Banqueiros centrais se reúnem para mais uma Super Quarta enquanto o mundo tenta escapar de guerra comercial permanente
Bastou Donald Trump sair brevemente dos holofotes para que os mercados financeiros reencontrassem alguma ordem às vésperas da Super Quarta dos bancos centrais

Com o mesmo caos com que foi criado, o emaranhado tarifário erguido por Donald Trump começa, aos poucos, a ser desmontado.
Na semana passada, Pequim ensaiou o primeiro gesto concreto de disposição para negociar — desde que, claro, os EUA adotem um mínimo de previsibilidade e respeito nas tratativas, dois ingredientes que têm sido escassos nos tempos recentes.
Índia, Japão e Coreia do Sul também sinalizaram avanços em suas frentes bilaterais com Washington, indicando que, apesar do ruído, o mundo enfim tenta sair do modo de guerra comercial permanente.
Ambiente menos disfuncional ajuda os mercados
Nesse ambiente um pouco menos disfuncional, os mercados encerraram a semana passada em terreno firmemente positivo, embalados por um relatório de empregos surpreendentemente forte e por um fiapo de racionalidade nos embates tarifários.
O S&P 500 emplacou sua nona alta consecutiva — a maior sequência desde 2004. E, ironicamente, bastou Trump sair brevemente dos holofotes para que o mercado reencontrasse alguma ordem.
A volatilidade cedeu espaço à expectativa, e a lógica econômica, por um momento, voltou a pautar os preços.
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Alívio às vésperas da Super Quarta
Este alívio geopolítico chega em boa hora, às vésperas de uma Super Quarta que trará as decisões de política monetária tanto do Copom quanto do Federal Reserve.
A possível decisão da Opep+ de elevar a oferta de petróleo em 411 mil barris por dia derrubou a cotação da commodity, suavizando os temores inflacionários e ajudando os bancos centrais em seu dilema entre prudência e reação tardia.
É o tipo de vetor que, se bem aproveitado, pode recalibrar expectativas com menos dor — embora, como sempre, a execução faça toda a diferença.
Nos Estados Unidos, a leitura mais generosa da conjuntura abre espaço para uma extensão da recuperação recente dos ativos, desde que os dados econômicos sigam cooperando e a retórica diplomática não volte a incendiar o cenário.
O que esperar do Fed
Abril não foi exatamente um mar de tranquilidade, mas deixou sinais de que o restante do trimestre pode reservar algum alívio.
A aposta majoritária é de manutenção dos juros entre 4,25% e 4,5%, o que transfere toda a atenção para a coletiva de Jerome Powell.
Qualquer mudança de tom — por mais sutil que seja — será dissecada com lupa, dado seu potencial de alterar drasticamente o apetite global por risco.
O relatório de payroll de abril veio para desafiar as apostas: foram criadas 177 mil vagas, superando até mesmo a projeção mais otimista do mercado (175 mil).
O dado forte reacendeu as dúvidas sobre o início do ciclo de cortes pelo Fed, jogando para julho — ou mais além — a provável estreia da flexibilização monetária.
A surpresa, claro, movimentou os mercados: se por um lado afastou as esperanças de um afrouxamento precoce, por outro dissipou parte dos temores de uma recessão iminente nos EUA, mesmo sob o peso das tensões tarifárias criadas por Donald Trump.
O cenário ideal segue sendo o de uma desaceleração controlada — moderada o suficiente para justificar alívio monetário, mas sem mergulhar a economia em contração.
A guerra comercial, entretanto, segue como variável-chave para a evolução dos preços e do sentimento.
O que esperar do Copom
No Brasil, a semana começou esvaziada de novidades econômicas relevantes.
O foco do mercado está, portanto, voltado para a reunião do Copom nesta quarta-feira, que deve trazer um novo aumento de 50 pontos-base na Selic, levando a taxa para 14,75%, conforme já sinalizado em comunicações anteriores.
O ponto de interrogação agora é se esse será o ponto final do ciclo de aperto ou se o Banco Central optará por mais uma elevação residual de 25 pontos em reuniões futuras.
Seja como for, o tom deve continuar duro, refletindo a persistência inflacionária, especialmente em núcleos ligados a serviços e à rigidez do mercado de trabalho.
A autoridade monetária brasileira enfrenta uma equação cada vez mais delicada: inflação corrente acima da meta, expectativas desancoradas e um mercado de trabalho ainda quente, tudo isso somado a um ambiente fiscal expansionista promovido pelo governo — o famoso cenário de motor acelerando com o freio de mão puxado.
As políticas públicas caminham em direção oposta ao aperto monetário, o que aumenta o custo da credibilidade e pressiona ainda mais o Comitê de Política Monetária.
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Fim do ciclo de alta no horizonte
Apesar disso, começa a se delinear no horizonte o encerramento do ciclo de alta, o que abre espaço para o início do debate sobre possíveis cortes na virada do ano.
A transição para uma política monetária menos restritiva seria positiva para os ativos domésticos (juros mais baixos pressionam para cima os múltiplos, reduzem o custo financeiro e, por tabela, elevam os lucros esperados), especialmente em segmentos mais sensíveis à curva de juros, como small caps e setores intensivos em capital.
O desafio está em calibrar essa virada sem comprometer a ancoragem das expectativas — e sem dar margem para que o governo trate qualquer sinal de alívio como licença para gastar ainda mais.
Em suma, o Banco Central se aproxima do final de sua travessia, mas ainda precisa cuidar para não tropeçar na reta final.
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