Crise em Brasília pressiona dólar e juros, mas NY salva a semana do Ibovespa
As bolsas americanas patrocinaram a alta de 0,97% do Ibovespa, mas o dólar e o juros mostram que não foi uma semana fácil por aqui.

Dizer que conversar sobre política no Brasil é complicado é quase fofo. Esse é um tema que divide amigos, família, colegas de trabalho e que leva nenhuma discussão a um consenso. Mas se tem uma coisa que todo mundo deveria pelo menos concordar é que o clima político em Brasília prejudica, e muito, os negócios brasileiros.
Os ataques do presidente Jair Bolsonaro não se limitam apenas ao sistema de urnas eletrônicas ou aos ministros do Supremo Tribunal Federal, em especial Luis Barroso e Alexandre de Moraes. A crise institucional reflete também nas contas públicas.
Em uma manobra para tentar manter alguma popularidade, Bolsonaro tenta encontrar espaços para financiar medidas que não são compatíveis com os gastos de um Brasil pós-pandemia.
A essa altura do campeonato, a flexibilidade do teto de gastos já é maior do que a de muita ginasta. Só nesta semana, o governo levantou a hipótese de um calote — ou parcelamento no compromisso de pagamento, se você preferir — de quase R$ 90 bilhões em precatórios.
Ou isso, ou a retirada da cifra do teto de gastos, para acomodar um reajuste maior do que o projetado para o Bolsa Família. E tudo isso enquanto a arrecadação federal fica ameaçada pela reformulação do programa que permite o parcelamento tributário (Refis).
Hoje, a bolsa brasileira conseguiu pegar carona nos números positivos da economia americana e fechou o dia em alta de 0,97%, aos 122.810 pontos, o que apagou as perdas da semana do Ibovespa e levaram a um avanço acumulado de 0,83% nos últimos dias.
Leia Também
Mas, nas sessões anteriores, foi a cautela que deu o tom dos negócios. E, para comprovar isso, basta olhar para o dólar e para a curva de juros.
Nem mesmo a decisão do Banco Central brasileiro de elevar a Selic a 5,25% e já deixar sinalizado mais um aumento de um ponto no próximo encontro conseguiu tirar a pressão do câmbio.
A decisão do Copom já vinha em boa parte sendo precificada pelo mercado, mas mesmo que o tom mais duro tenha sido bem recebido, a reação positiva não teve vida longa. É bem verdade que o payroll elevado divulgado hoje explica parte da alta de 0,40%, a R$ 5,2363. Mas a semana foi de ganhos para a moeda americana, com um avanço de 0,51%.
A pressão nos principais contratos de juros futuros contaminaram a bolsa e o dólar ao longo de toda a semana e os DIs tiveram forte avanço no período, ainda que hoje o dia tenha sido de queda. Confira:
- Janeiro/22: de 6,49% para 6,47%
- Janeiro/23: de 8,21% para 8,15%
- Janeiro/25: de 9,14% para 9,05%
- Janeiro/27: de 9,45% para 9,40%
Contra a parede
A sexta-feira foi majoritariamente positiva para as bolsas americanas (com exceção do Nasdaq) após novos números mostrarem uma recuperação acima do esperado para o mercado de trabalho americano.
O relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, veio acima do esperado. De acordo com o departamento de trabalho norte-americano, eram esperadas 900 mil novas vagas, contra as 943 mil que de fato foram criadas.
O resultado se refletiu em uma valorização do dólar frente às moedas emergentes e também em uma nova aceleração dos Treasuries. Os investidores agora devem seguir monitorando os pronunciamentos dos membros votantes no Fomc (o Copom americano), sobre a retirada dos estímulos, principalmente os que garantem o elevado nível de liquidez do sistema financeiro.
Mas a grande expectativa fica com o simpósio de Jackson Hole, que reúne as principais autoridades monetárias do mundo e que acontecerá em agosto.
Subindo na mesa
Na decisão de política monetária da última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu o tom para ancorar as expectativas de inflação para os próximos anos, já que a meta de 2021 já está comprometida e não existe tempo hábil para que os efeitos das mudanças recentes sejam completamente absorvidos pela economia real.
O BC brasileiro fez aquilo que o mercado já esperava e precificava nas últimas semanas: elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual — de 4,25% a 5,25% — e mostrou disposição para lidar com a inflação, ainda que isso resulte em impactos na atividade econômica.
O clima político tenso limitou a reação positiva do mercado na semana e deve continuar impedindo que o câmbio passe pela tão aguardada despressurização com a elevação do juros no país e um maior interesse de investidores estrangeiros nos ativos locais dada a elevação da remuneração.
Para o economista Alexandre Almeida, da CM Capital, a temporada de balanços fortes e os sinais de que a economia brasileira está se recuperando devem seguir tendo pouco impacto nos negócios enquanto o clima tenso e as incertezas locais persistirem. Enquanto as forças que comandam o mercado não se alinham, a volatilidade deve seguir em alta.
Essas incertezas, aliás, também estão no radar do BC, que pesa os fatores em seu balanço de riscos e deixa claro que esses são elementos que podem pressionar ainda mais a inflação.
Petróleo é ouro
Resultado decepcionante tem sido um evento raro nessa safra de números do segundo trimestre. Com as exceções para comprovar a regra, os balanços indicam uma economia em recuperação.
Um dos principais destaques certamente foi a Petrobras. A estatal surpreendeu o mercado ao apresentar uma forte geração de caixa, melhora em seus índices de alavancagem e anunciar a distribuição de dividendos bilionários, fazendo o papel disparar cerca de 10% no pregão de ontem.
Sobe e desce do Ibovespa
Confira as maiores altas da semana:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEM |
CPLE6 | Copel PN | R$ 6,58 | 7,52% |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 37,33 | 5,78% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 29,01 | 5,49% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 28,29 | 5,13% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 21,55 | 4,76% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEM |
CVCB3 | CVC ON | R$ 20,46 | -8,25% |
ECOR3 | Ecorodovias ON | R$ 10,16 | -6,87% |
RENT3 | Localiza ON | R$ 58,20 | -6,36% |
CSAN3 | Cosan ON | R$ 24,15 | -5,48% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 6,71 | -5,36% |
Resumo do dia
- A notícia de que a Americanas S.A está em conversas preliminares para adquirir a Marisa fez com que os papéis da varejista de moda disparassem na bolsa hoje;
- A JBS está expandindo o seu portfólio e foi até a Austrália em sua última aquisição
Ibovespa | 0,97% | 122.810 pontos |
Dólar à vista | 0,40% | R$ 5,2363 |
Bitcoin | 4,12% | R$ 222.286 |
S&P 500 | 0,17% | 4.436 pontos |
Nasdaq | -0,40% | 14.835 pontos |
Dow Jones | 0,41% | 35.208 pontos |
Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed
Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições
Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão
CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa
Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim
Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09
O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Esquenta dos mercados: Inflação dos EUA não assusta e bolsas internacionais começam semana em alta; Ibovespa acompanha prévia do PIB
O exterior ignora a crise energética hoje e amplia o rali da última sexta-feira
Vale (VALE3) dispara mais de 10% e anota a maior alta do Ibovespa na semana, enquanto duas ações de frigoríficos dominam a ponta negativa do índice
Por trás da alta da mineradora e da queda de Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) estão duas notícias vindas da China
Magalu (MGLU3) cotação: ação está no fundo do poço ou ainda é possível cair mais? 5 pontos definem o futuro da ação
Papel já alcançou máxima de R$ 27 há cerca de dois anos, mas hoje é negociado perto dos R$ 4. Hoje, existem apenas 5 fatores que você deve olhar para ver se a ação está em ponto de compra ou venda
Commodities puxam Ibovespa, que sobe 1,3% na semana; dólar volta a cair e vai a R$ 5,14
O Ibovespa teve uma semana marcada por expectativas para os juros e inflação. O dólar à vista voltou a cair após atingir máximas em 20 anos
Esquenta dos mercados: Inflação e eleições movimentam o Ibovespa enquanto bolsas no exterior sobem em busca de ‘descontos’ nas ações
O exterior ignora a crise energética e a perspectiva de juros elevados faz as ações de bancos dispararem na Europa
BCE e Powell trazem instabilidade à sessão, mas Ibovespa fecha o dia em alta; dólar cai a R$ 5,20
A instabilidade gerada pelos bancos centrais gringos fez com o Ibovespa custasse a se firmar em alta — mesmo com prognósticos melhores para a inflação local e uma desinclinação da curva de juros.
Esquenta dos mercados: Decisão de juros do BCE movimenta as bolsas no exterior enquanto Ibovespa digere o 7 de setembro
Se o saldo da Independência foi positivo para Bolsonaro e negativo aos demais concorrentes — ou vice-versa —, só o tempo e as pesquisas eleitorais dirão
Ibovespa cede mais de 2% com temor renovado de nova alta da Selic; dólar vai a R$ 5,23
Ao contrário do que os investidores vinham precificando desde a última reunião do Copom, o BC parece ainda não estar pronto para interromper o ciclo de aperto monetário – o que pesou sobre o Ibovespa
Em transação esperada pelo mercado, GPA (PCAR3) prepara cisão do Grupo Éxito, mas ações reagem em queda
O fato relevante com a informação foi divulgado após o fechamento do mercado ontem, quando as ações operaram em forte alta de cerca de 10%, liderando os ganhos do Ibovespa na ocasião
Atenção, investidor: Confira como fica o funcionamento da B3 e dos bancos durante o feriado de 7 de setembro
Não haverá negociações na bolsa nesta quarta-feira. Isso inclui os mercados de renda variável, renda fixa privada, ETFs de renda fixa e de derivativos listados
Esquenta dos mercados: Bolsas no exterior deixam crise energética de lado e investidores buscam barganhas hoje; Ibovespa reage às falas de Campos Neto
Às vésperas do feriado local, a bolsa brasileira deve acompanhar o exterior, que vive momentos tensos entre Europa e Rússia
Ibovespa ignora crise energética na Europa e vai aos 112 mil pontos; dólar cai a R$ 5,15
Apesar da cautela na Europa, o Ibovespa teve um dia de ganhos, apoiado na alta das commodities
Crise energética em pleno inverno assusta, e efeito ‘Putin’ faz euro renovar mínima abaixo de US$ 1 pela primeira vez em 20 anos
O governo russo atribuiu a interrupção do fornecimento de gás a uma falha técnica, mas a pressão inflacionária que isso gera derruba o euro
Boris Johnson de saída: Liz Truss é eleita nova primeira-ministra do Reino Unido; conheça a ‘herdeira’ de Margaret Thatcher
Aos 47 anos, a política conservadora precisa liderar um bloco que encara crise energética, inflação alta e reflexos do Brexit
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem com crise energética no radar; Ibovespa acompanha calendário eleitoral hoje
Com o feriado nos EUA e sem a operação das bolsas por lá, a cautela deve prevalecer e a volatilidade aumentar no pregão de hoje