Voando cada vez mais alto: Copom sobe a Selic em 0,5 ponto, a 13,25%, e dá a entender que os juros continuarão subindo
O Copom cumpriu as expectativas do mercado e reduziu o ritmo de alta da Selic; confira as sinalizações do BC quanto ao futuro dos juros
Quando o comandante Roberto Campos Neto autorizou a decolagem do Copom, em março do ano passado, imaginava-se que o voo seria rápido — quase uma ponte-aérea entre juros e inflação. Mas enganou-se quem contava com uma viagem curta: passado mais de um ano, a Selic segue em alta; e, nesta quarta-feira, o BC elevou a taxa básica em mais 0,5 ponto porcentual (p.p.), ao patamar de 13,25% ao ano.
Para quem dormiu durante o trajeto, vale um resumo da rota até aqui. Com o movimento de hoje, já são 11 aumentos consecutivos na Selic, que estava em 2% no começo de 2021 — uma decolagem quase vertical, como a de um foguete. Mais que isso: o nível atingido hoje é o maior desde o fim de 2016, quando os juros estavam em 13,75%.
Tudo isso para conter o avanço dos preços no país: o IPCA acumulado em 12 meses ficou em 11,73% em maio, pressionado pela elevação no preço dos combustíveis, dos transportes e dos alimentos, entre outros fatores. Guerra na Ucrânia, reabertura econômica pós-Covid, choque de commodities — foram muitas as interferências no plano de voo.

Mas, se é que serve de consolo, o Copom parece estar próximo da altura de cruzeiro: em comunicado divulgado há pouco, o BC sinaliza que o ciclo de aperto monetário está perto do fim — a porta ainda está aberta para um novo ajuste, "de igual ou menor magnitude". Uma interrupção já na próxima reunião, no entanto, parece descartada.
Afinal, por mais que os índices de inflação ainda estejam bastante pressionados, eles já começam a dar sinais de arrefecimento: o próprio IPCA de maio mostrou uma desaceleração ante o mês anterior. Ou seja: o aumento nos juros já estaria fazendo efeito na contenção do avanço dos preços.
Naturalmente, ainda há fatores de risco no radar do Copom — no Brasil, a questão fiscal tem voltado aos holofotes desde que o governo ensaiou uma tentativa não muito clara de redução dos impostos incidentes sobre os combustíveis; no exterior, as incertezas da guerra e das oscilações das commodities seguem vivas.
Leia Também
Copom: exterior negativo, doméstico positivo
O Copom deixou o solo bem antes dos principais bancos centrais do mundo: enquanto a Selic já está em alta por aqui desde o começo de 2021, os juros dos EUA e da zona do euro estão apenas começando a subir. Ou seja: estamos falando de ciclos econômicos diferentes.
Enquanto a inflação no Brasil permanece elevada, mas já dando sinais de desaceleração, a dinâmica dos preços nos EUA mostra-se em tendência ascendente. Como resultado, o Fed promoveu mais cedo uma alta de 0,75 ponto em sua taxa de juros, pisando no acelerador da política monetária — o movimento anterior foi de avanço de 0,5 ponto.
Essa dicotomia é evidenciada pelo Copom em seu comunicado de hoje. De um lado, o BC diz que o ambiente externo "seguiu se deteriorando", com menor perspectiva de crescimento econômico global e pressões inflacionárias fortes e persistentes.
O aperto das condições financeiras motivado pela reprecificação da política monetária nos países avançados, assim como pelo aumento da aversão a risco, eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes
Trecho do comunicado da decisão do Copom em 15/6
Por outro lado, o ambiente doméstico mostra-se mais comportado — uma dinâmica que não era vista há tempos. Por aqui, o BC diz que os dados de atividade têm superado as expectativas, enquanto a inflação tem surpreendido negativamente.
Aliás, falando em dinâmicas raras: num evento a la cometa Halley, o Copom promoveu um aperto monetário menos intenso que o Fed — aqui, a alta foi de 0,50 pp; lá, o avanço foi de 0,75 pp...
Campos Neto: serenidade na Selic?
Considerando tudo isso, o Copom adota uma postura cautelosa, como de costume: diz que há fatores de risco para a trajetória da inflação em ambos os sentidos. O ambiente externo mais deteriorado e a incerteza quando à dinâmica fiscal do país são apontados como potenciais vilões para os preços domésticos.
A questão fiscal vale um destaque à parte. O BC é bastante explícito ao falar das contas públicas do país, citando os riscos de "políticas fiscais que impliquem sustentação da demanda agregada". Ou, em outras palavras: medidas governamentais que estimulem o consumo através de gastos extraordinários da União.
E nos possíveis fatores de baixa da inflação, o que há no radar? Bem, em primeiro lugar, há a possível reversão do aumento nos preços das commodities — a disparada do petróleo, em especial, foi um golpe duro para a inflação brasileira no primeiro semestre, dado o aumento no preço dos combustíveis e dos transportes.
E como se portar nesse ambiente cheio de incertezas?
O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADETrecho do comunicado da decisão do Copom em 15/6
BC de olho em 2023
A Selic a 13,25% ao ano já era esperada pelo mercado — na reunião anterior, a autoridade monetária já tinha sinalizado o movimento. Vale lembrar que o Copom está suavizando a intensidade dos ajustes: em fevereiro, o salto foi de 1,5 ponto; em março, de 1 ponto; e, hoje, de 0,5 ponto.
E como ficam as próximas reuniões? Bem, como dito no começo do texto, o BC deixou a porta aberta para mais uma elevação na reunião de 3 de agosto, "de igual ou menor magnitude". Portanto, uma correção ainda mais leve, de 0,25 ponto, está sobre a mesa.
"O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação", diz o Copom, deixando claro que os ajustes na taxa de juros estão chegando ao fim.
No entanto, chama a atenção o fato de a autoridade monetária pouco falar do cenário para 2022: ao longo do comunicado, o BC cita 2023 como horizonte relevante, cujo teto da meta de inflação é de 4,75%.
Sendo assim, fica cada vez mais claro que, pelo segundo ano consecutivo, o BC não conseguirá cumprir os objetivos determinados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN): o teto da meta de inflação para 2022 é de 5%; o IPCA acumulado em 12 meses está atualmente em 11,73%.
"O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".
Copom: expectativas e cenários
Em termos de expectativas, o Copom destaca que a inflação esperada para o fim do ano está em torno de 8,5%, de acordo com o boletim Focus — vale lembrar que a publicação semanal da pesquisa foi comprometida pela greve dos servidores do BC. Para 2023 e 2024, as expectativas são de 4,7% e 3,25%, respectivamente.
No cenário de referência do BC, em que a trajetória para a taxa de juros tem como base o boletim Focus e uma taxa de câmbio com dólar a R$ 4,90, a Selic deve se comportar da seguinte maneira:
- Fim de 2022: 13,25%
- Fim de 2023: 10,00%
- Fim de 2024: 7,50%
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
