Um dia depois de apresentadas as linhas principais da reforma da Presidência, o noticiário ficou muito concentrado no que se chama de “crise” no Palácio do Planalto, envolvendo o PSL, partido de Jair Bolsonaro, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno, suspeitas de candidaturas laranjas nas eleições de 2018, e o filho Carlos Bolsonaro.
Aliás, Bolsonaro esteve no Palácio nesta sexta-feira e, pelo "Twitter" fez uma "promessa": até o fim dos seus 100 primeiros dias serão realizados 23 leilões de concessão. Também pela rede social, falou em fazer uma "Lava Jato" no setor de educação.
Via @tarcisiogdf : Ao final dos 100 primeiros dias do Governo @JairBolsonaro, o @MInfraestrutura (incluindo @AviacaoGovBr e @portosdobrasil) já terá realizado 23 leilões de concessão.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 15, 2019
Muito além de investir, devemos garantir que investimentos sejam bem aplicados e gerem resultados. Partindo dessa determinação, o Ministro Professor @ricardovelez apurou vários indícios de corrupção no âmbito do MEC em gestões passadas. Daremos início à Lava Jato da Educação!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 15, 2019
De volta à "crise", diversas personalidades políticas entraram em cena, com destaque para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o vice, Hamilton Mourão. Não sei se em defesa do ministro, que mentiu, segundo Carlos, ao dizer que tinha falando com Bolsonaro, ou para delimitar o poder de Carlos, que é vereador no Rio, mas é tido como o rebento mais próximo do presidente.
Até aqui, a percepção é de que Bebianno deve ficar no cargo, apesar desse desgaste, e, como falou Mourão, Bolsonaro vai “botar ordem” nos filhos. Carlos se afastaria do dia-a-dia do Palácio e das redes sociais do pai. Maia fez a ponderação mais crítica sobre o tema ao lembrar que Bolsonaro é presidente e não mais deputado ou presidente da associação dos militares. Esses ruídos dificultam o trabalho de Maia, que assumiu como responsabilidade sua, obter votos para a votação da reforma da Previdência.
O ponto é que um problema que estava no partido PSL foi parar dentro do Palácio do Planalto. Pode ser que o movimento de Carlos, de mostrar que Bebianno mentia ao falar que teve contato com o pai, foi justamente uma tentativa de manter a questão fora do governo. Mas o tiro ou o “tuite” saiu pela culatra. Falta de cálculo político? Voluntarismo? Vaidade? Não sei. Como disse Mourão: “os filhos são um problema de cada família”.
Mas certamente esse não será o último episódio que será classificado como “crise”. O importante é lembrar de uma das “leis da política” feitas por Roberto Campos em parceria com o seu amigo José Guilherme Merquior: “A política é a arte de fazer hoje os erros de amanhã, sem esquecer os erros de ontem”.
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