Qual a boa do Tesouro Direto em 2019?
Mesmo com a Selic no menor patamar da história, a renda fixa ainda traz boas oportunidades. Saiba quais títulos públicos vão se destacar no próximo ano

Com a taxa básica de juros em 6,5% ao ano, investimentos que pagam a variação da Selic ou do CDI provavelmente não serão os mais rentáveis de 2019. Mas isso não significa que não haja boas oportunidades na renda fixa. Mesmo entre os conservadores títulos públicos há ótimas pedidas, para todos os perfis de investidor. Então vem comigo para descobrir quais são os melhores investimentos no Tesouro Direto em 2019.
Onde investir em 2019
Esta matéria faz parte de uma série de reportagens sobre onde investir em 2019, com as perspectivas para os diferentes ativos. São eles:
- Ações
- Imóveis
- Fundos imobiliários
- Tesouro Direto (você está aqui)
- Renda fixa, além do Tesouro Direto
- Criptomoedas
- Câmbio

Leia abaixo o panorama completo para o Tesouro Direto no ano que vem e quais as melhores oportunidades em títulos públicos.
Para onde vai a Selic?
O retorno e as oportunidades na renda fixa estão diretamente ligados às perspectivas para a Selic, nossa taxa básica de juros. Estas, por sua vez, são determinadas pelas expectativas para o crescimento econômico, a inflação e o câmbio.
A atual meta para a taxa Selic, de 6,5% ao ano, é a menor da nossa história. Por consequência, nunca tivemos um retorno nominal tão baixo nos investimentos mais conservadores, aqueles cujos rendimentos são atrelados às taxas de juros. O atual patamar da Selic pode ser considerado bastante expansionista para padrões brasileiros - isto é, de forte estímulo ao crescimento econômico.
Num primeiro momento, portanto, não teríamos por que esperar novos cortes, até porque estamos saindo da recessão, ainda que timidamente. Ao contrário, talvez já fosse hora de passarmos a esperar que o Banco Central começasse a aumentar lentamente os juros.
Leia Também
O problema é que a nossa economia ainda não está reagindo de forma significativa. As empresas permanecem com grande capacidade ociosa, e a inflação segue bastante controlada. A expectativa do mercado, inclusive, é que os preços continuem assim, mesmo com a redução da meta de inflação para os próximos anos.
Com isso, abriu-se um espaço confortável para que a Selic se mantenha estável em 6,5% por um bom tempo, conforme já sinalizou o Banco Central.
“Já vimos um fechamento da curva de juros, principalmente depois que o BC falou que o balanço de riscos melhorou. Parece que os diretores da entidade estão bem tranquilos em relação à agenda”, diz Marcelo Sande, head de produtos e renda fixa da Genial Investimentos.
De uma forma geral, o mercado espera que a Selic seja mantida ou sofra uma leve alta no segundo semestre do ano que vem. De acordo com o último Boletim Focus, o juro deve terminar 2019 em 6,50% ou 7,25%, subindo para 8,00% até o final do ano seguinte, dado que a meta de inflação para 2020 cai de 4,5% para 4,0%.
Mas, embora não seja consenso, alguns analistas já esperam até uma nova redução da taxa de juros. Não é o cenário mais provável, mas já está no radar.
Riscos para o bem e para o mal
Em 2019, a economia brasileira está sujeita a dois riscos principais, que podem impactar negativamente a inflação e o crescimento, levando a um aumento antecipado ou acima do esperado das taxas de juros.
EUA e o crescimento global
O primeiro fator de risco vem do exterior. Se a economia americana sinalizar um crescimento forte demais, o Fed pode acabar subindo os juros mais rápido ou acima do que é esperado.
Como resultado, o dólar subiria, pressionando inflação e juros por aqui. Atualmente, a perspectiva é de que os EUA subam os juros duas vezes em 2019.
Soma-se a este risco o temor de uma desaceleração econômica global, que inclui Europa, Japão e China, nossa principal parceira comercial. Mas o fator EUA é preponderante.
Vai ter reforma da Previdência?
O segundo fator de risco é interno e envolve a questão da reforma da Previdência. Uma eventual manutenção ou redução da Selic está basicamente condicionada à aprovação rápida de uma reforma significativa, conforme o BC também já andou sinalizando.
O mercado concorda. Uma demora nesse sentido ou a aprovação de uma reforma inócua poderia, pelo contrário, motivar o BC a antecipar ou intensificar a alta dos juros.
Mas segundo Marcelo Guterman, especialista de produtos e investimentos da Western Asset, a casa está “moderadamente otimista” com o cenário e acredita que há mais riscos para o lado positivo que para o lado negativo.
“Achamos que a inflação americana está sob controle e que o crescimento do país não é explosivo. Com isso, acreditamos que o Fed deve manter o plano de voo, o que já está precificado, então é um risco ok”, diz Guterman.
Quanto ao risco interno, o especialista ressalta que a agenda econômica do governo, comandada pelo futuro ministro Paulo Guedes, é positiva. “O problema é que a parte política do governo ainda não parece muito convencida. A reforma da Previdência pode azedar, dependendo da forma como seja conduzida”, observa.
A Western Asset, no entanto, espera que a reforma seja aprovada, que a economia volte a crescer e que os juros voltem a subir no segundo semestre, o que já está precificado.
A casa não descarta ainda um cenário mais otimista para os juros, mas um pouco menos provável: o de que o crescimento não reaja tão bem e que, por conta disso, a inflação continue surpreendendo para baixo. Se, além disso, a reforma da Previdência for aprovada e o cenário exterior não piorar, pode realmente acontecer um novo corte na Selic.
Marcelo Sande, da Genial, considera que existem riscos políticos no novo governo, mas a equipe econômica e o ambiente que está se formando indicam que a agenda de reformas será cumprida.
“Acredito que alguma coisa consistente da reforma da Previdência será aprovada, e o mercado está precificando isso. Se não ocorrer, voltaremos a um cenário de aversão a risco, mas tudo parece estar sendo encaminhado para que se concretize”, diz.
Sande acrescenta que a aprovação precisa ser rápida para que o otimismo do mercado com a economia do país continue. “Dois ou três meses para encaminhar, o mercado ver o que está sendo proposto, e seis meses para aprovar. Mais tempo que isso traria instabilidade de novo”, prevê.
Os melhores investimentos no Tesouro Direto em 2019
Tendo em vista este cenário, separei para você os melhores investimentos entre os títulos públicos em 2019. Eles podem ser adquiridos tanto via Tesouro Direto, o programa de compra e venda de títulos públicos pelas pessoas físicas do Tesouro Nacional, quanto no mercado secundário, via mesa de operações da sua corretora de valores.
A operação no secundário, entretanto, é restrita a investidores com mais recursos. As aplicações costumam começar na casa dos R$ 50 mil. Mas é neste mercado que normalmente operam os investidores que visam a lucrar com a valorização dos títulos públicos.
Tesouro Selic (LFT) de qualquer prazo
O título mais conservador do Tesouro Direto paga a variação da Selic no vencimento, mais um ágio ou deságio conforme a demanda pelo papel no dia da compra.
Pode ser vendido antes do vencimento sem risco de retorno negativo, pois sua valorização também tende a acompanhar a taxa básica de juros.
O Tesouro Selic é mais rentável quando os juros estão altos ou têm perspectiva de subir muito (por exemplo, quando a expectativa é de um aumento da aversão a risco).
Não é o caso de 2019. Mas então por que ele está na lista dos títulos públicos recomendados?
Simples. Porque investimentos de renda fixa conservadora, de boa liquidez, e atrelados à Selic ou ao CDI são sempre boas pedidas, independentemente do cenário econômico.
É neles que você deve investir a sua reserva de emergência, o seu caixa para aproveitar as boas oportunidades de investimento que surgem ao longo do ano e o dinheiro para objetivos de curto prazo. Estes são recursos que não podem correr qualquer tipo de risco.
Adicionalmente, se o tempo fechar e o Banco Central precisar subir muito a taxa básica de juros, o investimento em Tesouro Selic pode te proteger.
Títulos prefixados e atrelados à inflação de longo prazo
Os títulos prefixados são aqueles que pagam um rendimento nominal já conhecido no ato da compra do título, como 9% ao ano, 10% ao ano, e assim por diante. São negociados como Tesouro Prefixado (LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F).
Já os papéis atrelados à inflação pagam uma taxa prefixada mais a variação da inflação pelo IPCA. Por exemplo, 5% ao ano + IPCA ou 6% ao ano + IPCA. São negociados como Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B).
Existem duas formas de investir nesses papéis:
- A forma conservadora é ficando com o título até o vencimento, para garantir a rentabilidade contratada no ato do investimento.
- Já a forma arrojada, especulativa, é tentando lucrar com a valorização do título por meio da venda antes do fim do prazo. A venda antecipada é sempre feita a preço de mercado, e pode resultar tanto em ganhos quanto em perdas, conforme a variação dos preços.
Em 2019, tanto os investidores conservadores quanto os mais arrojados terão chance de lucrar com títulos pré e indexados à inflação.
Mas as boas oportunidades de ganho estarão especificamente entre os títulos de longo prazo: prefixados com vencimentos a partir de 2025 e NTN-B com vencimentos superiores a 2026.
Caso as boas perspectivas para a economia brasileira se concretizem - sem surpresas negativas lá fora e um bom encaminhamento para a reforma da Previdência - a tendência é a redução do risco-país e dos juros de longo prazo.
Tal cenário derrubaria as remunerações desses papéis, elevando seus preços. Lembre-se: quando os retornos dos prefixados e das NTN-B caem, seus preços sobem, e vice-versa.
Para quem é mais conservador e gosta de levar os títulos ao vencimento, é uma boa ideia garantir agora as altas rentabilidades que esses papéis ainda estão pagando. Afinal, é possível que taxas como as atuais não se repitam no futuro.
Não é nada mau assegurar uma rentabilidade na casa dos 5,00% ao ano acima da inflação pelos próximos 20 ou 30 anos quando a taxa de juro real considerada estrutural ou neutra - aquela que não estimula nem atrapalha o crescimento - está na casa dos 4,00%. E há no mercado quem já fale em juro real neutro da ordem de 2,50% a 3,00%.
Já os mais arrojados podem se beneficiar do potencial de valorização que esses títulos ainda têm, conforme mostrei nesta outra reportagem. Trata-se, neste caso, de uma oportunidade de ganho de curto ou médio prazo com a venda antecipada do papel.
Esse ganho será ainda maior caso a Selic de fato se mantenha estável por mais tempo ou passe por um novo corte. Este não é o cenário mais provável, mas já é considerado possível.
Como também já mostrei aqui no Seu Dinheiro, quem comprou prefixados e NTN-B quando os retornos estavam ainda mais altos assistiu a uma grande valorização desses papéis nos últimos anos.
Para estes investidores, vale a pena mantê-los na carteira. Eles ainda podem se valorizar um pouco mais e, caso a intenção seja levá-los ao vencimento, taxas reais superiores a 6,00% ao ano podem ser consideradas excelentes.
Qual devo comprar, afinal?
Entre prefixados e NTN-B, o investidor mais arrojado deve preferir os primeiros caso esteja muito confiante de que o cenário benéfico para a economia brasileira vai se concretizar.
Títulos pré são mais arriscados e voláteis que NTN-B de mesmo prazo, posto que não contam com a proteção contra a inflação. Mas isso representa também um maior potencial de valorização.
O que você deve evitar é a compra de títulos de prazos mais curtos. Na opinião dos especialistas com quem eu conversei, esses papéis já embutem nos preços as perspectivas mais prováveis - reação do crescimento e leve alta dos juros no segundo semestre - e só terão chance de se valorizar caso a Selic passe por um novo corte.
As NTN-B curtas podem, inclusive, se desvalorizar caso a inflação continue surpreendendo para baixo.
“A parte curta da curva de juros já andou bastante. O que os investidores estão começando a fazer agora é realmente alongar”, diz Marcelo Sande, da Genial. Para ele, a parte longa da curva “ainda tem algo para andar”, principalmente quando os investidores estrangeiros começarem a apostar em peso nessa posição.
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Como declarar renda fixa — como CDB, Tesouro Direto, LCI, LCA e mais — e COE no imposto de renda 2025
Títulos de renda fixa — mesmo os isentos! — e Certificados de Operações Estruturadas (COE) são declarados de forma semelhante. Veja como informar o saldo e os rendimentos dessas aplicações financeiras na sua declaração
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa
Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Conservador, sim; com retorno, também: como bater o CDI com uma carteira 100% conservadora, focada em LCIs, LCAs, CDBs e Tesouro Direto
A carteira conservadora tem como foco a proteção patrimonial acima de tudo, porém, com os juros altos, é possível aliar um bom retorno à estratégia. Entenda como
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Bolão fatura sozinho a Mega-Sena, a resposta da XP às acusações de esquema de pirâmide e renda fixa mais rentável: as mais lidas da semana no Seu Dinheiro
Loterias da Caixa Econômica foram destaque no Seu Dinheiro, mas outros assuntos dividiram a atenção dos leitores; veja as matérias mais lidas dos últimos dias
Renda fixa mais rentável: com Selic a 14,25%, veja quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI
Conforme já sinalizado, Copom aumentou a taxa básica em mais 1,00 ponto percentual nesta quarta (19), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação