Os resultados do Santander Brasil (SANB11) no primeiro trimestre levantaram sinal de alerta dos analistas do Itaú BBA, que passaram a recomendar a venda do papel. Na classificação utilizada pelo Itaú BBA, o Santander está com nota 'underperform', que significa uma expectativa de desempenho abaixo da média do mercado.
O Itaú BBA também estabeleceu um preço justo para a ação de R$ 31,00, ligeiramente abaixo do preço de fechamento de ontem (27), quando o papel encerrou o dia a R$ 31,30. Nesta quinta-feira (28), a ação do Santander caía 2,28%, a R$ 31,24, por volta das 12h30.
"O banco está entrando num período de alta mais pronunciada da inadimplência", escreveram os analistas do Itaú BBA em relatório enviado a clientes.
Para o Itaú BBA, os resultados "suaves" do primeiro trimestre serão, provavelmente, os mais fortes do ano inteiro, uma vez que as provisões e os custos operacionais devem continuar crescendo em ritmo maior do que a receita líquida.
Dessa forma, os analistas reduziram as estimativas de lucro para o ano em 5%, para R$ 14,7 bilhões, com uma rentabilidade de 18,6%.
Projeções para inadimplência no Santander pioram
Para o segundo trimestre, o Itaú BBA já vê que os indicadores iniciais sugerem uma pressão crescente sobre a inadimplência. No ano, ela deve chegar a 3,6%, acima do nível pré-pandemia de 3,0%.
De acordo com o Itaú BBA, o índice de cobertura total de 215% está se aproximando da média histórica de 200% e não acomodaria uma aceleração da inadimplência.
"Portanto, esperamos que o lucro piore nos próximos trimestres", afirmaram os analistas.
Riscos não se estendem a outros grandes bancos
O Itaú BBA frisou que os motivos para o rebaixamento da nota do Santander (SANB11) não devem se estender aos outros bancões, especialmente ao Banco do Brasil, principal escolha do Itaú BBA para o setor.
"BB é menos sensível ao crédito de pessoa física, o que significa menor pressão de inadimplência", disse o Itaú BBA.
Já no caso dos bancos digitais, a leitura é outra. As preocupações com o crédito no público pessoa física são válidas e levaram a uma recente revisão das estimativas para o Nubank.
Inadimplência foi destaque negativo do Santander (SANB11)
O aumento da inadimplência foi, de fato, um dos maiores - senão o maior - destaque negativo do balanço do Santander no primeiro trimestre, retomando os níveis de março de 2020, início da pandemia. O índice de empréstimos em atraso acima de 90 dias subiu 0,9 p.p. no ano, para 4%, entre pessoas físicas.
Já o índice total, considerando também empresas, aumentou 0,77 p.p. no ano e atingiu 2,9% em março de 2022.
Chamou a atenção, ainda, a disparada da inadimplência entre 15 e 90 dias, que saltou de um trimestre para o outro. De dezembro de 2021 para março de 2022, esse índice passou de 3,5% para 4,2%. Na pessoa física, foi de 5% para 5,9%.
Dessa forma, o Santander teve de elevar o saldo de provisões para créditos de liquidação duvidosa, que chegou a R$ 28,4 bilhões, alta de 10,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2021.
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