Vale a pena investir em fundos imobiliários de shoppings? Conheça a minha principal aposta para o setor
Mesmo no curto prazo — refletindo o mês de maio favorável para os shoppings — esperamos uma recuperação dos FIIs do setor, até mesmo no nível de proventos

Lojas, praça de alimentação e cinema. Todos esses ambientes já foram comuns na rotina do brasileiro, especialmente nos finais de semana. Além disso, os três são tradicionalmente encontrados em um único estabelecimento: o shopping center.
Como já é amplamente conhecido, o setor de shopping centers foi um dos mais impactados durante a crise. A pandemia forçou o fechamento dos estabelecimentos e as receitas dos ativos foram extremamente afetadas com a falta do público.
Particularmente, por mais que não tenha frequentado mais de três vezes um shopping nos últimos 12 meses, não me vejo ausente do local em um cenário normalizado. Aliás, até o momento, os dados ilustrados pelo setor vêm reforçando essa minha percepção.
Recentemente, a Cielo divulgou o resultado do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), no qual é possível observar um aumento de 18,8% na comparação anual das vendas do mês abril, descontada a inflação. É claro que a base de dados de 2020 é muito comprimida, o que diminui a relevância da análise, mas ainda sim evidencia um crescimento histórico.
Adicionalmente, os dados recentes da Cielo apontam que as vendas começaram a crescer a partir da primeira semana de abril, quando as lojas foram reabertas, fator que continuou até o Dia das Mães — a data, inclusive, registrou números mais fortes do que o Natal e do que antes do último fechamento de lojas, em fevereiro.
Outro ponto interessante é que as pessoas que estão indo aos shoppings vão para comprar, ou seja, é um fluxo direcionado, de acordo com dados da Abrasce (Associação Brasileiro de Shopping Centers).
Leia Também
De forma geral, nota-se uma demanda reprimida em torno dos shopping centers, que seguem como locais de consumo, alimentação e entretenimento. Algumas ferramentas concorrentes, como o e-commerce, definitivamente chegaram para ficar, visto o contínuo crescimento, mas o ambiente físico mostra reação importante e recupera parte de sua fatia no bolo total.
Ou seja, tudo indica que estamos deixando a segunda onda da covid-19 para trás e que os próximos meses podem trazer ventos positivos para o segmento, mas de forma gradual.
Isto é, ainda não descartamos novos fechamentos pela frente — o clima deste mercado deve oscilar de acordo com o andamento da campanha de vacinação e com a retomada da confiança do público consumidor em retornar aos shoppings.
Como ficam os FIIs de shopping nesse cenário?
Após grande impacto nas receitas, os fundos de investimento imobiliário certamente foram afetados em suas cotações. Parte deles, em razão da paralisação das operações em meados de 2020, se viu obrigada a interromper a distribuição de proventos mensais para garantir segurança para o caixa.
Após o arrefecimento da “primeira onda”, enxergamos um princípio de recuperação nas cotas dos FIIs, atrelada ao aumento do nível de rendimentos. Especialmente no Natal, época tradicional de consumo, os shoppings pareciam assumir uma tendência de crescimento, ao lado do início do programa de vacinação.
Contudo, com o nível de contaminação do Covid-19 retornando a patamares altíssimos no início de 2021, toda essa expectativa foi minimizada. Ao final de maio, mesmo com a reabertura parcial dos empreendimentos, diversos fundos de shoppings da indústria demonstravam descontos em relação ao valor patrimonial, por exemplo.
De maneira geral, não acredito que o setor deixou de ter importância e nem que vai perder atratividade nos próximos anos, pois, além das compras, os estabelecimentos oferecem entretenimento (cinemas, teatros e restaurantes) e, em último caso — especialmente em momentos de restrição de operação —, podem ser utilizados como entrepostos logísticos, os famosos “last miles”, que auxiliam nas entregas rápidas do e-commerce.
Dito isso, mesmo no curto prazo (refletindo o mês de maio favorável para os shoppings), esperamos uma recuperação dos FIIs do setor, até mesmo no nível de proventos.
Vale citar que as gestoras estão bem mais preparadas para suportar o estresse das paralisações, tanto em termos de caixa, quanto em relacionamento com os lojistas, que se aprimorou muito nos últimos 12 meses.
Além disso, é inevitável citar o programa de vacinação, que deve se intensificar no segundo semestre. É claro que sigo cauteloso com o curto prazo, mas também cada vez mais confiante na retomada deste segmento.
A principal aposta para o setor
Indo direto ao ponto, meu principal veículo para capturar a retomada deste setor é o fundo HSI Malls (HSML11).
Atualmente, o fundo possui 15,78 milhões de cotas distribuídas em uma base de aproximadamente 120 mil cotistas, para um patrimônio líquido de R$ 1,56 bilhão (valor patrimonial de R$ 98,89 por cota). O HSML11 representa 1,45% do Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix), ocupando a 25ª posição do ranking.
O portfólio do fundo conta com cinco ativos que somam cerca de 127,6 mil metros quadrados de ABL (área bruta locável). As características principais dos empreendimentos podem ser vistas no quadro abaixo.
O portfólio contempla uma exposição a três regiões ao longo do território brasileiro (Norte, Nordeste e Sudeste), sendo que todos os imóveis estão abertos com restrições de horário e capacidade atualmente.
O principal público consumidor do portfólio é a classe B, seguida de perto pela classe C. De fato, portfólios que focam no público classe A tendem a atravessar períodos turbulentos com maior facilidade, mas os ativos do HSML11 conseguiram boas performances durante a crise, provando que são estabelecimentos maduros e bem posicionados, basta observar o alto nível de ocupação média do portfólio (95%).
Um exemplo disso é o Via Verde Shopping, que possui a localização menos óbvia do portfólio (Rio Branco - AC), mas a melhor taxa de ocupação dentre os ativos — por ser o único shopping da cidade, o Via Verde se coloca em posição privilegiada e se apresenta como uma das principais atrações de lazer de Rio Branco. Além disso, o ativo possui uma boa área para expansão, pela qual pode se proteger de eventuais concorrentes na região.
Por mais que o HSML11 não ofereça o maior desconto sobre valor patrimonial da indústria, entendo que seja a relação risco vs retorno mais favorável, em função da qualidade do portfólio e pela perspectiva de retorno ilustrada no valuation.
Vale citar que, ao elaborar o modelo, consideramos um cenário pessimista para o setor, no qual temos uma normalização das operações somente em 2023, quando a inadimplência alcança um nível de 2%.
Além disso, estipulamos um nível estrutural de vacância entre 2% e 7%, a depender do imóvel, o que consideramos bem conservador dado o histórico de ocupação do setor.
Em suma, estimamos um potencial de valorização de dois dígitos para o fundo e um dividend yield (retorno com dividendos) de 6% nos próximos 12 meses, já considerando uma distribuição parcial dos rendimentos acumulados (R$ 0,50 por cota).
Ou seja, quando tratamos de teses de reabertura, entendo que a posição em HSML11 seja essencial para o portfólio.
Até a próxima!
Leia também:
- Crescimento e inflação criam oportunidade de investimento em REITs, os ‘fundos imobiliários’ dos EUA
- A alta dos juros afeta os fundos imobiliários? Sim, mas nem todos. Conheça um FII que pode proteger a sua carteira
- Da canetada à inadimplência, por que o IGP-M nas alturas pode ser um risco para os FII
- Existe valor nas lajes corporativas? Sim, e eu apresento um fundo imobiliário para você investir
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco
Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
Bolsa em alta: oportunidade ou voo de galinha? O que você precisa saber sobre o Ibovespa e as ações brasileiras
André Lion, sócio e CIO da Ibiuna, fala sobre as perspectivas para a Bolsa, os riscos de 2026 e o impacto das eleições presidenciais no mercado
A estratégia deste novo fundo de previdência global é investir somente em ETFs — entenda como funciona o novo ativo da Investo
O produto combina gestão passiva, exposição internacional e benefícios tributários da previdência em uma carteira voltada para o longo prazo
De fundo imobiliário em crise a ‘Pacman dos FIIs’: CEO da Zagros revela estratégia do GGRC11 — e o que os investidores podem esperar daqui para frente
Prestes a se unir à lista de gigantes do mercado imobiliário, o GGRC11 aposta na compra de ativos com pagamento em cotas. Porém, o executivo alerta: a estratégia não é para qualquer um
Dólar fraco, ouro forte e bolsas em queda: combo China, EUA e Powell ditam o ritmo — Ibovespa cai junto com S&P 500 e Nasdaq
A expectativa por novos cortes de juros nos EUA e novos desdobramentos da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo mexeram com os negócios aqui e lá fora nesta terça-feira (14)
IPO reverso tem sido atalho das empresas para estrear na bolsa durante seca de IPOs; entenda do que se trata e quais os riscos para o investidor
Velocidade do processo é uma vantagem, mas o fato de a estreante não precisar passar pelo crivo da CVM levanta questões sobre a governança e a transparência de sua atuação
Ainda mais preciosos: ouro atinge novo recorde e prata dispara para máxima em décadas
Tensões fiscais e desconfiança em moedas fortes como o dólar levam investidores a buscar ouro e prata
Sparta mantém posição em debêntures da Braskem (BRKM5), mas fecha fundos isentos para não prejudicar retorno
Gestora de crédito privado encerra captação em fundos incentivados devido ao excesso de demanda
Bolsa ainda está barata, mas nem tanto — e gringos se animam sem pôr a ‘mão no fogo’: a visão dos gestores sobre o mercado brasileiro
Pesquisa da Empiricus mostra que o otimismo dos gestores com a bolsa brasileira segue firme, mas perdeu força — e o investidor estrangeiro ainda não vem em peso
Bitcoin (BTC) recupera os US$ 114 mil após ‘flash crash’ do mercado com Donald Trump. O que mexe com as criptomoedas hoje?
A maior criptomoeda do mundo voltou a subir nesta manhã, impulsionando a performance de outros ativos digitais; entenda a movimentação
Bolsa fecha terceira semana no vermelho, com perdas de 2,44%; veja os papéis que mais caíram e os que mais subiram
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, “a tão esperada correção do Ibovespa chegou” após uma sequência de recordes históricos
Dólar avança mais de 3% na semana e volta ao patamar de R$ 5,50, em meio a aversão ao risco
A preocupação com uma escalada populista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o real apresentar de longe o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities
Dólar destoa do movimento externo, sobe mais de 2% e fecha em R$ 5,50; entenda o que está por trás
Na máxima do dia, divisa chegou a encostar nos R$ 5,52, mas se desvalorizou ante outras moedas fortes
FII RBVA11 avança na diversificação e troca Santander por nova locatária; entenda a movimentação
O FII nasceu como um fundo imobiliário 100% de agências bancárias, mas vem focando na sua nova meta de diversificação
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim
Ação do Assaí (ASAI3) ainda está barata mesmo após pernada em 2025? BB-BI revela se é hora de comprar
Os analistas do banco decidiram elevar o preço-alvo das ações ASAI3 para R$ 14 por ação; saiba o que fazer com os papéis
O que esperar dos mercados em 2026: juros, eleições e outros pilares vão mexer com o bolso do investidor nos próximos meses, aponta economista-chefe da Lifetime
Enquanto o cenário global se estabiliza em ritmo lento, o país surge como refúgio — mas só se esses dois fatores não saírem do trilho
Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital