BC mais brando e novo ‘pacote Biden’ deram o que falar — com inflação em foco, dólar se firma em R$ 4,90 e Ibovespa volta aos 129 mil pontos
A moeda americana registrou o quarto dia consecutivo de queda, com a pressão do pacote de infraestrutura dos EUA e a melhora do cenário local. No mercado de juros, os investidores reduziram as apostas em uma alta agressiva da Selic na próxima reunião

O dia começou com o foco nos dirigentes dos principais bancos centrais do mundo e terminou com a celebração de um acordo para colocar em prática o pacote de infraestrutura proposto pelo governo Biden, mas a preocupação seguiu sendo uma só: inflação.
Foram meses de intensa negociação e muitos embates, mas Joe Biden finalmente conseguiu o apoio de republicanos e democratas para o seu plano ambicioso. Para isso, foi preciso fazer algumas concessões, que acabaram reduzindo o valor total do pacote para US$ 1,2 trilhão.
A novidade impulsionou as bolsas americanas para novas máximas, depois de um dia marcado por dados mistos da economia e novos discursos divergentes de membros do Fed sobre o futuro da política monetária do país - o Nasdaq subiu 0,69%, o Dow Jones teve alta de 0,95% e o S&P 500 avançou 0,58%. Mas também deve aquecer a discussão a intensidade da pressão inflacionária, já que o objetivo maior do projeto de Biden é criar empregos e acelerar a retomada da economia. O impacto pôde ser sentido no câmbio.
Esse foi o roteiro seguido pelo mercado na parte da tarde. Pela manhã, foi a inflação brasileira que roubou a atenção dos investidores locais, com o Banco Central brasileiro sob os holofotes. O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado hoje, trouxe um discurso mais ameno do que o visto na ata da reunião do Copom apresentada no começo da semana. Além das projeções mais otimistas para a economia, o documento também impactou a percepção sobre o futuro da taxa de juros.
A primeira reação foi um desmonte das posições que apostavam em uma atuação agressiva do BC, acima dos 0,75 ponto percentual já sinalizado. O reflexo disso foi um alívio no câmbio, na bolsa e nos juros - com o pacote Biden vindo coroar o dia de recuperação.
O dólar à vista seguiu testando as mínimas em mais de um ano e registrou o quarto dia consecutivo de queda. De olho na inflação americana e na melhora do cenário interno, a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 4,9049, um recuo de 1,17%.
Leia Também
O pacote de infraestrutura americano serviu de combustível para que o setor ligado às commodities metálicas subisse forte no pregão desta quinta-feira, mesmo com o recuo do minério de ferro no mercado internacional. O resultado foi uma alta de 0,85% do Ibovespa, aos 129.513 pontos.
A cereja do bolo
O que tem chamado a atenção (e preocupado) é o movimento do mercado de juros. Nos Estados Unidos, o vai e vem segue se pautando nos discursos dos membros do Fed e nos números da economia. Tanto os dados quanto as falas dos dirigentes seguem trazendo sinais mistos ao mercado.
Pela manhã, o Produto Interno Bruto dos EUA no 1º trimestre teve alta anualizada de 6,4%, em linha com as expectativas dos analistas. As encomendas de bens duráveis cresceram menos do que os 2,6% que eram esperados - 2,3% na passagem de abril para maio. Para finalizar, os pedidos semanais de auxílio-desemprego chegaram a 411 mil. As projeções indicavam uma queda mais acentuada, para 380 mil.
No Brasil, quem deu o tom foi o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central. No documento, o BC brasileiro reforçou uma nova alta de pelo menos 0,75 ponto percentual na reunião de agosto e revisou para cima as projeções de inflação.
A expectativa para o crescimento do PIB também foi elevada de 3,6% para 4,6%. Na coletiva de imprensa, o diretor de política monetária do BC, Fabio Kanczuk, e o presidente Roberto Campos Neto, falaram mais sobre a visão do Banco Central para a inflação.
Segundo Kanczuk, a última reunião do Copom teve como horizonte a inflação para 2022, e o próximo encontro deve ficar de olho nas projeções para 2023. Sobre o atual choque de preços, Campos Neto afirmou que as causas são temporárias, mas que o movimento pode ter uma duração mais persistente.
A leitura do mercado foi de que o discurso mais ameno mostrado hoje reduz as apostas de uma atuação mais forte do que 1 ponto percentual na próxima reunião. Por isso, a curva de juros passou por ajustes, principalmente nos DIs mais curtos.
- Janeiro/22: de 5,77% para 5,72%
- Janeiro/23: de 7,31% para 7,22%
- Janeiro/25: de 8,25% para 8,15%
- Janeiro/27: de 8,63% para 8,53%
Agora vai?
Com as eleições de 2022 ameaçando travar as pautas mais polêmicas do governo, a equipe econômica corre contra o relógio para tentar emplacar as reformas.
As últimas novidades agradaram o mercado. Pela manhã, Arthur Lira, falou que acredita que a reforma administrativa pode ser aprovada na Casa até o começo de setembro. A partir daí, a pauta deve ser discutida no Senado.
Já a reforma tributária deve ganhar um novo capítulo amanhã (anote na agenda). O Ministério da Economia irá apresentar o projeto de lei que altera o imposto de renda para pessoas físicas, jurídicas e investimentos.
Sobe e desce
A JHSF liderou as altas do dia após receber autorização para operar voos internacionais no seu aeroporto São Paulo Catarina, em São Roque (SP).
A perspectiva de uma Selic mais controlada também favoreceu o setor de varejo, que vinha sendo penalizado nos últimos dias com a perspectiva de um freio no poder de compra.
O setor de commodities foi outra surpresa positiva, pegando carona no anúncio do novo pacote bipartidário de infraestrutura dos Estados Unidos, mesmo com o recuo do minério de ferro na China. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
JHSF3 | JHSF ON | R$ 7,82 | 5,96% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 21,68 | 5,35% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 22,37 | 4,44% |
EQTL3 | Equatorial ON | R$ 25,39 | 4,06% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 44,60 | 3,31% |
Na parte de baixo da tabela, tivemos um predomínio de uma aparente realização de lucros recentes. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 69,20 | -3,45% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 27,03 | -2,63% |
ELET3 | Eletrobras ON | R$ 45,85 | -1,40% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 46,86 | -1,35% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 24,40 | -1,21% |
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos
A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas