Justiça de Goiás dá aval para que Banco do Brasil (BBAS3) retenha garantias dos empréstimos da AgroGalaxy (AGXY3)
O banco — que é credor de R$ 391,2 milhões — enfrenta a empresa de insumos agrícolas nos tribunais desde setembro deste ano

O mais recente balanço do Banco do Brasil (BBAS3) mostrou que o agronegócio segue como um ponto de atenção para a instituição financeira. Afinal, o banco público é responsável por cerca de 49% dos financiamentos do setor, de acordo com dados do Banco Central.
Mas os problemas envolvendo o pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy (AGXY3) fizeram estremecer as bases do Banco do Brasil.
Ainda que o banco não tenha falado diretamente sobre a AgroGalaxy, a linha do balanço que contabiliza as provisões no crédito cresceu 34,2% na comparação com os últimos 12 meses e 29,2% na base trimestral, somando R$ 10,086 bilhões — algo que já era esperado pelos analistas antes da publicação dos resultados.
E, depois de negar o pedido de suspensão dos efeitos da recuperação judicial da AgroGalaxy, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) permitiu que o Banco do Brasil retenha recebíveis dados como garantia em empréstimos da empresa.
A decisão aconteceu na última terça-feira (26), mas foi tornada pública na sexta-feira (29) e acolheu parcialmente os embargos de declaração do banco contra um acórdão anterior que havia mantido a proibição de retenção dos valores.
As ações da AgroGalaxy (AGXY3) avançam na bolsa brasileira nesta segunda-feira (2). Por volta das 13h04, os papéis disparavam 18,46%, mas ainda negociados na casa dos centavos, a R$ 0,77. No acumulado do ano, a desvalorização da varejista de insumos agrícolas na B3 beira os 79%.
Leia Também
AgroGalaxy e o Banco do Brasil: recapitulando a história
O caso começou em 18 de setembro, quando a AgroGalaxy protocolou pedido de recuperação judicial, listando dívidas de R$ 4,6 bilhões.
A juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível de Goiânia, ao aceitar o processamento, determinou que o BB se abstivesse de reter recebíveis futuros, antecipando o período de suspensão das cobranças previsto na Lei de Recuperação Judicial.
Esse período, conhecido como stay period, dá à empresa um prazo de 180 dias para negociar com credores sem o risco de bloqueios ou execuções judiciais.
Do outro lado, o Banco do Brasil — que é credor de R$ 391,2 milhões — recorreu argumentando que seus créditos, garantidos por cessão fiduciária (termo jurídico para “garantia”), não se submetem à recuperação judicial.
Disputas nos tribunais
O recurso, por meio de agravo de instrumento, foi julgado em 10 de outubro pelo juiz substituto Ricardo Silveira Dourado, que manteve a decisão de primeira instância, alegando que "é necessário o sobrestamento das excussões e constrições efetuadas livremente pelos credores para preservar e salvaguardar as atividades empresariais".
Após a negativa, o banco apresentou embargos de declaração, que foram analisados pelo desembargador Breno Caiado.
"Os créditos provenientes de garantia fiduciária não são de propriedade da empresa recuperanda, mas sim de propriedade do credor, razão pela qual o fato de serem performados em momento anterior ou posterior ao pedido de recuperação judicial não interfere em sua natureza", destacou Caiado em sua decisão.
Ele também estabeleceu como tese jurídica que "os recebíveis cedidos fiduciariamente, em garantia de mútuo bancário, não se sujeitam à recuperação judicial".
- Bancos tradicionais ou digitais: quem leva a melhor na temporada de balanços? Cadastre-se sem custos para conferir a divulgação de resultados em primeira mão
AgroGalaxy e Banco do Brasil protagonizam rusgas
A decisão representa um revés para a AgroGalaxy, que enfrenta dificuldades para reestruturar suas dívidas e manter as operações. Desde o início do processo, a empresa já fechou 95 lojas e demitiu mais de 500 funcionários.
O adiamento da divulgação de seu balanço trimestral, inicialmente previsto para novembro, agora programado para 19 de dezembro, também demonstra os desafios que a companhia enfrenta para atender às exigências financeiras e operacionais.
Além disso, o tribunal manteve Goiânia como sede do processo. O Banco do Brasil questionou a mudança de endereço da empresa para a capital goiana, sugerindo que seria uma manobra para escolher um foro mais favorável.
O desembargador Breno Caiado, porém, afirmou que "a má-fé não se presume, ela deve ser comprovada" e observou que a transferência foi aprovada em reunião do conselho de administração em abril de 2024, "com informação aos acionistas e ao mercado em geral".
Desde o início do pedido de recuperação judicial, a AgroGalaxy obteve algumas vitórias na Justiça, incluindo a liberação de R$ 4,97 milhões retidos pelo Sicoob Ouro Verde e a proibição de cortes de serviços essenciais como água e energia elétrica.
A empresa precisa apresentar seu plano de recuperação até dezembro e segue negociando com credores em meio à reestruturação.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Agrishow, a maior feira do agronegócio do país, começa hoje (28): saiba o que pode movimentar o setor em 2025
Veja como acompanhar os destaques da Agrishow 2025 mesmo à distância com a cobertura do Agro Times, editoria de agronegócio do Money Times
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Crédito do Trabalhador: BB anuncia mais de R$ 2,1 bilhões em desembolsos no empréstimo consignado
Programa de crédito consignado do BB prevê uso da rescisão e do FGTS para quitação do empréstimo em caso de demissão.
Vigilantes do Peso sucumbe à concorrência do Ozempic e pede recuperação judicial nos Estados Unidos
Ícone das dietas fundado na década de 1960 é vítima do espírito do tempo e se viu obrigada a reestruturar dívida com credores, em meio a um passivo de US$ 1,5 bilhão
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Tempo fechado: Voepass entra com pedido de recuperação judicial e culpa Latam
Essa é a segunda vez que a companhia entra com pedido de recuperação judicial; em jogo está uma dívida que gira em torno de R$ 400 milhões
Mil e uma contas a pagar: Bombril entrega plano de recuperação judicial para reestruturar dívida de mais de R$ 2 bilhões
Companhia famosa por seus produtos de limpeza entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, alegando dívidas tributárias inconciliáveis
Caiu na malha fina? Receita libera consulta ao lote de restituição do Imposto de Renda na quarta-feira
Ao todo, 279,5 mil contribuintes receberão R$ 339,63 milhões, mas há quem receberá o pagamento do lote de restituição do Imposto de Renda antes
“Liquidem agora”, ordena Milei. A decisão da Argentina que deve favorecer o Brasil
A determinação do governo argentino pode impactar os preços globais de commodities agrícolas e beneficiar as exportações brasileiras no curto prazo
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado
Agricultura regenerativa tem demanda em alta, mas requer investimentos compartilhados e incentivo ao produtor
Grandes mercados importadores apertam o cerco regulatório, mas custo da transição não pode ficar concentrado no produtor, dizem especialistas
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
COP30: O que não te contaram sobre a maior conferência global do clima e por que ela importa para você, investidor
A Conferência do Clima será um evento crucial para definir os rumos da transição energética e das finanças sustentáveis no mundo. Entenda o que está em jogo e como isso pode impactar seus investimentos.
Vítima da guerra comercial, ações da Braskem (BRKM5) são rebaixadas para venda pelo BB Investimentos
Nova recomendação reflete o temor de sobreoferta de commodities petroquímicas no cenário de troca de farpas entre Estados Unidos e o restante do mundo
Banco do Brasil (BBSA3) pode subir quase 50% e pagar bons dividendos — mesmo que a economia degringole e o agro sofra
A XP reiterou a compra das ações do Banco do Brasil, que se beneficia dos juros elevados no país
Agro sustentável: é preciso ‘tropicalizar’ as metodologias para um futuro de baixo carbono, diz especialista
Conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio destaca potencial do Brasil e aponta desafios da monetização para produtores e investidores atentos à transição verde
Obrigado, Trump: China aumenta compra de soja brasileira e Santander vê uma empresa bem posicionada para se beneficiar da maior demanda
A guerra de tarifas entre China e Estados Unidos nem esfriou e as empresas asiáticas já começaram os pedidos de soja brasileira: 2,4 milhões de toneladas nesta primeira semana
Ações da AgroGalaxy (AGXY3) sobem na bolsa após aprovação do plano de recuperação judicial
O plano foi aprovado na madrugada desta quinta-feira (10), depois de questionamentos dos credores
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China