BC tenta segurar dólar, mas preocupação fiscal fala mais alto; Ibovespa recua 0,19%
A moeda americana chegou a disparar mais de 1,3% antes da atuação do Banco Central, que anunciou dois leilões de swap. Na bolsa, o dia foi de alta volatilidade, e a cautela falou mais alto

A sessão desta terça-feira (09) foi daquelas imprevisíveis e cheias de alta volatilidade. Mas, ao contrário do que os gráficos parecem dizer, o noticiário não se moveu com a mesma intensidade. Isso porque o motivo que balançou os mercados hoje estava servido à mesa desde o início do dia: a tensão em Brasília e o desconforto com o cenário fiscal.
Depois de um dia de cabo de guerra entre as pressões positivas e negativas, o saldo final foi marginal — tanto no câmbio (onde nem mesmo o Banco Central conseguiu virar o jogo) quanto na bolsa. No entanto, fique atento. Esse devem continuar sendo os focos de atenção dos próximos dias.
Time vermelho
Não é mais segredo que os congressistas pressionam o governo para que novas medidas de auxílio à população sejam pautadas. Quanto mais a situação da pandemia se mantém em níveis preocupantes, mais inevitável são as novas rodadas de pagamento do auxílio emergencial — por isso cada notícia sobre o andamento da vacinação importa.
Sem conseguir fugir de um novo benefício, o mercado espera que o governo encontre formas de financiar a medida sem que o teto fiscal seja pressionado. Na semana passada, com a eleição de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, os investidores haviam precificado um aceno ao equilíbrio fiscal, mas alguns comentários do novo presidente da Câmara deixaram o mercado desconfortável.
Rodrigo Pacheco afirmou ontem que não vê a necessidade de atrelar as novas parcelas do auxílio emergencial às PECs que já estão no Congresso. Em resumo, isso significa a falta de uma contrapartida ao financiamento, o que não são boas notícias para os cofres públicos, mesmo que o governo venha preparando o terreno ao dizer que a parcela deverá ser de no máximo R$ 200 e atenderá um número menor de pessoas.
A posição vai na contramão do que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, vêm dizendo. Mais cedo, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, também se mostrou contra a falta de contrapartidas para manter o cenário fiscal controlado. O senador Roberto Rocha, presidente da comissão mista da reforma tributária do Congresso, chegou a ventilar como possibilidade uma possível volta da CPMF, o controverso imposto sobre movimentação financeira, de forma limitada, como forma de financiar o auxílio.
Leia Também
Além de toda a preocupação com o quadro fiscal, temos também a desconfiança do mercado com relação a Petrobras ainda fazendo preço. A desconfiança com relação à falta de transparência da estatal ainda não foi dissolvida. Os papéis ordinários e preferenciais da companhia até tentaram uma recuperação e chegaram a subir no início do pregão, mas acabaram fechando o dia em queda de mais de 2%, o que pressiona negativamente o Ibovespa.
Time azul
Do outro lado do mercado, tivemos alguns elementos que influenciaram de forma positiva os negócios.
Logo cedo, foi a inflação oficial que surpreendeu. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),registrou uma alta de 0,25% em janeiro, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa foi a menor leitura desde agosto e veio abaixo do consenso de mercado, que era de alta de 0,30%. Ainda assim, analistas acreditam que a leitura de que o Banco Central deve voltar a elevar a taxa de juros já na próxima reunião deve se manter inalterada. Ainda assim, a curva do mercado de juros repercutiu o número.
Ainda falando em Brasília, as expectativas positivas ficaram por conta da votação da autonomia do Banco Central, no fim do dia.
As bolsas no exterior operaram a maior parte do dia de forma mista e assim seguiram até o fechamento, pesando as expectativas com a aprovação do pacote fiscal e a tensão em torno do julgamento do impeachment de Donald Trump no Senado. O Nasdaq renovou o seu topo histórico mais uma vez, ao subir 0,14%, mas o Dow Jones e o S&P 500 recuaram respectivamente 0,03% e 0,11%.
Segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, o cenário doméstico é o que segue estressando o dólar, que hoje chegou a bater R$ 5,44 na máxima, o Banco Central entrou em ação e anunciou não um, mas dois leilões de swap. No primeiro, foram oferecidos 20 mil contratos. Em seguida, um saldo remanescente de 5 mil contratos foi comercializado, totalizando US$ 1 bilhão.
Saldo do dia
O dólar à vista chegou a zerar os ganhos do dia e até ceder, seguindo o comportamento da moeda frente a maioria das outras moedas, mas foi insuficiente. No fim do dia, a divisa teve leve alta de 0,19%, a R$ 5,3829.
Os leilões realizados pelo Banco Central e a reação do mercado aos números do IPCA ajudaram os mercados de juros futuros com vencimentos mais longos a fecharem em alta, enquanto o médio e longo prazo ficaram próximos da estabilidade. Confira as taxas de fechamento do dia:
- Janeiro/2022: estável em 3,40%
- Janeiro/2023: de 4,95% para 5,00%
- Janeiro/2025: de 6,38% para 6,48%
- Janeiro/2027: de 7,04% para 7,12%
Enquanto o dólar avançou 0,19%, a bolsa brasileira recuou o mesmo porcentual, a 119.471,62 pontos, depois de ter caído mais de 1,20%.
Enquanto a maior pressão negativa veio das ações da Petrobras, o setor financeiro subiu em bloco, o que beneficiou o saldo final.
Sobe e desce
As ações da Sabesp operam com o melhor desempenho do dia, após a Agência Reguladora de Serviços Públicos de São Paulo (Arsesp) anunciar uma proposta de revisão tarifária, que foi muito bem recebida pelo mercado.
As companhias com exposição ao minério de ferro também seguem acompanhando a valorização da commodity e apareceram entre os destaques. Já a Ultrapar segue repercutindo a aquisição da Biosev, anunciada ontem. Confira as principais altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
SBSP3 | Sabesp ON | R$ 42,56 | 7,10% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 35,45 | 2,43% |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 24,39 | 2,22% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 28,58 | 1,74% |
SANB11 | Santander Brasil units | R$ 40,86 | 1,62% |
Descolando da alta do petróleo no mercado internacional temos a PetroRio e a Petrobras na ponta negativa. Além disso, o setor aéreo, que deve seguir sendo prejudicado pela pandemia, também marca presença. Confira as principais quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 77,74 | -4,13% |
EZTC3 | EZTEC ON | R$ 36,84 | -3,36% |
JHSF3 | JHSF ON | R$ 7,35 | -3,03% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 25,00 | -2,95% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 27,71 | -2,60% |
WEG (WEGE3) tem preço-alvo cortado pelo JP Morgan após queda recente; banco diz se ainda vale comprar a ‘fábrica de bilionários’
Preço-alvo para a ação da companhia no fim do ano caiu de R$ 66 para R$ 61 depois de balanço fraco no primeiro trimestre
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Esta empresa mudou de nome e ticker na B3 e começa a negociar de “roupa nova” em 2 de maio: confira quem é ela
Transformação é resultado de programa de revisão de estratégia, organização e cultura da empresa, que estreia nova marca
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?
Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros