Após o rali da Previdência, o Ibovespa tirou o pé do acelerador e diminuiu a velocidade
O texto-base da reforma da Previdência recebeu sinal verde no plenário da Câmara. Mas a análise dos destaques trouxe cautela e disparou um movimento de realização de lucros no Ibovespa
O Ibovespa vinha de uma sequência de cinco pregões em alta, saltando do nível dos 100 mil pontos e atingindo, na última quarta-feira (10), o patamar inédito dos 105 mil pontos. Os mercados estavam amplamente otimistas quanto ao processo de tramitação da reforma da Previdência — e pisaram fundo, buscando novos recordes.
E, de fato, as apostas dos agentes financeiros mostraram-se certeiras: a proposta foi votada na noite de ontem pelo plenário da Câmara e recebeu sinal verde no primeiro turno. Portanto, a sessão desta quinta-feira (11) seria de comemoração e busca por outras marcas históricas, certo?
Não foi bem assim. Afinal, o processo de votação da reforma ainda não está encerrado, já que ficou para hoje a análise dos destaques — ou seja, os pedidos de mudanças no texto. Assim, as incertezas ligadas a esse processo, somadas à sequência de ganhos na bolsa brasileira, desencadearam um movimento de realização de lucros.
Mas, de certa maneira, esse movimento teve alcance limitado: ao fim do dia, o Ibovespa teve queda de 0,63%, aos 105.146,44 pontos, sustentando o patamar dos 105 mil pontos. Os agentes financeiros não frearam bruscamente — apenas tiraram um pouco o pé do acelerador.
Essa percepção é reforçada pelo comportamento do dólar à vista: a moeda americana não acompanhou a bolsa e passou boa parte da sessão oscilando ao redor da estabilidade, fechando em leve baixa de 0,15%, a R$ 3,7510.
Em linhas gerais, os mercados seguem otimistas em relação às perspectivas para a economia local e à tramitação da reforma da Previdência. Mas, hoje, optaram por promover ajustes pontuais no Ibovespa, considerando que, no ano, o índice acumulava ganhos de quase 20%.
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E agora?
Por aqui, os mercados repercutiram o placar tranquilo da votação do texto-base da reforma no plenário da Câmara: ao todo, foram 379 favoráveis e 131 contrários no primeiro turno do pleito — a pauta precisava de 308 votos a favor para ser aprovada. No entanto, com a análise dos destaques ainda em aberto, a sessão foi marcada por um tom de prudência.
Para um operador, a possibilidade de alteração no texto-base trouxe uma ligeira cautela às negociações, uma vez que os destaques podem reduzir a potência fiscal da reforma. Líderes do governo no Congresso estimam que as mudanças podem trazer cortes de até R$ 300 bilhões às economias a serem obtidas com a proposta.
E o fato de os trabalhos não terem sido retomados na Câmara até o encerramento do pregão, às 17h, contribuiu para trazer uma dose extra de precaução, já que, além da potencial desidratação, também está em jogo o cumprimento do cronograma de tramitação da pauta.
Ainda há a expectativa de que a votação em segundo turno no plenário da Câmara ocorra antes do recesso do Congresso, no dia 18. Assim, o prazo é curto — e qualquer sinal de atraso mexe é capaz de trazer apreensão às negociações por aqui, em especial ao Ibovespa, que já estava nas máximas em termos nominais.
"O mercado está comprando bolsa desde janeiro, e agora realiza um pouco. É normal", diz um operador que prefere não ser identificado. Ele pondera, no entanto, que os investidores estrangeiros, que se mantiveram fora do rali até o momento, podem gradativamente começar a voltar à bolsa brasileira a partir de agora, dando força ao índice.
Tranquilidade
No exterior, o dia foi de bastante calmaria: lá fora, os mercados seguiram apostando num movimento coordenado de corte de juros pelas principais economias do mundo, o que sustentou o otimismo dos agentes financeiros.
Ao fim do dia, o Dow Jones subiu 0,85%, aos 27.088,08 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 0,23%, aos 2.999,91 pontos — ambos renovaram suas máximas históricas de fechamento. Já o Nasdaq teve leve queda de 0,08%, aos 8.196,04 pontos.
Os mercados dos EUA se mantiveram em níveis elevados mesmo após a leve alta na inflação do país em junho — o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,1% em relação a maio. Apesar disso, os agentes financeiros mostram-se confiantes quanto a um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) no curto prazo.
Ontem, o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizou que, desde a reunião de junho, as incertezas provenientes da guerra comercial continuaram a pesar sobre o cenário econômico americano — e o menor crescimento econômico mundial também traz instabilidade ao panorama traçado pela instituição.
Toda essa tranquilidade no exterior também foi refletida pelo mercado de câmbio: o dólar perdeu terreno em escala global, recuando ante as principais moedas do mundo e em relação às divisas de países emergentes e ligados às commodities.
Nesse segundo grupo, estão inclusos o peso mexicano, o rublo russo, o peso colombiano, o rand sul-africano, o peso chileno e o dólar neozelandês — e o real, assim, pegou carona nesse panorama externo, apesar do tom de maior cautela visto no Ibovespa.
Ajustes pontuais
Já as curvas de juros passaram boa parte da sessão operando em alta, mas esse movimento perdeu força perto do encerramento. Ao fim do dia, os DIs curtos ficaram perto da estabilidade, enquanto os longos tiveram leve queda.
Entre as curvas com vencimentos de prazo menos extenso, as para janeiro de 2020 ficaram inalteradas em 5,75%, enquanto as para janeiro de 2021 tiveram leve alta de 5,58% para 5,59%. No vértice mais longo, os DIs para janeiro de 2023 recuaram de 6,31% para 6,30%, e as para janeiro de 2025 tiveram queda de 6,86% para 6,83%.
Bancos pressionados
As ações do setor bancário recuaram em bloco e representaram o maior foco de pressão ao Ibovespa nesta quinta-feira. Os papéis ON do Banco do Brasil (BBAS3) caíram 1,95%, enquanto Bradesco PN (BBDC4) e Bradesco ON (BBDC3) tiveram perdas de 0,85% e 1,14%, respectivamente.
Já Itaú Unibanco PN (ITUB4) encerrou em queda de 0,13%, enquanto as units do Santander Brasil (SANB11) tiveram baixa de 0,19%. O operador lembra que o texto-base da reforma da Previdência prevê uma elevação na alíquota da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos, dos atuais 15% para 20%, fator que afeta negativamente os papéis do setor.
Privatização no horizonte
Na ponta oposta do Ibovespa, destaque para as ações ON da Sabesp (SBSP3), que avançaram 4,67%. O mercado reagiu bem às declarações do governador de São Paulo, João Doria — em entrevista à Bloomberg, ele disse que a privatização ainda é a "melhor opção" para a empresa.
Hora de comprar?
As ações da Petrobras operaram em alta nesta quinta-feira, apesar do tom relativamente estável do petróleo no exterior. Os papéis ON da estatal (PETR3) subiram 1,89%, enquanto os PNs (PETR4) tiveram ganho de 1,18%.
Em relatório, o Goldman Sachs mostrou-se otimista em relação ao futuro da companhia, uma vez que as investigações da Lava Jato começam a ficar para trás. A instituição possui recomendação de compra para as ações da Petrobras e vê potencial de alta de quase 40% para os ativos nos próximos 12 meses.
Eletrobras na dianteira
As ações da Eletrobras terminaram o pregão desta quinta-feira com ganhos expressivos: as ONs (ELET3) subiram 7,36% e as PNBs (ELET6) avançaram 4,83%, liderando a ponta positiva do Ibovespa. Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo pretende arrecadar uma quantia próxima a R$ 18 bilhões com a capitalização da estatal.
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