Vem aí uma alta de 1 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic)? Essa passou a ser a visão de parte do mercado após a divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).
Na semana passada, os diretores do Banco Central decidiram elevar a Selic em mais 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano, e indicaram uma nova elevação da mesma magnitude na próxima reunião, marcada para o início de agosto.
Só que o tom mais duro da ata divulgada na manhã desta terça-feira levou o mercado a recalibrar as projeções para uma elevação de 1 ponto percentual, que levaria o juro básico da economia para 5,25% ao ano.
O ponto que mais chamou a atenção dos analistas foi o parágrafo 15 do documento, no qual o Copom informa que chegou a avaliar “uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião”.
“Considerando os diversos cenários alternativos, o Comitê entendeu que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião”, escreveu o Copom, na ata.
O Copom também destacou que “o compromisso inequívoco do Banco Central é com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e os passos futuros da política monetária são livremente ajustados com esse objetivo”.
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No mercado, essa consideração foi interpretada como um sinal de que o BC deve partir para uma linha mais firme de combate à inflação usando a sua principal arma: a Selic.
Após a divulgação da ata, o Itaú Unibanco decidiu revisar a projeção de alta para os juros e passou a fazer parte do grupo dos que esperam uma alta de 1 ponto percentual.
A equipe liderada pelo economista Mario Mesquita, ex-diretor do BC, espera ainda outros dois aumentos na Selic, de 0,75 ponto e 0,50 ponto, para 6,50% ao ano no fim do ciclo de alta.
Quem também revisou para cima o ritmo de ajuste da Selic foi o Bank of America. Além de esperar por uma alta de 1 ponto percentual dos juros pelo Copom na próxima reunião, o banco norte-americano agora espera que o fim do ciclo de aperto monetário termine apenas quando as taxas chegarem aos 7% ao ano.
Entre os que mantiveram a previsão de alta de 0,75 ponto da Selic está o Alberto Ramos, economista para a América Latina do Goldman Sachs. Ainda assim, ele passou a projetar uma probabilidade maior de elevação de 1 ponto e também de que os juros subam para um patamar de 7% ao ano ou mais em 2022.
A indicação de que a Selic deve subir mais no curto prazo também se reflete nos juros futuros negociados na B3 e na bolsa nesta terça-feira. A ponta mais curta da curva passa por ajustes intensos, embora o mercado ainda precifique taxas abaixo de 6% ao fim desse ano:
- Janeiro/22: de 5,61% para 5,73%;
- Janeiro/23: de 7,11% para 7,25%;
- Janeiro/24: de 7,81% para 7,87%;
- Janeiro/25: de 8,19% para 8,20%.
Saiba também como ficam seus investimentos quando a Selic sobe no vídeo abaixo: