Copom muda o plano no meio do voo e contrata mais uma alta de 1,5 ponto porcentual da Selic
Confirmação da mudança do ‘plano de voo’ do BC consta da ata da última reunião de política monetária, divulgada hoje pela manhã; se confirmada, taxa básica de juro fechará 2021 a 9,25% ao ano
Até algumas semanas atrás, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmava dispor de um “plano de voo”.
Mas não parava por ali: ele assegurava que o tal plano de voo não seria alterado a cada novo vento contrário que, na forma de dados econômicos, eventualmente pudesse causar turbulência à economia brasileira.
Na época do comentário, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC previa a manutenção do ritmo de aperto monetário iniciado no primeiro semestre em 1 ponto porcentual.
Aperto acelerado
Na semana passada, porém, a deterioração das expectativas em relação à economia e a aceleração inflacionária refletidas na taxa de câmbio e nos contratos de juros futuros forçou o Copom a elevar a taxa Selic em 1,5 ponto porcentual, a 7,75% ao ano.
Hoje, confirmando a sinalização contida no comunicado divulgado pelo Copom depois da reunião da semana passada, a ata do encontro antecipa a contratação de uma nova alta de 1,5 ponto porcentual na próxima reunião de política monetária em dezembro.
Depois da manobra do governo para alterar o teto de gastos, o BC repetiu que, diante da deterioração no balanço de riscos e do aumento de suas projeções, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante.
Se o novo plano não mudar até lá, a taxa básica de juro no Brasil deve fechar 2021 em 9,25% ao ano.
Cenários avaliados
No documento, o Copom admite, inclusive, que avaliou cenários com ritmos de ajustes superiores a 1,5 ponto porcentual.
"Prevaleceu, no entanto, a visão de que trajetórias de aperto da política monetária com passos de 1,5 ponto percentual, considerando taxas terminais diferentes, são consistentes, neste momento, com a convergência da inflação para a meta em 2022, mesmo considerando a atual assimetria no balanço de riscos", diz a ata da reunião.
Balanço de riscos
O Copom fez um acréscimo em seu balanço de riscos, reconhecendo que a alteração nos rumos fiscais pesou na decisão de apertar o passo na alta da Selic, apesar de o desempenho mais positivo das contas públicas nos últimos meses.
"O Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico", destacou o Copom na ata.
Projeções
A ata do último encontro do Copom indica que a projeção para o IPCA de 2021 no cenário básico está em 9,5%. Este cenário pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus, na edição anterior à reunião da semana passada (8,75% no fim de 2021, chegando a 9,75% no fim do ciclo e terminando 2022 em 9,50%, com o fim de 2023 em 7%) e o câmbio partindo de R$ 5,60 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Para 2022, a projeção está em 4,1% e, para 2023, em 3,1%.
Para o cálculo das projeções, o BC utilizou taxa de câmbio partindo de R$ 5,60, que é a média da taxa de câmbio observada nos cinco dias úteis encerrados no dia 22 de outubro.
Na ata da reunião anterior, de 21 e 22 de setembro, as projeções de inflação no cenário básico (juros Focus e câmbio PPC) eram de 8,5% para 2021, 3,7% para 2022 e 3,2% para 2023.
Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora
Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade
Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda
Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro
O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?
De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal
Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso
Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses
Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda
Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado
Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”
O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar
Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420
As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia
Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas
O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC
Leia Também
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)