Tony Volpon: In Nvidia We Trust? Por que alguns especialistas estão pessimistas sobre o crescimento exponencial da IA
Dada a crescente concentração na Nvidia, algumas vozes estão avisando que o “ciclo IA” tem peculiaridades que podem torná-lo mais arriscado que as últimas transformações tecnológicas

No mês passado, continuamos a sugerir um “engajamento construtivo” com a bolsa americana, enquanto notamos que estamos vivendo um momento “samba de uma nota só” com a crescente concentração do mercado na Nvidia.
E o mês de junho acabou vendo uma oscilação positiva do S&P 500 em 3,5%, fechando o semestre em 14,5%. Mais uma vez, a Nvidia foi o centro das atenções.
Depois da divulgação do seu último resultado trimestral, mais uma vez superando as já altas expectativas do mercado e o anúncio do desdobramento da ação, a Nvidia chegou a subir 43% para um novo pico (virando a empresa mais valiosa do mundo).
A big tech respondeu por 43% do resultado positivo do índice Nasdaq para o período. Logo depois, a Nvidia cai 13%, mas recupera e acaba fechando o mês em alta de 12,7%.
Dada a crescente – e, como notamos no mês passado, perigosa – concentração na Nvidia e no tema da inteligência artificial (IA), acho que vale a pena resumir o recente debate sobre o tema. Isso porque algumas vozes estão avisando que o “ciclo IA” tem peculiaridades que podem torná-lo mais arriscado que os últimos ciclos de transformações tecnológicas.
- LEIA TAMBÉM: Casa de análise libera carteira gratuita de ações americanas para você buscar lucros dolarizados em 2024. Clique aqui e acesse.
Os argumentos sobre o crescimento exponencial da tecnologia
Uma das vozes mais céticas é o economista do MIT, Daron Acemoglu (bem conhecido pelo seu livro “Why nations fail?”).
Leia Também
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
Ele argumenta que o IA deve ajudar a aumentar a eficiência de um conjunto relativo restrito de atividades, tendo dificuldades com “interação com o mundo real”.
O autor também cita alguns estudos recentes sobre os prováveis efeitos do IA sobre o crescimento da economia americana e chega à bastante modesta expectativa de um aumento de somente 0,9% do PIB nos próximos dez anos.
Ele também não acredita que vamos ver um tipo de “scaling law”, ou crescimento exponencial da tecnologia. Os LLMs atuais performam muito bem na sua atividade principal, mas aumentar o tamanho dos modelos ou colocar mais dados para seu treinamento não deve expandir o escopo das suas atividades.
Outra voz cética é o chefe de pesquisas globais de ações da Goldman Sachs, Jim Covello.
Em recente relatório (que também tem a entrevista com Acemoglu), ele diz que o custo extremamente alto de desenvolver e aplicar modelos de IA implica que a tecnologia precisa resolver "problemas complexos" para justificar seus custos.
Covello estima que devemos ver US$1 trilhão de investimentos na tecnologia, e pergunta quais tipos de problemas têm que ser resolvidos para gerar um retorno positivo.
O chefe de pesquisas diz que muitos comparam as novas tecnologias IA com o início da internet.
No entanto, essa comparação não procede: as tecnologias da internet dos anos 90 eram bem baratas, e assim poderiam concorrer com os então incumbentes (ele menciona a Amazon vendendo livros mais baratos que a Barnes & Noble).
Também nos anos 90, a concorrência na indústria de chips levou a uma contínua queda de custos. Hoje, com a posição monopolista da Nvidia, e o fato de que não há concorrentes viáveis no horizonte, implica uma dinâmica concorrencial bem menos aguda, com “superlucros” para Nvidia (e a ASML) e preços altos todos.
Fora a questão de custos, ele (como Acemoglu) não vê as LLMs atingindo um escopo maior de aplicações para justificar os custos elevados. Jim Covello afirma que 18 meses depois da apresentação do “generative AI”, não há um claro “use case” ou “killer app” para a nova tecnologia.
- Leia também: Tony Volpon: Samba de uma nota só
Estouro da bolha AI?
Isso não quer dizer que ele acha que o tema deve ser "vendido": o risco que a tecnologia pode apresentar uma aceleração de performance, e a forte posição das “hyperscalers” como GOOG, AMZN e MSFT para continuar a investir, implicam que o estouro da bolha IA (e ele acha que estamos vivendo uma bolha) não está imediatamente no horizonte.
Mas ele alerta: se os compradores dessas tecnologias não começarem a demonstrar retornos sobre seus investimentos nos próximos 12 a 18 meses, o entusiasmo atual será cada vez mais difícil de sustentar.
Há bons argumentos contra o pessimismo de Acemoglu e Covello, mas achei mais relevante resumir essas visões pessimistas já que o otimismo é o que está precificado pelos mercados.
Como Covello, não vejo essas questões como impeditivas para a continuidade do bom momento das bolsas americanas, mas algumas consequências devem ser notadas.
Os ganhos devem continuar a ficar concentrados no grupo atual de “winners”: empresas como Nvidia e ASML com suas posições monopolísticas.
Essas “hyperscalers” têm, ao mesmo tempo, os recursos para investir e a capacidade e disciplina gerencial de entregar resultados (ou cair fora rápido se de fato não o houver – pense na Meta mais ou menos abandonando o metaverso) –, e as empresas fornecedoras da principal matéria prima desses modelos: energia elétrica.
O resto da bolsa ficará estruturalmente mais barata e exposta a fatores cíclicos (especialmente a política monetária).
Há muito debate sobre em quais cenários esses fatores e setores “esquecidos” devem performar relativamente melhor, e é verdade que nesses últimos anos fatores como “value” têm tido seus breves momentos de melhor performance.
Mas, honestamente não vejo possibilidade de uma mudança estrutural no ranking de performance até que o mercado comece a seriamente questionar a temática IA (isso dito, o eventual início do ciclo de queda de juros deve levar a uma performance melhor de “value” e “small caps”).
Entro no novo semestre com uma postura mais cuidadosa. Acho que o risco político da eleição está pouco ou precificado (já tratamos o porquê uma vitória do Trump representa um choque inflacionário, restringindo o tamanho do ciclo de queda de juros).
Depois do desastroso debate da semana passada para Biden, nossa já longa convicção que Trump é o favorito para ganhar a eleição foi obviamente reforçada, o que pode antecipar a precificação deste cenário, algo que normalmente aconteceria muito mais próximo à eleição.
*Tony Volpon é economista e ex-diretor do Banco Central.
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad