Fala de Guedes alivia a queda, mas Ibovespa segue varejo fraco e recua — assim como o dólar
Os dados do varejo frustraram as expectativas dos investidores e arrastaram para baixo a bolsa brasileira. Já o dólar seguiu o movimento global, na expectativa por estímulos nos Estados Unidos
Sabe aqueles dias que parece que nada anda conforme o planejado? Pois é, o mercado financeiro global viveu um desses dias no pregão desta quarta-feira (10).
Aqui no Brasil, a frustração dos investidores começou já nas primeiras horas do dia, com os tão esperados números das vendas no varejo de dezembro. O tombo foi grande, bem maior do que o esperado pelos analistas, o que trouxe uma visão negativa a um cenário que já não pendia para o lado positivo.
Aliás, a aprovação do texto de autonomia do Banco Central, que poderia dar um gás para os negócios, acabou não entrando na conta. Para Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos, esse foi um tema já precificado no pregão de ontem.
Nos Estados Unidos, pela manhã, também foi um dia de divulgação importante. A inflação americana subiu 0,3% em janeiro, em linha com o esperado pelo mercado. O número chegou a impulsionar os negócios em Wall Street por um tempo, mas não deu fôlego ao mercado acionário até o fim do dia.
No câmbio, no entanto, a reação fraca do índice reforçou a expectativa de que o Federal Reserve deve seguir atuando. Em pronunciamento no fim do dia, o presidente da instituição, Jerome Powell, reforçou que essa deve ser de fato a linha adotada pela instituição.
Com isso, o dólar caiu em escala global. Por aqui, a moeda americana operou em alta durante boa parte do dia, mas um alívio pontual na preocupação fiscal fez com que a divisa recuasse 0,22%, a R$ 5,3711.
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Ao Ibovespa, restou pesar o desaquecimento da economia com a falta de norte sobre como uma nova rodada do auxílio emergencial deve ser financiada. Com isso, o principal índice da bolsa brasileira terminou o dia em queda de 0,87%, aos 118.435,33 pontos, longe da mínima dos 117.900 pontos.
Os contratos de juros futuros também repercutiram os números mais fracos do varejo e contaram com uma ajuda de Paulo Guedes para aliviarem o movimento de alta na ponta mais longa. É que o ministro da Economia disse ter confiança no “bom senso dos parlamentares” com relação às contrapartidas fiscais pedidas pela equipe econômica para que o auxílio emergencial de fato volte a circular.
Depois de um dia pressionado pela questão fiscal, confira as taxas de fechamento:
- Janeiro/2022: de 3,40% para 3,38%
- Janeiro/2023: de 5,00% para 4,89%
- Janeiro/2025: de 6,48% para 6,41%
- Janeiro/2027: de 7,12% para 7,10%
Papai Noel não ajudou
Dezembro, normalmente o paraíso do varejo, foi um mês para se esquecer em 2020. Em números divulgados pela manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo restrito acumulou uma alta de 1,2% no ano, mas a mediana das projeções apontavam uma alta de 1,65%. Em dezembro, a queda foi de 6,1%, a maior para o mês na série histórica. A estimativa dos analistas era um recuo de 3,20%.
Na leitura da economista Camila Abdelmalack, o número amplia a perspectiva de recuperação lenta da economia. Com o fim do auxílio emergencial em dezembro, as famílias anteciparam para outubro e novembro a aquisição de bens industrializados.
Esse número fraco do varejo deve refletir também sobre a pressão que tem sido feita pelos parlamentares para que o auxílio emergencial volte a ser distribuído, ainda que por um número menor de parcelas e no valor máximo de R$ 200. “Vemos que o auxílio de R $200,00, mesmo com equilíbrio fiscal, não deve ser o suficiente para gerar tração econômica. Para uma pessoa que realmente precisa desse auxílio como fonte de renda, é muito difícil pensar que ela vai consumir algo sem ser esses bens essenciais ou não duráveis”, comentou.
Relembrando: o mercado teme que uma nova rodada do auxílio emergencial ocorra sem uma contrapartida fiscal, uma ideia ventilada pelo novo presidente do Senado. Essa opção pode prejudicar ainda mais as contas públicas. Nos últimos dias, diversos ruídos sobre possíveis formas de financiamento foram levantados, mas o tema segue incerto e, enquanto isso, pesando nos mercados.
O clima deu uma melhorada no fim da tarde, após declarações do ministro da Economia Paulo Guedes. O ministro descartou a possibilidade de que um imposto temporário seja utilizado para arrumar recursos extras e também jogou certa responsabilidade para cima dos congressistas. Guedes cobrou a aprovação do Orçamento deste ano e pediu bom senso na análise das contrapartidas fiscais.
De olhos nos estímulos
No exterior, as bolsas americanas chegaram a bater novos recordes intraday, com os dados positivos da inflação, mas recuaram logo em seguida, e acabaram fechando o dia mistas. O Dow Jones renovou a sua máxima histórica de fechamento, com alta de 0,20%, mas o Nasdaq e o S&P 500 recuaram respectivamente 0,25% e 0,03%.
O dia foi de expectativa pelo pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o que ocorreu no meio da tarde. Powell reafirmou o compromisso com a manutenção de uma política monetária acomodatícia até que a economia americana se recupere de fato: o que é sinônimo de continuidade dos estímulos. Além disso, as perspectivas para a aprovação do pacote do presidente Joe Biden, de US$ 1,9 trilhão, segue embalando os negócios.
As bolsas asiáticas, que ficarão fechadas pelos próximos dias para a celebração do ano novo chinês fecharam em alta durante a madrugada, mas os mercados europeu fechou em baixa.
Sobe e desce
Em um dia sem muitos destaques positivos, a maior alta do dia ficou com a Suzano, em antecipação à divulgação do seu balanço do quarto trimestre, que aconteceu após o fechamento do mercado. Mais cedo, a Klabin já havia soltado os seus números, o que ampliou a expectativa positiva também para a companheira do setor.
Depois de amargar alguns dias na ponta contrária da tabela, as ações ordinárias da Petrobras se recuperaram parcialmente, seguindo a alta do petróleo no mercado global, e uma mudança de foco nos ruídos políticos. Confira as principais altas do dia:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| SUZB3 | Suzano ON | R$ 68,20 | 2,25% |
| PRIO3 | PetroRio ON | R$ 79,43 | 2,17% |
| TOTS3 | Totvs ON | R$ 31,41 | 1,88% |
| PETR3 | Petrobras ON | R$ 28,05 | 1,23% |
| WEGE3 | Weg ON | R$ 86,03 | 1,20% |
Na ponta contrária, o destaque negativo foram as ações do BTG Pactual. A companhia, que tem um dos melhores desempenhos do Ibovespa no ano, passa por ajustes após a divulgação do seu balanço na última terça-feira. Confira os principais destaques:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 108,75 | -4,37% |
| COGN3 | Cogna ON | R$ 4,24 | -4,07% |
| EZTC3 | EZTEC ON | R$ 35,40 | -3,91% |
| VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 14,35 | -3,88% |
| CIEL3 | Cielo ON | R$ 3,91 | -3,69% |
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