Com a escalada da inflação no Brasil e o fim do Auxílio Emergencial, os saques na poupança superaram os depósitos pelo terceiro mês consecutivo, com uma retirada líquida de R$ 7,43 bilhões em outubro, informou nesta sexta-feira (5) o Banco Central.
Esse foi o maior saque líquido para meses de outubro na série histórica, iniciada em 1995. Em setembro, a retirada líquida (R$ 7,7 bilhões) também havia sido recorde para o mês.
A diferença entre entradas e retiradas, que havia sido impulsionada pela volta dos pagamentos do auxílio emergencial, ficou negativa graças aos R$ 285,5 bilhões em saques em outubro, contra R$ 278,07 bilhões de aportes na caderneta.
Considerando o rendimento de R$ 3,285 bilhões da caderneta, o saldo total das contas também caiu pelo terceiro mês consecutivo para R$ 1,027 trilhão.
No acumulado de janeiro a outubro deste ano, a população retirou R$ 30,779 bilhões líquidos da caderneta. Em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, a poupança chegou a registrar dez meses consecutivos de depósitos líquidos (de março a dezembro).
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Tempos de glória ficaram para trás?
Agosto foi o quinto mês de 2021 em que os saques superaram os depósitos na poupança. Nos meses de janeiro, fevereiro, março e agosto os brasileiros também haviam retirado recursos da caderneta. No acumulado de janeiro a agosto, a população sacou R$ 15,629 bilhões líquidos da caderneta.
No ano passado, a aplicação havia sido favorecida pelo pagamento do auxílio e chegou a registrar dez meses seguidos de depósitos líquidos. Mas, com a interrupção do benefício, o primeiro trimestre de 2021 foi marcado pela retirada de recursos.
Pesaram também as tradicionais despesas de início de ano — IPTU, IPVA, matrículas de filhos e gastos com material escolar —, e o brasileiro recorreu à poupança para fechar as contas.
De abril a agosto, porém, o resultado positivo foi influenciado pela volta do pagamento do auxílio emergencial para uma parcela da população. Os depósitos começaram a ser feitos em 6 de abril.
Inflação pesa para os "poupanceiros"
Agora, em meio à alta da inflação, a poupança voltou a registrar mais retiradas que aportes. Mesmo com a remuneração subindo, a aplicação não consegue acompanhar a alta dos preços.
Vale lembrar que o rendimento dos depósitos é definido pela taxa básica de juros brasileira. Em sua última reunião, o Banco Central elevou a Selic pela sexta vez consecutiva, para 7,75% ao ano, indicando um novo aumento da mesma magnitude no próximo encontro.
De volta a poupança, sempre que a taxa está abaixo dos 8,5% ao ano, a caderneta paga a taxa referencial (TR) — atualmente zerada —, mais 70% da Selic. Ou seja, seu rendimento está em 5,425% ao ano. Porém, os economistas preveem que a alta dos preços chegue a 9,17% no final de 2021.
*Com informações do Estadão Conteúdo