Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital

O rali da bolsa brasileira ganhou força nas últimas semanas e colocou o Ibovespa acima dos 147 mil pontos pela primeira vez na história. O avanço é impulsionado pela queda dos juros no mundo — e a sinalização de corte no Brasil —, e pelo apetite dos investidores estrangeiros, que voltaram a olhar para os emergentes em busca de oportunidades.
Mesmo com a Selic ainda em dois dígitos, o mercado local começou a refletir expectativas mais otimistas para 2026. Mas há dúvidas sobre a sustentabilidade desse movimento e sobre o quanto ele depende do cenário externo. Nesses primeiros dias de outubro, por exemplo, o Ibovespa devolveu seus ganhos e voltou para 141 mil pontos.
Para Ricardo Campos, gestor e fundador da Reach Capital, o desempenho recente da bolsa é resultado de uma combinação rara de fatores, mas que tem limite. Em participação no Touros e Ursos desta semana, ele afirmou que, nos próximos meses, a tendência é de baixa diante da precificação dos riscos políticos.
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“Até o fim do ano ainda vai ficar essa indefinição [de candidato] da ‘direita’ e pode ser que a Bolsa piore. Os mercados tendem mais a piorar do que melhorar para incorporar tudo isso [indefinição da oposição] nos preços”, disse.
Bolsa e o cenário global
Campos acredita que o cenário internacional vive um momento de reacomodação. Nos Estados Unidos, a economia continua sólida, mas dá sinais de desaceleração.
A Europa segue em um caminho ainda mais difícil. Segundo o gestor, a Alemanha está gastando em armas, e a França está com uma crise que fez suas taxas ficarem piores do que as da Itália e da Grécia, ambos países historicamente endividados.
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Já a China tem “o maior problema de todos”, que é o decréscimo mais acelerado do mundo em termos populacionais.
“A China daqui a cem anos vai ter metade da população. Hoje tem 1,3 bilhão de pessoas, e vai ter 600 milhões. Vai ser do tamanho da Europa”, disse. Um cenário que agrava a situação de desaceleração da economia local.
Na visão do gestor, essa combinação de fatores abre espaço para países emergentes com fundamentos sólidos. Isso porque, diante dessa situação, a maior parte dos bancos centrais mundo afora está cortando juros.
“Pelo que eu consegui levantar, 34 bancos centrais do mundo estão baixando juros ao mesmo tempo. E, quando acontece isso, os mercados reagem muito bem. E aí, no bolo geral, o Brasil levaria um pedaço disso.”
Desafios a se vencer
Mesmo diante da possibilidade de entrada do fluxo estrangeiro, Campos vê dificuldades de sustentação da alta da Bolsa brasileira. O motivo: a volatilidade com as eleições de 2026.
O gestor acredita que o mercado não começou a precificar as incertezas eleitorais. De um cenário possivelmente encaminhado, em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), despontava como oposição ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a situação ficou menos previsível após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Lula está jogando sem adversário, enquanto a direita fica se engalfinhando. O Lula está ali, sozinho, e conseguiu uma vitória acachapante com a aprovação da isenção do imposto de renda para salários até R$ 5 mil”, disse o gestor.
Para ele, o mercado “não se atentou” a essa mudança política e isso ainda deve ser precificado.
Além disso, existe a questão do custo de oportunidade de investir em ações e não em renda fixa, com os juros em 15% ao ano. "Todo mês que você está na Bolsa e não está no CDI você está deixando de ganhar 1% certo. Tem um custo isso aí".
Touros e Ursos da semana
No quadro Touros e Ursos, que dá nome ao podcast — em que os “touros” são os destaques positivos e os “ursos” são os negativos —, a Oi (OIBR3) foi destaque entre os ursos, após a Justiça do Rio de Janeiro afastar a diretoria e o conselho de administração. A empresa corre o risco de liquidação após duas tentativas de recuperação judicial.
Além disso, Sébastien Lecornu também entrou como urso, após renunciar ao cargo de primeiro-ministro da França em menos de um mês. A situação aumenta a crise política e a pressão sobre o presidente Emmanuel Macron, e os impactos são sentidos nos títulos do governo francês.
Por outro lado, entre os touros, Campos destacou as criptomoedas. O avanço da regulamentação das stablecoins nos EUA é visto com um passo importante para a consolidação dos ativos e o aumento de posições como diversificação.
Até mesmo a Taylor Swift ganhou seu touro com o novo disco, The Life of a Show Girl, batendo recordes de streaming e vendas dias após o lançamento.
Confira todos os touros e todos os ursos no episódio completo:
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