Quer se proteger da avalanche dos juros? Veja os melhores fundos imobiliários para investir em novembro
A trajetória de alta da Selic já estava precificada pelo setor, mas os FIIs contavam que o risco fiscal voltasse ao centro do radar e provocasse uma avalanche na curva de juros
Depois de dois meses seguidos de queda, os fundos imobiliários começam outubro com boas perspectivas. Alpinistas experientes, os FIIs escalavam o gráfico de desempenho ponto a ponto e chegaram a subir mais de 1% na primeira metade do mês.
Apesar de preocuparem, os ventos trazidos pela trajetória de alta da taxa Selic já estavam previstos e precificados pelo setor. Os FIIs só não contavam que o risco fiscal voltasse ao centro do radar e provocasse uma avalanche na curva de juros.
O furo no teto de gastos, aberto para acomodar despesas com o Auxílio Brasil, caiu como uma bomba para todos os ativos de renda variável. Quem apostava na resistência do ministro da Economia — um dos principais defensores desse pilar para a saúde fiscal do país — para conter a manobra, se decepcionou.
Depois de sucessivas derrotas para a ala política, Paulo Guedes se retirou da discussão e isentou-se de responsabilidade pelo formato do programa social. Com a “licença para gastar” aprovada pelo ministro, a PEC dos Precatórios, que vai sacramentar o drible na regra, caminha a passos largos no Congresso. O texto ganhou o primeiro dos dois sinais verdes necessários na Câmara na semana passada; o segundo turno da votação deve ocorrer amanhã (9).
Ventania altera plano de voo do BC
O impacto da medida não foi sentido apenas pelos ativos alpinistas. O avião do Banco Central, que sobrevoa o Everest financeiro e acompanha os movimentos do mercado, também foi afetado pela tempestade.
O presidente do órgão e comandante da aeronave, Roberto Campos Neto, havia reforçado que não alteraria o plano de voo a cada nova leva de dados econômicos. Em setembro, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) deixou contratada uma nova alta de 1 ponto percentual para a taxa básica de juros brasileira.
Leia Também
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Mas, com a rota prejudicada pelos novos rumos fiscais, os dirigentes recalcularam o rumo da Selic. A taxa foi elevada em 1,50 ponto percentual, para 7,75% ao ano, e deve passar por mais uma alta semelhante na próxima reunião, encerrando o ano em 9,25%.
Com isso, o que caminhava para ser um mês de recuperação terminou com a terceira derrota seguida dos FIIs. O IFIX, índice que mede o comportamento dos fundos mais negociados na Bolsa, encerrou outubro com um recuo de 1,47% e acumula perdas de 6,78% em 2021.
Por que os FIIs sofrem com a alta da Selic?
Mas o que a pressão na curva de juros tem a ver com o desempenho dos fundos imobiliários? A resposta para essa pergunta passa por dois fatores principais.
O primeiro é que alta nos juros aumenta também os retornos dos produtos de renda fixa. O cenário é um prato cheio para alimentar os investimentos mais conservadores. Títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, por exemplo, já pagam mais de 5,5% ao ano de juro real.
Na hora de calcular a rentabilidade e os riscos, os FIIs acabam em desvantagem e sua atratividade é reduzida. Além disso, os juros salgados também encarecem as construções e o crédito, incluindo os financiamentos de longo prazo - menos afetados que os de curto prazo, mas dos quais o setor imobiliário é muito dependente.
Há esperanças no setor
Quem tende a ver o copo sempre meio cheio pode encarar o momento como uma boa oportunidade para pagar barato por fundos de tijolo, especialmente afetados pelo redemoinho fiscal e político.
Para quem não gosta de arriscar nas quedas, porém, vale destacar que nem todos os FIIs sofrem com a alta dos juros. Na verdade, os fundos de papel, que investem em títulos de renda fixa relacionados ao mercado imobiliário, podem ser até beneficiados pela Selic crescente.
Isso porque sua rentabilidade está normalmente atrelada a indexadores que se alimentam desse cenário um tanto quanto caótico, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) e o Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Um exemplo dessa classe de ativos são os recebíveis imobiliários (CRI), os únicos a escaparem da queda em outubro. Veja abaixo:
| Segmento | Rentabilidade em outubro |
| Recebíveis imobiliários | 0,94% |
| Shoppings/Varejo | -0,84% |
| IFIX | -1,47% |
| Híbridos | -2,06% |
| Logístico/Industrial | -2,47% |
| Fundos de fundos | -2,94% |
| Outros | -3,49% |
| Escritórios | -4,86% |
Conheça os fundos imobiliários preferidos para novembro
O fundo de investimento favorito das corretoras em novembro também faz parte dessa classe de ativos: o VBI CRI (CVBI11). O FII recebeu novamente quatro recomendações — foi mantido nos top três de Ativa, Guide, Necton e Santander — e é, pela quarta vez consecutiva, ouro no pódio do Seu Dinheiro.
Quem acompanhou a nossa indicação no mês passado viu o ativo ficar praticamente no zero a zero, com alta de 0,04%. Mas, apesar de tímido, o resultado ainda passa longe da queda de 1,47% do IFIX no período.
Para a segunda posição foi preciso aumentar a produção de medalhas de prata, pois tivemos um empate entre cinco fundos: Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11), Kinea Índice de Preços (KNIP11) RBR Rendimento High Grade (RBRR11), TRX Real Estate (TRXF11) e Valora RE III (VGIR11), com duas recomendações cada.
Confira a seguir os três fundos preferidos de cada corretora entre os indicados nas suas respectivas carteiras recomendadas para novembro:
Veja também os fundos mais promissores para o restante de 2021. Confira no vídeo abaixo (e aproveite para seguir o canal do Seu Dinheiro no YouTube para receber mais conteúdos como esse):
VBI CRI (CVBI11) — esquiando na tempestade
Longe de se assustar com a avalanche dos juros, o campeão de novembro tirou os esquis do armário e surfa pela neve, desviando de obstáculos que costumam atrapalhar a vida de outros FIIs.
O feito é possível graças às características centrais de seu portfólio: enquanto o avanço da Selic e o sopro do dragão inflacionário assustam muitos investidores, quem aposta no VBI CRI (CVBI11) pode lucrar com a alta dos preços e dos juros.
O produto investe majoritariamente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras Hipotecárias (LH), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), classes de ativos cujos rendimentos podem estar diretamente ligados à alta da inflação e das taxas de juros.
Para se ter uma ideia do impacto dos índices, 69% do portfólio do fundo é composto por títulos indexados ao IPCA e 31% por títulos ligados ao CDI. Com 35 ativos na carteira, a taxa média de alocação é: IPCA + 6,9% e CDI + 3,6%.
Com isso, desde que entrou em nossa seleção, a projeção de rendimentos do FII tem crescido mês a mês. Segundo os analistas do Santander, o dividend yield — indicador que mede o rendimento de um ativo a partir do pagamento de dividendos — previsto para os próximos 12 meses fica em torno dos 11,5%.
O portfólio do fundo, que é considerado diversificado pelas corretoras, ganhou uma adição recentemente com a alocação de R$ 44,6 milhões no CRI Cash ME VIII, com taxa de IPCA+ 5,75% ao ano.
Agora, 90,3% do patrimônio líquido do VBI CRI está alocado em certificados de recebíveis imobiliários com rentabilidade média de 13,7% ao ano. Confira abaixo os percentuais de alocação por segmento:
- Residencial (27%);
- Logística (21%);
- Loteamento (20%);
- Shopping (14%);
- Outros (12%);
- Educacional (6%);
O Santander aponta que a concentração nos setores de Logística, Loteamento e Residencial, que respondem por 68% do total dos investimentos, é um fator de risco aos investidores, mas assegura que o produto segue uma política de crédito bem estruturada pela gestora.
O banco afirma que, com os recursos de sua sexta emissão de cotas (R$ 330 milhões), o fundo “poderá diversificar ainda mais a carteira de CRIs e aproveitar melhores oportunidades nas operações estruturadas”.
A operação, aprovada em meados de setembro, será realizada com preço de subscrição por cota de R$ 101. Segundo o prospecto definitivo, os cotistas com Direito de Preferência poderão exercer a opção até amanhã (9). Para mais novidades, acompanhe a página de comunicados ao mercado do CVBI11.
Repercussão — entre mortos e feridos
Em mais um período com ganhos escassos para os FIIs, um dos destaques da seleção de outubro — o Valora RE III (VGIR11), segundo lugar no pódio do mês passado — liderou a ponta positiva da tabela, com alta de 2,90%.
Apesar da alta tímida em outubro, o VBI CRI, nosso campeão, também garantiu a sobrevivência em um mês no qual apenas seis dos indicados pelos analistas anotaram ganhos. Veja na tabela a seguir o desempenho de todos os fundos dos top 3 das corretoras em outubro:
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
