Os 100 dias de Lula 3 em 5 músicas — com direito a bonus track
Período foi marcado por hits e fracassos econômicos e políticos de Lula. Confira as canções que marcaram os 100 dias, segundo a nossa equipe

Os primeiros 100 dias de um governo podem dar o tom, mas dificilmente ditam o ritmo do que será toda a gestão. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva pontuou isso durante o feriado.
“É um período curto se comparado aos 1.460 dias de trabalho para os quais fui eleito pela maioria do povo brasileiro”, escreveu Lula em artigo publicado no jornal Correio Braziliense.
Comparando com um lançamento musical, os primeiros 100 dias soam mais como um EP — aquele disco com menor duração. Nesse caso, o álbum completo só virá a público daqui a alguns anos.
Por isso, separamos as cinco faixas (mais um bonus track) dos momentos mais importantes dos 100 dias do governo Lula. Confira o EP do Lula 3 que montamos para você no Spotify:
1 - "Brasil, mostra a tua cara"
“Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer”
A música de Cazuza abre o EP dos 100 dias de governo Lula: em 8 de janeiro o petista teve que lidar com a invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
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A exemplo da invasão do Capitólio — o prédio que abriga o Congresso norte-americano — as sedes dos Três Poderes foram invadidas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e o que se viu foi destruição.
Além da estrutura dos edifícios, os bolsonaristas destruíram obras de arte, machucaram cavalos da polícia montada e promoveram uma barbárie em Brasília.
No dia seguinte, em resposta, Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto ao lado de governadores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares, atravessou a Praça dos Três Poderes e caminhou até a Corte.
O ato simbólico mandou um recado aos invasores que destruíram o Planalto, o Congresso e a sede do STF: a democracia será defendida.
O que se viu depois foi uma espécie de caças às bruxas na qual centenas de envolvidos dos ataques de Brasília foram presos e a tentativa de responsabilização de Bolsonaro — que estava nos EUA — na justiça. Até agora, no entanto, a mentoria da invasão não foi oficialmente atribuída a ninguém.
- Quer acompanhar todas as decisões e acontecimentos dos primeiros 100 dias do governo Lula e comparar com o início da gestão de Jair Bolsonaro? Acompanhe AQUI a cobertura do Seu Dinheiro.
2 - "Você tem fome de quê?"
“Bebida é água
Comida é pasto
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?”
Comida, o clássico dos Titãs, embala um dos pontos mais emblemáticos do governo Lula até aqui: a volta do Bolsa Família — uma das promessas de campanha do petista.
No décimo quinto dia de governo, o ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, anunciou em vídeo publicado pelo PT nas redes sociais que iniciaria uma busca ativa das famílias com direito a receber o benefício — e foi assim que Lula deu o primeiro passo para o retorno do programa.
O programa foi relançado oficialmente no dia 2 de março — antes, no dia 14 de fevereiro, Lula também retomou um outro programa que marcou a gestão petista: o Minha Casa, Minha Vida. Confira mais detalhes desse relançamento.
3 - "Nos deram espelhos e vimos um mundo doente"
“Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha”
Foi um mundo doente como cantou Legião Urbana em Índios o que Lula viu quando, nos dias 21 e 22 de janeiro, desembarcou nas terras Yanomami — e ele tinha sido avisado de que a situação ali era crítica.
Diante da informação de que 570 crianças Yanomamis menores de 5 anos perderam a vida para doenças para as quais há tratamento, Lula denunciou o caso como um genocídio premeditado e prometeu acabar com o garimpo ilegal em terras indígenas.
Depois disso, Lula assinou um decreto para dar poder às Forças Armadas e aos ministérios da Defesa, Saúde, do Desenvolvimento Social, da Família e dos Povos Indígenas para barrar a atuação de garimpeiros ilegais no norte do país.
O decreto também limitou o acesso de pessoas ao território indígena com o objetivo de prevenir e reduzir o risco de transmissão de doenças.
- Leia também: Mais pra cá do que pra lá: os erros e acertos de Lula na economia nos primeiros 100 dias de governo
4 - Lula voltou. E o Brasil?
“Eu voltei agora pra ficar
Porque aqui, aqui é meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei
Eu voltei”
É Roberto Carlos, mas poderia ser Lula sobre a volta do Brasil ao cenário internacional depois de quatro anos de isolamento no governo Bolsonaro.
O primeiro passo que o petista deu nessa direção aconteceu nas primeiras semanas de governo, quando ele viajou para a Argentina na tentativa de reforçar laços com o país vizinho.
Logo depois veio a emblemática viagem a Washington, onde Lula se reuniu com o presidente dos EUA, Joe Biden, para defender os princípios da democracia aqui e lá.
O presidente até tentou dar outro passo em seguida, dessa vez em direção à China, mas uma pneumonia acompanhada da influenza A impediram sua visita a Xangai e a Pequim — que agora vai acontecer. Lula deve embarcar para a Ásia amanhã (11).
A promessa de campanha de Lula era fazer o Brasil ser protagonista no cenário internacional — como ele mesmo gosta de dizer: “fazer o Brasil ser respeitado de novo”.
Além das viagens dele e visitas de autoridades lá de fora, Lula deu até seus pitacos na guerra entre Rússia e Ucrânia, colocando o Brasil à disposição para ajudar no processo de paz e chamando a China a ajudar a acabar com o conflito.
E foi também na política externa que Lula teve que dar um passo atrás. O petista, que era alvo constante de Bolsonaro durante a campanha eleitoral por ter declarado apoio ao governo do nicaraguense Daniel Ortega, teve que rever sua posição.
No dia 7 de março, o governo brasileiro apresentou à Organização das Nações Unidas (ONU) preocupações com o governo ditatorial da Nicarágua.
Ao repudiar a decisão de autoridades do país da América Central de retirada de nacionalidade de opositores ao regime de Ortega, o governo Lula colocou-se à disposição para acolher as pessoas afetadas pela medida.
5 - Arcabouço fiscal: tijolo e tropeços
“Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego”
Com tijolos e tropeços. Foi assim que o governo Lula construiu o tão esperado arcabouço fiscal — que, para muitos, está mais para as paredes flácidas cantaroladas por Chico Buarque, em Construção.
A nova regra fiscal chegou em um modo “é o que tem pra hoje”, mas, ainda assim, o entendimento inicial foi de que era melhor ter onde pisar do que continuar flutuando “como se fosse sábado” como diria Chico.
Ainda assim, o mercado olhou para o arcabouço de Lula com reservas, já que os parâmetros e pressupostos foram considerados um tanto otimistas por analistas econômicos. Confira os detalhes da proposta apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na cerimônia desta segunda-feira (10), que marcou os 100 dias de governo, Lula falou sobre a nova regra fiscal.
“Apresentamos o novo arcabouço fiscal, que traz soluções realistas e seguras para o equilíbrio das contas públicas. Que dá um fim às amarras irracionais — e sistematicamente descumpridas — do falido teto de gastos. Que garante a volta do pobre ao orçamento. E que possibilita a aplicação de recursos no desenvolvimento econômico do país”, afirmou.
Depois de levantar as paredes do arcabouço, o presidente confirmou que se prepara para outras empreitadas: a flexibilização da Lei das Estatais e a reforma tributária. Contamos sobre os planos de presidente sobre os dois temas aqui.

Faixa bônus: eu vacilei
“Eu vacilei
Em não querer mudar
Você bem que avisou
(…)
Eu tenho mil defeitos
Mas vou te dizer
Que esse é o meu jeito”
De todas as faixas do EP dos 100 dias do Lula, a bônus track é a que conta com menos reproduções no Spotify — afinal, não é todo mundo que é fã de Sorriso Maroto. Mas, certamente, o conteúdo dela marcou esse período da gestão petista.
Muitos especialistas estão colocando na conta do vacilo as promessas que Lula não cumpriu nos 100 dias: a ausência de um texto final para o arcabouço fiscal, as medidas necessárias para aumentar a arrecadação e sustentar a nova âncora, o encaminhamento de uma nova reforma tributária, o aumento da isenção do Imposto de Renda e a correção na tabela.
Mas além dos vacilos econômicos, os 100 dias de Lula também foram marcados por vacilos políticos — como o caso envolvendo o agora senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Quando o petista relembrou o período que passou preso, ele disse que xingava o ex-juiz e pensava em vingança.
“De vez em quando ia um procurador, de sábado ou de semana, para visitar, ver se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores, e perguntavam ‘tá tudo bem?’ e [eu respondia] ‘não tá tudo bem, só vai estar bem quando eu f… esse Moro'”, disse Lula.
“‘Eu to aqui para me vingar dessa gente’, eu falava todo dia que eles entravam lá, ‘se prepare que eu vou provar'”, afirmou ele, se referindo a provar sua inocência.
Logo após a declaração, Lula riu e pediu “depois vocês cortam a palavra ‘f…’ aqui”. No entanto, a entrevista estava sendo transmitida ao vivo no canal do YouTube “TV 247”.
Mas, nesses 100 dias, Moro não foi o único desafeto de Lula a ser relembrado. O presidente do banco central, Roberto Campos Neto, foi um alvo constante do petista.
As críticas de Lula à autonomia do BC e ao nível atual da taxa de juros caíram como uma bomba sobre o mercado, que reagia como sabe: ações em baixa, dólar em alta e pressão sobre a curva de juros.
Para se ter uma ideia, em 30 dias, o petista atacou pelo menos sete vezes a autoridade monetária e a condução da Selic a 13,75% ano — isso sem contar as vezes nas quais interlocutores do governo deram voz às críticas.
Embora o BC tenha sinalizado uma harmonia com o governo federal, essa relação está longe de ser marcada pela paz e pelo amor. Confira a bandeira branca do banco central para Lula.
E, claro, Bolsonaro não podia faltar na lista de desafetos de Lula — que foi lembrado na solenidade dos 100 dias do petista.
Sem citar o nome do rival, Lula disse que o governo que o antecedeu gastou recursos da União de maneira sem precedentes na campanha eleitoral do ano passado “na perspectiva de perpetuar o fascismo no País”.
Lula disse ainda que o ataque de 8 de janeiro “não foi um gesto qualquer”, pois foi ”uma tentativa de golpe feita com a maior desfaçatez, feita por um grupo de reacionários, fascistas, e de extrema direita que não queria deixar o poder” em referência a Bolsonaro e seus aliados.
Nos ataques feitos a Bolsonaro, Lula ainda comparou o nível de investimentos feitos nos três primeiros de sua gestão com os aportes feitos pelo antecessor no mesmo período.
Aperte o play! Confira a playlist com as músicas que ditaram o ritmo dos 100 dias do governo Lula 3:
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