Autismo e investimentos: Conheça 4 lições de uma criança autista que podem ajudar te ajudar a ter sucesso no mercado financeiro
Um investidor hipotético, que entrou no mercado nos últimos anos, entendeu que simplesmente não existe “a janela ideal para os investimentos”. Então, o melhor a fazer é manter a disciplina de investir

Por Daniel Galdini, CFP, Assessor de investimentos
Você já deve ter ouvido falar que as sensações de dor ou de sofrimento trazem aprendizados indeléveis para nossas vidas. Apesar de serem momentos que nós humanos procuramos evitar, é fato que eles nos tiram da zona de conforto.
Contarei duas histórias aqui, uma genérica, do mercado financeiro, e uma específica, da minha vida cotidiana, que terá como protagonista meu filho João Pedro, de 3 anos. Vamos a elas.
O mercado financeiro e o investidor
A primeira história é sobre o investidor de forma geral. Se observarmos o retrospecto de um investidor que está há anos no mercado, ele se lembrará com precisão de algumas datas, sobretudo daquelas em que ele não guarda boas recordações:
- O Joesley Day, que trouxe um grande impacto no mercado e uma queda de mais de 8,5% no dia 18 de maio de 2017;
- A greve dos caminhoneiros, que trouxe muita preocupação a todos os investidores em maio de 2018, onde o auge foi o dia 17;
- Quando a Covid-19 começou a se alastrar mundo afora, provocando seis circuit breakers no Ibovespa, sendo o primeiro deles em 9 de março de 2020.
Agora congelaremos brevemente esse caso.
Uma data inesquecível
A segunda história é sobre minha família. Existe uma data para a Luciana minha esposa e para mim que jamais iremos nos esquecer: o dia em que fomos visitar pela primeira vez a pediatra do desenvolvimento do João Pedro, a pedido do médico de rotina dele.
Leia Também
Após realizar alguns exames, ela nos deu um laudo dizendo: “Relato, a pedido dos pais e com sua anuência, que avaliei o paciente João Pedro no dia 11 de junho de 2021. João Pedro apresenta um atraso global do desenvolvimento (F84).”
Dando um Google, você facilmente descobre o que é F84: “transtorno global do desenvolvimento, que engloba a condição oficialmente denominada Transtorno do Espectro Autista (TEA).”
Isso tudo, repito, no dia onze de junho, véspera do Dia dos Namorados. Sabe aquela famosa frase do Mike Tyson de que “todo mundo tem um plano até levar um soco na cara”?
O nosso soco chegou naquele dia, e foi bem forte, mas era apenas o primeiro round da luta. Muita coisa mudou em nossas vidas desde então. Nossa missão passou a ser enxergar o mundo sob a perspectiva de uma criança autista.
Autismo, investimentos e aprendizados
E onde essas duas histórias se encontram? Sem dúvidas, no aprendizado que os momentos delicados trazem.
No primeiro caso, esse investidor hipotético, que entrou no mercado nos últimos anos, já entendeu que simplesmente não existe “a janela ideal para os investimentos”, pois é impossível controlar todas as variáveis.
Então, como sempre haverá momentos mais e menos favoráveis no ciclo econômico, o melhor a fazer é manter a disciplina de investir, independentemente do timing.
Na nossa história particular de vida, aprendemos que existem algumas características que são comuns a outros autistas, porém vamos falar especificamente daquelas que dizem respeito ao nosso João.
Além disso, faremos um paralelo dessas características com o mundo dos investimentos, e como o investidor pode se beneficiar desses traços de personalidade.
A busca pela previsibilidade nos investimentos
Nosso filho fica bastante desregulado quando quer o celular para ver seu desenho favorito e dizemos a ele que ainda não é o momento.
Como ele é não-verbal, mostramos no aplicativo de comunicação dele que, após uma sequência de tarefas cotidianas que ele deverá executar (tirar o pijama, colocar a roupa, escovar os dentes), ele vai receber o celular.
Isso o tranquiliza de certa forma, pois ele sabe que se cumprir a parte dele no trato, nós cumpriremos a nossa.
No caso do investidor, não é possível saber com precisão o que vai acontecer no mês que vem, no semestre que vem, no ano que vem, muito menos daqui a cinco anos.
De qualquer forma, a melhor forma de buscar alguma previsibilidade é ter uma carteira bem balanceada, ou seja, aquela ideia de que ativos devem proteger ativos, independentemente do momento de mercado e do perfil do investidor.
Embora não exista a alocação perfeita, que garanta que o investidor não vá sofrer um pouco mais em determinados momentos, usar a correlação histórica entre as classes de ativos para definir a alocação traz algum conforto, pois mesmo que o pior aconteça no mercado, a carteira irá conseguir se defender bem.
A volatilidade nos investimentos e a hipersensibilidade
Alguns autistas são hipersensíveis em alguns dos seus sentidos do corpo humano.
O João é levemente sensível ao som alto, já que ele não gosta de entrar em locais muito cheios e nem barulhentos.
Embora não seja o caso dele, há casos em que essa hipersensibilidade provoca uma crise sensorial: a criança pode chorar, correr, se bater, se jogar no chão, dentre outras coisas.
Nessas horas, os pais ou responsáveis devem permanecer calmos e trocar a criança de ambiente se possível, para que ela se autorregule.
No caso do investidor, a hipersensibilidade principal se dá por conta da flutuação dos preços dos ativos nos momentos de estresse, a famosa volatilidade.
O fluxo de notícias negativas somado ao fato de ver seu patrimônio investido momentaneamente diminuir, gera bastante insegurança em alguns.
Em março de 2020, por exemplo, muitos investidores que estavam bastante alocados em renda variável, liquidaram suas posições no pior momento.
No nosso comparativo, isso pode ser avaliado como um momento de crise do investidor. Nesse caso, é sempre importante contar com o aconselhamento de um bom profissional, que possa trazer mais racionalidade à tomada de decisão.
Estereotipias e a sucessão de eventos similares
Esse é um dos principais traços dos autistas. São movimentos repetitivos que ajudam a pessoa a lidar com excesso de estímulos.
O João, por exemplo, quando está assistindo ao seu desenho no celular, gosta de ficar correndo de um lado para outro.
Essas repetições geram segurança na criança autista. Quanto mais ela repete os mesmos rituais, mais aquilo gera bem-estar nela.
Pois bem, imagine o nosso investidor que começou a investir há pouco mais de cinco anos.
Ele já viu muita coisa acontecendo no mercado desde então, e quanto mais os eventos se sucederam, mesmo que não tenham sido exatamente repetidos, a tendência é que tenha se sentido cada vez mais seguro à medida que via as coisas sempre voltando ao normal após cada susto.
É essa sucessão de eventos similares que faz com que o investidor consiga cada vez mais assimilar suas consequências.
Foco no básico
Talvez você já saiba, mas o autista tem um grande poder de concentração sobre determinado assunto de interesse, o que é conhecido como hiperfoco.
No caso do João, por ser uma criança de 3 anos, esse hiperfoco é o seu desenho no celular, como já mencionei anteriormente.
No momento em que está assistindo, não importa absolutamente nenhum ruído ao seu redor, ele simplesmente se concentra em seu objetivo: assistir ao desenho.
Em casos de crianças maiores, adolescentes ou pessoas adultas, o hiperfoco chega a atingir um nível de profundidade impressionante, como por exemplo, saber em que dia da semana ocorreu determinada data no passado, fazer contas de cabeça com vários dígitos, e assim por diante.
O investidor é diariamente bombardeado com informações das mais variadas fontes e, muitas vezes, é facilmente convencido por esses ruídos a mudar o rumo que estava tomando até então.
Conseguir filtrar esses “trash talks”, ou seja, separar aquilo que não vai fazer diferença nenhuma na sua estratégia no longo prazo, e se manter focado no básico, é o que vai fazer a diferença na construção do patrimônio.
O básico, nesse caso, nada mais é que: aportes frequentes, uma carteira balanceada e tempo.
Espero que a nossa jornada no mundo do autismo, mesmo que ainda curta, tenha conseguido trazer algumas reflexões para você como investidor.
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA