fachada do prédio do Nubank
Imagem: Divulgação

Os investidores estão acostumados a acompanhar tensões entre bancos tradicionais fintechs. Mas poucas vezes esses embates ganharam um tom tão explícito quanto a troca de farpas pública entre a Febraban, federação que representa os grandes bancos, e David Vélez, fundador do Nubank

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O duelo começou após publicações de Vélez nas redes sociais no fim de novembro. Segundo ele, a fintech do cartão roxinho teria sido responsável por ampliar a inclusão, reduzir tarifas, estimular concorrência e contribuir mais para o público do que qualquer grande banco no Brasil. 

Não demorou para que a Febraban reagisse. A associação acusou Vélez de omitir informações essenciais, sustentar “narrativas incompletas” e pintar um retrato que, segundo ela, não bate com os números da instituição.  

A avaliação é que a realidade do Nubank seria menos romântica do que o discurso sugere, com “realidades que precisam ser enfrentadas”, segundo a entidade – com juros mais altos, inadimplência elevada e forte foco em operações de curto prazo, mais caras ao consumidor. 

Ao Seu Dinheiro, o Nubank afirmou que “não responderá a ataques”. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas o que de fato está em discussão e qual o pano de fundo dessa disputa acalorada? 

Leia Também

A chegada do Nubank e outras fintechs ao setor financeiro  

A ascensão do Nubank e de outras fintechs redefiniu a lógica bancária no Brasil nos últimos anos.  

O banco digital roxinho chegou ao mercado com uma proposta simples: cartão de crédito sem anuidade, aplicativo intuitivo, atendimento rápido e zero fila – uma ruptura importante em um universo dominado por tarifas, burocracia e atendimento presencial. 

O público abraçou a ideia. Hoje, o Nubank ultrapassa a marca de 120 milhões de clientes globalmente, de acordo com dados do terceiro trimestre de 2025.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A escala tornou a fintech uma das maiores instituições financeiras do país, hoje com cerca de 110 milhões de clientes (equivalente a mais de 60% da população adulta do país), desafiando a hegemonia dos bancões e pressionando o setor a acelerar a digitalização. 

Esse avanço forçou os bancos incumbentes a reverem modelos, investir em tecnologia e rever a estrutura de custos.  

Mas também abriu tensão regulatória e tributária: os grandes bancos afirmam que fintechs operam com menos custos físicos, carga tributária mais leve e exigências regulatórias proporcionais – o que permitiria margens mais altas e modelos de crédito mais agressivos.  

As fintechs questionam, afirmando que os bancões se beneficiaram por décadas de concentração, tarifas elevadas, pouca competição e margens extraordinárias com estruturas caras.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A fagulha para a discussão: o que disse o fundador do Nubank 

Na publicação que desencadeou a polêmica, Vélez apresentou, há cerca de uma semana, um conjunto de números que, segundo ele, evidenciam o impacto competitivo do Nubank sobre o setor financeiro nos últimos oito anos.  

O executivo destaca que: 

  • 28 milhões de brasileiros abriram sua primeira conta corrente com o Nubank; 
  • 29 milhões tiveram seu primeiro cartão de crédito; 
  • A concentração bancária caiu de 81% para 71%. 
  • A maior competição teria reduzido 2,9 pontos percentuais nos juros médios. 

Além disso, o ganho para os consumidores com tarifas não cobradas teria chegado a R$ 111 bilhões, de acordo com o executivo. 

“Em 2025, o Nubank tem sido o MAIOR pagador de imposto de renda entre as instituições financeiras brasileiras, considerando valores brutos e relativos (taxa efetiva)”, escreveu Vélez. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na visão do fundador do Nubank, os grandes bancos estariam incomodados com o reposicionamento estrutural do setor, em que o digital, a escala e a eficiência passam a ser mais relevantes do que agências, tarifas ou estruturas convencionais. 

“Estamos apenas começando”, escreveu. “Desde o nascimento no Brasil, vamos levar o roxinho para o mundo inteiro.” 

O que diz a Febraban 

A Febraban, no entanto, diz que a leitura apresentada pelo Nubank era “totalmente enviesada” e ignorava pontos centrais do modelo de negócio da fintech.  

A entidade afirma que o portfólio do Nubank está concentrado em operações mais caras e de curtíssimo prazo, com impacto direto sobre o endividamento e a inadimplência de parte da clientela. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Realmente, são números impactantes, mas inclusão financeira vai para muitíssimo além da só abertura de conta e da oferta de um produto”, escreveu a Febraban. 

Segundo a federação, 97,7% da carteira de pessoa física do Nubank é composta por linhas de crédito consideradas mais caras, como cartão de crédito (64,8%) e crédito pessoal não consignado (32,8%). Não há participação em financiamentos imobiliários, de veículos ou agronegócio – que tradicionalmente minimizam a média de juros cobradas dos grandes bancos. 

A Febraban também alega que as taxas médias de crédito pessoal no Nubank chegam a 110,9% ao ano, contra 50,5% no conjunto de quatro grandes bancos. Já a inadimplência do Nubank seria de três a sete vezes maior que a dos bancões. 

Segundo dados do Banco Central, porém, as taxas do Nubank no rotativo do cartão de crédito (362,68% ao ano) são inferiores à da maioria dos quatro grandes bancos brasileiros, com exceção do Banco do Brasil (325,84% a.a). Vale lembrar que, dada a nova regra, os juros e encargos acumulados do rotativo no ano não podem passar de 100% do valor original da dívida.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Já ao considerar o crédito pessoal não consignado, as taxas do Nu, de 112,24% ao ano, são maiores que os quatro maiores bancos -- Santander tem juros de 38,67% ao ano, Banco do Brasil, 61,85%, Itaú tem 63,90% e Bradesco cobra 85,95% ao ano. 

A federação sugere que o Nubank adota um modelo “rentista”: margens altas, inadimplência elevada, crédito arriscado e estrutura mais leve do que a dos bancos tradicionais.  

Esse cenário seria facilitado por assimetrias regulatórias e tributárias — um tipo de “meia-entrada”, nas palavras da Febraban, que permitiria maior retorno sem os mesmos custos estruturais suportados pelos grandes bancos. 

Impostos no centro da discussão  

É por isso que outro ponto de atrito são justamente os impostos. A Febraban diz que, embora o Nubank declare ser o maior pagador de imposto de renda do setor, a proporção entre lucro e impostos devidos seria a menor entre as instituições analisadas.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A entidade também questiona o fato de a companhia ter sede fiscal nas Ilhas Cayman e ter listado ações no exterior. 

Vale destacar que o Nubank não opera como banco no Brasil, mas solicitou nesta semana uma licença bancária ao Banco Central, a fim de não mudar de nome depois de uma nova regra do BC.  

Ao Seu Dinheiro, porém, a fintech destacou que o movimento não significa que o Nu irá se transformar em banco. “É apenas ter a licença, não quer dizer que seremos um banco. Porque isso implica uma série de outras coisas, a própria missão da empresa, a cultura, etc. Será apenas uma licença a mais, para poder se adequar à nova normativa do BC”, disse a assessoria do banco digital.  

Para se tornar de fato um banco, acrescentou a assessoria, seria necessário um pedido ao BC ou a aquisição de uma outra instituição financeira que já tenha essa licença no país, o que ainda não está decidido pelo Nubank. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com base em tudo isso, a Febraban elencou dúvidas que pensava “ser do interesse do Vélez esclarecer algumas questões sem respostas”. Veja a seguir: 

  • Por que abrir capital fora do Brasil? 
  • Por que a sede fiscal no exterior, e não no Brasil? 
  • Qual a justificativa para escolher as Ilhas Cayman como sede fiscal? 
  • Por que solicitar licença bancária primeiro nos EUA, e não no Brasil? 
  • Por que não comparar a base tributável de impostos como o IR/CSLL e a rentabilidade em sua publicação? 

“Seria uma empresa estrangeira, com sede fiscal nas Ilhas Cayman, foco em extrair lucro no Brasil para investir no exterior, cobrando juros altos, tolerando elevada inadimplência e pagando poucos impostos?”, questiona a Febraban. 

“A reflexão que deixamos aqui é se os seguintes dados retratariam um ‘campeão de inclusão financeira’. Ou se revelariam que a fintech, que tem nome expresso de bank e porte de grande banco, na realidade, tem sido campeã de um modelo de assimetrias regulatórias, beneficiada por uma política da meia entrada”, acrescentou. 

O contra-ataque do Nubank 

Procurado pelo Seu Dinheiro, o Nubank enviou nota formal nesta sexta-feira (5): 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“O Nubank já apresentou sua posição e dados, baseados em sua trajetória de sucesso e na satisfação de mais de 110 milhões de clientes [no Brasil]. Não vamos ficar respondendo aos ataques. Queremos agora focar nossa energia no que mais gostamos: continuar oferecendo os melhores produtos e serviços financeiros no mercado”, escreveu o banco digital. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ÁGUA NO CHOPE

Produção de cerveja no Brasil cai, principalmente para Ambev (ABEV3) e Heineken (HEIA34); preço das bebidas subiu demais, diz BTG

4 de dezembro de 2025 - 13:24

A Ambev aumentou os preços de suas marcas no segundo trimestre do ano, seguida pela Heineken, em julho — justamente quando as vendas começaram a encolher

VAI RECORRER

Vale (VALE3) desafia a ordem de pagar R$ 730 milhões à União; mercado gosta e ações sobem mais de 1%

4 de dezembro de 2025 - 12:40

Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a mineradora alega que a referida decisão foi proferida em primeira instância, “portanto, seu teor será objeto de recursos cabíveis”

SEGURADORAS

De seguro pet a novas regiões: as apostas da Bradesco Seguros para destravar o próximo ciclo de crescimento num mercado que engatinha

4 de dezembro de 2025 - 11:32

Executivos da seguradora revelaram as metas para 2026 e descartam possibilidade de IPO

FATURA PAGA OU NÃO PAGA?

Itaú com problema? Usuários relatam falhas no app e faturas pagas aparecendo como atrasadas

4 de dezembro de 2025 - 11:16

Usuários dizem que o app do Itaú está mostrando faturas pagas como atrasadas; banco admite instabilidade e tenta normalizar o sistema

DÍVIDAS

Limpando o nome: Bombril (BOBR4) tem plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça de SP

4 de dezembro de 2025 - 9:47

Além da famosa lã de aço, ela também é dona das marcas Mon Bijou, Limpol, Sapólio, Pinho Bril, Kalipto e outras

NÃO É SÓ PELO MINÉRIO

Vale (VALE3) fecha acima de R$ 70 pela primeira vez em mais de 2 anos e ganha R$ 10 bilhões a mais em valor de mercado

3 de dezembro de 2025 - 19:42

Os papéis VALE3 subiram 3,23% nesta quarta-feira (3), cotados a R$ 70,69. No ano, os ativos acumulam ganho de 38,64% — saiba o que fazer com eles agora

APOSTANDO EM TUDO

O que faz a empresa que tornou brasileira em bilionária mais jovem do mundo

3 de dezembro de 2025 - 15:40

A ascensão de Luana Lopes Lara revela como a Kalshi criou um novo modelo de mercado e impulsionou a brasileira ao posto de bilionária mais jovem do mundo

EM FAVOR DA OPA

Área técnica da CVM acusa Ambipar (AMBP3) de violar regras de recompra e pede revisão de voto polêmico de diretor

3 de dezembro de 2025 - 14:45

O termo de acusação foi assinado pelos técnicos cerca de uma semana depois da polêmica decisão do atual presidente interino da autarquia que dispensou o controlador de fazer uma OPA pela totalidade da companhia

FINTECH GIGANTE

Nubank (ROXO34) agora busca licença bancária para não mudar de nome, depois de regra do Banco Central

3 de dezembro de 2025 - 12:34

Fintech busca licença bancária para manter o nome após norma que restringe uso do termo “banco” por instituições sem autorização

ESTREANTES NO MERCADO

Vapza, Wittel: as companhias que podem abrir capital na BEE4, a bolsa das PMEs, em 2026

3 de dezembro de 2025 - 11:23

A BEE4, que se denomina “a bolsa das PMEs”, tem um pipeline de, pelo menos, 10 empresas que irão abrir capital em 2026

EFEITOS DA CRISE

Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial

3 de dezembro de 2025 - 10:54

A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras

FORTUNA BILIONÁRIA

A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava

3 de dezembro de 2025 - 10:21

Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas

NADA DOCE, SÓ AZEDO

UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?

2 de dezembro de 2025 - 18:08

O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura

CAPEX E PRODUÇÃO

Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora 

2 de dezembro de 2025 - 17:01

A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.

HO HO HO

Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel

2 de dezembro de 2025 - 12:19

Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste

PARA FORTALECER A EMPRESA

Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões

2 de dezembro de 2025 - 10:25

A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio

AIRBUS EM TURBULÊNCIA

Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320

2 de dezembro de 2025 - 9:58

Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história

NA TEMPESTADE

Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”

2 de dezembro de 2025 - 9:48

Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026

LAÇOS (IN)VISÍVEIS?

As ligações (e os ruídos) entre o Banco Master e as empresas brasileiras: o que é fato, o que é boato e quem realmente corre risco

2 de dezembro de 2025 - 6:13

A liquidação do Banco Master levantou dúvidas sobre possíveis impactos no mercado corporativo. Veja o que é confirmado, o que é especulação e qual o risco real para cada companhia

ATENÇÃO, ACIONISTA!

Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições

1 de dezembro de 2025 - 20:02

A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar