Nem todos se lembram, mas a primeira instituição financeira a permitir a abertura de uma conta digital, com todo o processo pelo telefone celular, foi o Banco Original.
Mas a instituição financeira controlada pela família Batista, da JBS, acabou ficando para trás na briga dos bancos digitais. Com 7 milhões de clientes, acabou superado tanto por novatos como Nubank e Inter como pelas iniciativas dos bancões tradicionais.
Pois agora o Banco Original tenta recuperar espaço com um novo CEO. José Antônio Batista assume o comando da instituição no lugar de Alexandre Abreu, que foi presidente do Banco do Brasil.
O sobrenome Batista não é coincidência: José Antônio é sobrinho de Joesley e Wesley Batista, os irmãos que controlam a gigante de alimentos JBS. O Banco Original integra a holding J&F, que concentra os investimentos da família.
Antes do banco, José Antônio Batista estava à frente da operação do PicPay. Ele tem no currículo, portanto, o forte crescimento da carteira digital, que superou a marca dos 60 milhões de clientes no ano passado.
O PicPay chegou a tentar abrir o capital em uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em Nova York no ano passado, mas o processo não foi adiante. Eduardo Chedid deve assumir a posição de CEO do PicPay no lugar de José Antônio Batista, de acordo com informações da imprensa.
Banco Original: histórico de prejuízos
O crescimento do PicPay veio acompanhado de prejuízos milionários, um problema que José Antônio Batista também terá de enfrentar no Banco Original.
A instituição ficou no vermelho nos últimos três anos. Em 2021, o prejuízo foi de R$ 1,058 bilhão, mais que o dobro do ano anterior. Vale destacar, porém, que a perda vem justamente do PicPay, que é consolidado junto com o conglomerado dentro do balanço.
Para manter o banco, os controladores vêm colocando dinheiro novo para sustentar as operações dentro dos limites de capital regulatórios. Apenas no ano passado, o Banco Central homologou dois aumentos de capital no Original, no total de R$ 400 milhões.
Por fim, em fevereiro deste ano, o Original também emitiu R$ 500 milhões em letras financeiras de nível 2, títulos de dívida que podem compor o capital, em uma "negociação privada com investidor profissional".
Após a publicação desta matéria, o Original entrou em contato para informar que a emissão da letra financeira "foi um investimento de mercado, de um investidor que acredita no banco".