As operações globais da JBS (JBSS3) estão sob nova direção. A gigante do mercado de proteína animal anunciou hoje que Wesley Batista Filho será o novo presidente global de operações.
Ele sucederá André Nogueira, que deixará o cargo em 1º de novembro.
Assim que deixar a função, Nogueira, terá papel consultivo e passará a integrar o conselho consultivo da JBS USA. Ele também continuará a fazer parte do Conselho de Administração da Pilgrim’s, subsidiária da JBS.
Carreira toda ligada à JBS (JBSS3)
Filho do empresário Wesley Batista e neto de José Batista Sobrinho (um dos fundadores da JBS), Wesley Batista Filho foi à Suíça aos 15 anos para cursar o ensino médio no Lyceum Alpinum Zuoz. Posteriormente, graduou-se na Universidade Estadual do Colorado.
Neto do dono, teve a carreira profissional totalmente atrelada à JBS - ou a empresas ligadas ao grupo:
- Trainee da JBS - EUA (2010-2011)
- Líder de exportações (2011-2012)
- Presidente da JBS - Uruguai e Paraguai (2012-2013)
- Presidente da JBS - Canada (2014-2016)
- Presidente da JBS - Fed Beef (2016-2017)
- CEO da JBS - América do Sul (2017- jan 2022)
- Presidente Global de Operações na América Latina, Oceania e do negócio de plant-based (jan 2022 - nov 2022)
As polêmicas de Wesley Batista Filho
Wesley Batista Filho já foi convocado para depor na CPI dos Incentivos Fiscais, instaurada no estado de Goiás. No entanto, conseguiu uma liminar de última hora e não compareceu.
A comissão parlamentar de inquérito investigava o baixo retorno para a economia do estado dos incentivos fiscais concedidos às empresas baseadas em Goiás entre 2014 a 2018.
Relembrando o passado
O grupo JBS já esteve envolvido em problemas com a justiça que causaram um alvoroço no mercado financeiro e para economia brasileira como um todo. A Operação Carne Fraca, feita pela Polícia Federal em dia 17 de março de 2017 é prova disso.
O objetivo da operação era desestruturar um esquema de propinas pagar por donos de frigoríficos a fiscais do Ministério da Agricultura em troca de certificados sanitários.
O episódio provocou desconfiança quanto à qualidade da carne brasileira no cenário internacional, fazendo com que alguns países embargassem sua importação.
A JBS era uma das empresas investigadas no caso. Mas o que estava ruim ficaria ainda pior.
Operação Carne Fraca
Dois meses depois da operação ocorreria o vazamento de áudios de uma conversa comprometedora entre o então presidente Michel Temer e Joesley Batista (tio de Wesley Batista Filho), um dos sócios da JBS.
Joesley gravou escondido partes da conversa com Temer e as entregou como parte de um acordo de uma delação premiada com a Polícia Federal.
A conversa aconteceu no Palácio Jaburu, em uma reunião fora da agenda oficial, em 7 de março daquele ano, uma semana e meia antes da eclosão da Operação Carne Fraca.
A conversa girava em torno de Joesley manter o pagamento de propinas para Eduardo Cunha (que já se encontrava preso) em troca de seu silêncio sobre esquemas de corrupção envolvendo diversos políticos.
Na mesma reunião extra-oficial, Joesley admitiu ter subornado um procurador e juízes.
Durante a conversa, Joesley também questionou quem seria o novo intermediário entre ele e Temer.
Temer então teria apontado o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) como novo intermediário. Algumas semanas depois, a Polícia Federal filmou Rocha Loures saindo de uma pizzaria com uma maleta contendo R$ 500 mil e embarcando em um táxi.
Joesley Day
Ocorrido à noite, o vazamento do áudio provocou pânico no mercado financeiro no dia seguinte, 18 de maio.
A data entrou para a história da bolsa brasileira como Joesley Day em meio a temores de que Michel Temer, que assumira a presidência depois da abertura do processo de impeachment contra Dilma Roussef, tivesse o mesmo destino da ex-presidente.
Num intervalo de menos de uma hora, o índice Ibovespa caiu 12%, o que desencadeou o primeiro circuit-breaker na bolsa brasileira desde a crise de 2008.