Juros disparam e dólar recua com tom mais duro do Copom, mas Ibovespa cede com o peso das commodities
A bolsa brasileira fechou o dia em queda de 0,93%, no limite dos 128 mil pontos. O dólar à vista recuou a R$ 5,0225. Já os juros futuros encerraram a sessão nas máximas.

Um evento como a “Super Quarta” dificilmente passa despercebido pelo mercado. Uma Super Quarta com surpresas então…
Se o pregão de ontem foi marcado por um mercado assustado com as novas projeções dos dirigentes do Federal Reserve para as taxas de juros americanas e expectativa pela decisão do Copom, hoje tivemos os investidores respirando fundo e revendo o exagero da véspera e a repercussão do posicionamento mais duro do Banco Central brasileiro com relação à inflação.
Com os investidores colocando a cabeça no lugar e refazendo as contas, o dia, como já era de se esperar, foi de muita volatilidade. E acabou resultando em um evento raro: bolsa, dólar e juros, que na maior parte das vezes andam correlacionados, parecem cada um ter seguido uma narrativa própria, dando um nó na cabeça do investidor.
A bolsa teve forte queda. O dólar também. Já os juros futuros dispararam e correram atrás de refletir o novo cenário, levando em conta o que pensam as mentes por trás do Copom e do Fomc, do BC americano.
Na bolsa, as decisões de juros ficaram em segundo plano. O que falou mais alto mesmo foi o forte recuo das commodities, principalmente o minério de ferro e o petróleo. Além disso, os ruídos e entraves na aprovação da Medida Provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras fizeram com que as ações da estatal recuassem cerca de 5% no pior momento do dia.
O principal índice da bolsa não fechou nas mínimas, mas foi quase. O Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,93%, aos 128.057 pontos.
Leia Também
Na cola do BC
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, os mercados de câmbio e juros foram fortemente impactados e repercutiram hoje majoritariamente o tom mais duro adotado pelo Banco Central brasileiro no comunicado da decisão de elevar a taxa Selic a 4,25% já que a decisão do Fed foi absorvida pelo mercado na sessão de ontem.
No comunicado, a instituição retirou a sinalização de que a normalização da taxa é "parcial" e indicou que busca um patamar neutro, ou seja, persegue a taxa necessária para combater a inflação.
Isso não significa que o discurso do Fed ficou esquecido. Muito pelo contrário. Para a economista, os investidores tiraram o dia para refletir melhor sobre o comunicado ‘incoerente’ do Federal Reserve - de um lado, a instituição (e Powell) reafirmando as fragilidades da economia e a necessidade de manutenção dos estímulos monetários; do outro, as projeções (ainda que sem unanimidade) que mostram que boa parte dos dirigentes não só apostam em uma inflação mais elevada como também na antecipação das altas dos juros.
Hoje, os rendimentos dos Treasuries acabaram devolvendo boa parte da expressiva alta que havia puxado o dólar para cima na sessão de ontem. Essa despressurização, aliado ao forte fluxo de entrada de investimentos estrangeiros favoreceu o real. Com isso, o dólar à vista fechou o dia com uma queda de 0,74%, a R$ 5,0225.
Esse alívio dos juros futuros americanos, no entanto, não impactou diretamente o mercado brasileiro. Os principais contratos de DI fecharam nas máximas ou muito próximas dela.
A economista da CM Capital explica que a postura mais dura do Banco Central, sem se comprometer com a alta sinalizada de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, pode indicar uma elevação maior justamente para ancorar as expectativas para a inflação. Isso levou os investidores a reverem suas apostas para a reunião de agosto, o que impacta principalmente os contratos de curto prazo.
Já os juros mais longos repercutem as projeções do Fed. Juros mais baixos em um país que apresenta menos riscos acabam interferindo na política monetária de todo o planeta, afinal, é preciso se manter competitivo. Confira as taxas de fechamento do dia:
- Janeiro/2022: de 5,43% para 5,59%
- Janeiro/2023: de 7,01% para 7,15%
- Janeiro/2025: de 7,99% para 8,14%
- Janeiro/2027: de 8,43% para 8,43%
A economista aponta que o mercado deve se manter altamente volátil nos próximos dias e só deve voltar a ficar mais ‘comportado’ conforme novos indicadores de atividade sejam conhecidos nos Estados Unidos e o Federal Reserve traga um sentido maior para a discrepância mostrada entre as projeções de seus dirigentes e o comunicado.
Seguindo outros caminhos
Enquanto os mercados de câmbio e de juros seguiram as vozes do Copom e uma melhor digestão do comunicado do Fed, a bolsa acabou sendo levada por movimentações setoriais e suas narrativas próprias.
O clima em Nova York também influenciou, mas não foi determinante. Nos Estados Unidos, o recuo dos Treasuries levou o Nasdaq a se recuperar da queda de ontem. O índice que abriga as principais empresas de tecnologia fechou o dia em alta de 0,87%. Enquanto isso, o Dow Jones e o S&P 500 recuaram 0,62% e 0,04%, respectivamente.
O que pesou mesmo para a bolsa brasileira foi o forte recuo das ações ligadas ao minério de ferro e ao petróleo. As commodities tiveram um dia de perda, e, devido ao seu grande peso na carteira teórica do índice, aceleraram o movimento de queda.
Além dessa pressão, Argenta também destaca que um movimento de correção na bolsa não só é natural como muito bem-vindo. É só lembrar que em questão de oito pregões o índice saiu dos 122 mil pontos para a casa dos 131 mil.
Nessa movimentação do dia, vale destacar também as ações da Eletrobras, que tiveram forte queda ao longo do dia, enquanto o Senado apreciava a MP da privatização e acabaram fechando longe das mínimas, mas ainda com um recuo significativo de 3%.
A Braskem acabou ficando com a maior queda do dia. Segundo a Broadcast, a venda da operação norte-americana deverá ser separada para que a Novonor (antiga Odebrecht) arrecade mais dinheiro quando se desfizer de sua fatia de 50,1% na petroquímica. Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 53,84 | -5,38% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 40,30 | -4,95% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 19,14 | -4,54% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 29,00 | -3,78% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 13,44 | -3,66% |
Entre as maiores altas, o Banco Inter segue se recuperando da queda recente. Destaque também para a BR Distribuidora, com o mercado aguardando novidades sobre a oferta de ações que deve oficializar a saída da Petrobras do capital da companhia. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 69,29 | 5,35% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 21,31 | 4,92% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 27,35 | 4,79% |
BRDT3 | BR Distribuidora | R$ 27,20 | 2,95% |
VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 15,02 | 2,59% |
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros
CCR agora é Motiva (MOTV3): empresa troca de nome e de ticker na bolsa e anuncia pagamento de R$ 320 milhões em dividendos
Novo código e nome passam a valer na B3 a partir de 2 de maio
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos