Por que o Bank of America cortou o preço-alvo das ações dos bancos brasileiros, mas ainda recomenda comprar os papéis?
Resultados dos bancos no primeiro trimestre foram bons, mas a revisão tem mais a ver com a conjuntura macroeconômica global

Parece estranho escrever que o Bank of America (BofA) revisou para baixo o preço-alvo das ações dos bancos brasileiros, mesmo que eles tenham apresentado resultados consistentes no primeiro trimestre de 2022.
Só que foi exatamente isso que aconteceu.
E, para provocar ainda mais dúvidas, o BofA continua recomendando a compra da maioria dos bancões.
Mas se os resultados do primeiro trimestre foram bons, por que o BofA cortou as estimativas de preço-alvo? A explicação tem menos a ver com os balanços e mais a ver com a conjuntura macroeconômica global.
Antes de mais nada, precisamos dar um passo atrás e detalhar um conceito da avaliação de empresas (valuation) chamado “cost of equity”, ou COE.
O COE do valuation consiste no retorno que um investidor espera receber após aportar seu dinheiro em algum negócio. Neste caso, nos bancos brasileiros.
Leia Também
(Nota: não confundir com o Certificado de Operações Estruturadas - COE, produto financeiro que mescla ativos de renda fixa e renda variável.)
Um dos componentes da equação do COE é quanto os investimentos livres de risco, como os títulos do Tesouro americano (Treasuries), estão pagando.
E, com o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, esse parâmetro subiu - e isso eleva o COE como um todo.
O COE, por sua vez, entra no modelo matemático do BofA para calcular os preços-alvo das ações.
E, assim, chegamos à revisão para baixo dos preços-alvos dos papéis dos bancões brasileiros:
Banco | Rating | Preço-alvo anterior | Preço-alvo novo | Potencial de alta* |
Banco do Brasil (BBAS3) | Compra | R$ 50 | R$ 46 | 28,1% |
Bradesco (BBDC4) | Compra | R$ 25 | R$ 23 | 17,6% |
Itaú Unibanco (ITUB4) | Compra | R$ 32 | R$ 30 | 20,5% |
Santander (SANB11) | Neutro | R$ 38 | R$ 37 | 12,1% |
*Em relação ao fechamento de 18/05/2022.
Bancos: recomendação de compra
Conforme mostrado na tabela acima, o BofA recomenda comprar ações do Banco do Brasil (BBAS3), do Bradesco (BBDC4) e do Itaú Unibanco (ITUB4), mas não do Santander (SANB11).
O BofA revisou suas projeções para o lucro dos bancos levando em conta os resultados do primeiro trimestre.
Assim, as estimativas para os números do Itaú e do Bradesco ficaram estáveis em relação às projeções anteriores. Ao mesmo tempo, as do Banco do Brasil subiram 7% devido a menores custos com provisões.
Por outro lado, a projeção para o lucro do Santander foi revisada para baixo em 4% por causa do aumento dos custos com provisões.
No total do setor bancário, o BofA projeta um aumento de 12% nos lucros em 2022.
No primeiro trimestre, o lucro médio dos bancos brasileiros cresceu 14% na comparação anual, acima das estimativas do BofA.
O retorno sobre o patrimônio (ROE) médio também melhorou do quarto trimestre de 2021 para o primeiro trimestre de 2022, de 18,6% para 19,3%.
A boa performance nos primeiro três meses de 2022 foi resultado de uma combinação de fatores, segundo o BofA:
- Receita líquida de juros (NII) com clientes crescendo mais rápido que a carteira de crédito;
- Inadimplência e despesas com provisões sob controle;
- Crescimento das despesas abaixo da inflação.
Se essas premissas se mantiverem nos próximos trimestres, devemos ver resultados ainda mais robustos do bancos brasileiros.
Leia também:
- Com lucro recorde no 1T22, Banco do Brasil (BBAS3) vai revisar guidance ‘no momento oportuno’
- Lucro do Itaú (ITUB4) sobe 15% no 1T22; veja o que fez o resultado superar a previsão do mercado
- Bradesco (BBDC4) prevê que inadimplência para de subir no segundo semestre; banco anuncia recompra de ações
- Tem Santander (SANB11) na carteira? Itaú BBA diz que é melhor vender
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Nubank (ROXO34) recebe autorização para iniciar operações bancárias no México
O banco digital iniciou sua estratégia de expansão no mercado mexicano em 2019 e já conta com mais de 10 milhões de clientes por lá
Como fica a bolsa no feriado? Confira o que abre e fecha na Sexta-feira Santa e no Dia de Tiradentes
Fim de semana se une à data religiosa e ao feriado em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira para desacelerar o ritmo intenso que tem marcado o mercado financeiro nos últimos dias
CDBs do Banco Master que pagam até 140% do CDI valem o investimento no curto prazo? Títulos seguem “baratos” no mercado secundário
Investidores seguem tentando desovar seus papéis nas plataformas de corretoras como XP e BTG, mas analistas não veem com bons olhos o risco que os títulos representam
Coalizão de bancos flexibiliza metas climáticas diante de ritmo lento da economia real
Aliança global apoiada pela ONU abandona exigência de alinhamento estrito ao limite de 1,5°C e busca atrair mais membros com metas mais amplas
Banco do Brasil (BBSA3) pode subir quase 50% e pagar bons dividendos — mesmo que a economia degringole e o agro sofra
A XP reiterou a compra das ações do Banco do Brasil, que se beneficia dos juros elevados no país
Senta que lá vem mais tarifa: China retalia (de novo) e mercados reagem, em meio ao fogo cruzado
Por aqui, os investidores devem ficar com um olho no peixe e outro no gato, acompanhando os dados do IPCA e do IBC-Br, considerado a prévia do PIB nacional
JP Morgan eleva avaliação do Nubank (ROXO34) e vê benefícios na guerra comercial de Trump — mas corta preço-alvo das ações
Para os analistas do JP Morgan, a mudança na avaliação do Nubank (ROXO34) não foi fácil: o banco digital ainda enfrenta desafios no horizonte
BRB vai ganhar ou perder com a compra do Master? Depois de S&P e Fitch, Moody’s coloca rating do banco estatal em revisão e questiona a operação
A indefinição da transação entre os bancos faz as agências de classificação de risco colocarem as notas de crédito do BRB em observação até ter mais clareza sobre as mudanças que podem impactar o modelo de negócios
FII PVBI11 cai mais de 2% na bolsa hoje após bancão chinês encerrar contrato de locação
Inicialmente, o contrato não aplicava multa ao inquilino, um dos quatro maiores bancos da China que operam no Brasil, mas o PVBI11 e a instituição chegaram a um acordo
Banco Master: Reunião do Banco Central indica soluções para a compra pelo BRB — propostas envolvem o BTG
Apesar do Banco Central ter afirmado que a reunião tratou de “temas atuais”, fontes afirmam que o encontro foi realizado para discutir soluções para o Banco Master
A compra do Banco Master pelo BRB é um bom negócio? Depois da Moody’s, S&P questiona a operação
De acordo com a S&P, pairam dúvidas sobre os aspectos da transação e a estrutura de capital do novo conglomerado, o que torna incerto o impacto que a compra terá para o banco público
Lucro do Banco Master, alvo de compra do BRB, dobra e passa de R$ 1 bilhão em 2024
O banco de Daniel Vorcaro divulgou os resultados após o término do prazo oficial para a apresentação de balanços e em meio a um negócio polêmico com o BRB
Banco Master: Compra é ‘operação resgate’? CDBs serão honrados? BC vai barrar? CEO do BRB responde principais dúvidas do mercado
O CEO do BRB, Paulo Henrique Costa, nega pressão política pela compra do Master e endereça principais dúvidas do mercado
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Impasse no setor bancário: Banco Central deve barrar compra do Banco Master pelo BRB
Negócio avaliado em R$ 2 bilhões é visto como ‘salvação’ do Banco Master. Ativos problemáticos, no entanto, são entraves para a venda.
Nubank (ROXO34): Safra aponta alta da inadimplência no roxinho neste ano; entenda o que pode estar por trás disso
Uma possível explicação, segundo o Safra, é uma nova regra do Banco Central que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano.