🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Cratera de Chicxulub

Acho que seria o único desastre natural com algum paralelismo pertinente, assumindo, claro, que os dinossauros também se organizassem por meio de um mercado de trabalho formal.

3 de junho de 2020
10:49 - atualizado às 13:25
Imagem: Shutterstock

Começam a surgir formulações mais construtivas sobre a pandemia e o funcionamento concomitante das economias, potencialmente capazes de, se concretizadas, constituir fundamentos estruturais mais positivos para os ativos de risco além da mera expansão monetária e fiscal, tipicamente mais associadas a certo artificialismo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Há uma corrente na comunidade científica, ainda minoritária, argumentando em favor de uma mutação do vírus, que teria o tornado mais fraco e menos letal. Outra vertente, cuja representatividade vem crescendo, sugere uma maior taxa de imunização da sociedade do que o oficialmente medido e reportado. Isso viria das pessoas com atividade viral baixa e sintomas leves.

Em paralelo, países que estão em processos de reabertura têm o feito com algum sucesso, com as pessoas voltando, aos poucos, suas vidas ao normal, sem, ao menos até o momento, uma segunda onda importante de contágio — Itália e Espanha talvez sejam os exemplos mais emblemáticos, além, claro, da Alemanha, que fez um trabalho formidável desde o princípio.

Para reforçar, a China tem observado uma clara recuperação em V de sua economia, ainda que os paralelos com o Ocidente sempre sejam particularmente problemáticos e ainda que confiar na China seja quase um salto de fé. 

Essa soma de imunização mais alta, sinais de possível convivência com a pandemia pós-lockdown ou quarentena, associados ao prognóstico de uma vacina em 2021, têm alimentado um ambiente mais favorável a negócios e aos mercados. O dinheiro tem fluído do dólar e dos EUA em busca de yield e de mais crescimento nas periferias, num movimento claríssimo de dash to trash — uma outra forma de descrever um modo “risk on”, de forma mais exacerbada.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Assim, vai se construindo uma interpretação de que a crise de 2020 teria um caráter mais parecido a um “desastre natural”. Ocorre um grande choque inesperado, quase literalmente um abalo sísmico, que, depois de acontecido, permite a volta da vida ao normal. Não haveria, segundo essa interpretação, algo mais perene e estrutural da mudança. Destruição súbita, com recuperação rápida, sem maiores consequências de longo prazo, a tal V-shaped recovery.

Leia Também

Essa dinâmica tem guiado os mercados nas últimas duas semanas e, na ausência de fatos novos — o que costuma ser uma premissa bastante restritiva, mas paciência —, parece querer prosseguir nos próximos dias. O fluxo comprador e otimista, sem encontrar vendedor marginal relevante, flerta com escalada adicional de ativos de maior risco, em especial daqueles que ficaram excessivamente descontados na crise.

Diante do cenário, temos, com cautela e responsabilidade, aumentado o risco da Carteira Empiricus nos últimos dias. Adicionamos as ações da Stone no lugar daquelas da XP dando-lhes maior peso frente à exposição anterior, recompusemos o short (posição vendida) em PRIO3 e migramos 5 pontos percentuais da posição em dólar puro para comprar ações de empresas americanas. Desse modo, incrementamos em 6,5 pontos percentuais a posição em ações do Carteira.

De ontem para hoje, fizemos uma nova adição de ação ao portfólio, no setor de saneamento (talvez o mais descontado da Bolsa junto aos bancos, com um catalisador claríssimo na cara do gol), de mais 1,5 ponto, totalizando, portanto, 8 pontos percentuais. Estamos na diligência final para novos incrementos, possivelmente ainda nesta semana. Ressalva importante: nada será feito sem desrespeitar a imperiosa necessidade de proteção e preservação patrimonial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O momento ainda exige isso e não nos permitiremos jamais assumir riscos além dos razoáveis, adentrando euforias momentâneas de fluxo, cujos resultados de médio e longo prazo são tipicamente conhecidos. Estamos comprando empresas sólidas, com resultados bem previsíveis e resilientes, a valuations descontados. Nada além disso. Rigor e profundidade de análise sempre.

Reconhecida a melhora, ao menos na margem, dos fundamentos frente à completa falta de visibilidade de semanas atrás, em particular quando consideramos a expansão monetária sem precedentes observada nesta crise, algumas questões relevantes continuam sem respostas.

Pergunto (a mim mesmo, mas também aos universitários): qual desastre natural na História nos logrou tamanho retrocesso nos PIBs globais e uma taxa de desemprego de 20% da população americana? Qual evento semelhante trouxe esse nível de aumento do endividamento para os países, com consequências, claro, sobre a produtividade e sobre as gerações futuras? Nossos filhos e netos, talvez nós mesmos, arcaremos com mais impostos — pode não ser agora, mas me parece quase inescapável uma elevação da CSLL em 2021 (imagino que para algo em torno de 30%) e possível tributação de dividendos (ações e FIIs).

Se um terço das empresas americanas já não conseguia gerar caixa para pagar seus serviços da dívida antes da pandemia, depois da famigerada ajuda do Fed, qual deve ser o percentual atual? Para o caso brasileiro, como ficam os comentários sobre uma potencialmente tranquila segunda onda se nem saímos da primeira? E mais: 100% de dívida/PIB será facilmente contornado? O case de estatais blindadas de indicações políticas continua? E, por fim, de forma mais grosseira, qual desastre natural se abateu sobre o mundo todo?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Depois de muito refletir, acho que voltei uns 66 milhões de anos (pois é, os evento raros são… raros), tendo tomado um avião (mentalmente, claro, mas ainda assim devidamente vestido com a minha máscara) para a Península de Iucatã, em direção à cratera de Chicxulub, que teria se constituído a partir do impacto de um meteoro, resultando na extinção de uma gama ampla de animais, incluindo os dinossauros. Acho que seria o único desastre natural com algum paralelismo pertinente, assumindo, claro, que os dinossauros também se organizassem por meio de um mercado de trabalho formal.

Dois gráficos que ainda precisamos reconciliar nesta história toda, se há, de fato, uma semelhança desta crise com um desastre natural e ainda existe atratividade nos valuations de ativos de risco.

Esta é a projeção de “vida normal” pós-covid:

E esse é o nível de preços das ações hoje:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Enquanto o mundo caminha para a saída talvez definitiva das quarentenas e para a liberdade de uma “vida normal”, talvez ainda estejamos presos às nossas próprias amarras mentais de ancoragem. 

Como Kant disse uma vez, “o homem nasce livre, mas a todo canto encontra-se a grossos ferros, seja por outros seja por ele mesmo. Mas mesmo que o homem seja posto a grossos ferros, ninguém pode aprisionar a sua mente”.

A resposta — para as perguntas acima, mas, mais ainda, para toda a quarentena — talvez esteja na poesia de Shakespeare: “Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito...”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje

21 de outubro de 2025 - 8:00

Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem

21 de outubro de 2025 - 7:35

O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico

20 de outubro de 2025 - 19:58

Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje

20 de outubro de 2025 - 7:52

Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana

BOMBOU NO SD

CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana

19 de outubro de 2025 - 15:02

Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas

VISAO 360

Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas

19 de outubro de 2025 - 8:00

Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais

17 de outubro de 2025 - 7:55

O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje

SEXTOU COM O RUY

Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)

17 de outubro de 2025 - 6:07

Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos

VONTADE DOS CÔNJUGES

Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança

16 de outubro de 2025 - 15:22

Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje

16 de outubro de 2025 - 8:09

Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?

15 de outubro de 2025 - 19:57

Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)

15 de outubro de 2025 - 7:47

A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje

14 de outubro de 2025 - 8:08

Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China

14 de outubro de 2025 - 7:48

O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo

13 de outubro de 2025 - 19:58

Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar