Onde investir no 2º semestre: A renda fixa não morreu e ainda reserva oportunidades
O que pode ficar no passado é o CDI como referência de rentabilidade. Aliás, quem mirar a renda fixa além desse parâmetro verá que ainda existem boas opções de investimento

Elvis Presley não morreu, diz uma das mais conhecidas lendas do rock. Já foram criadas inúmeras teorias sobre o destino do cantor que, oficialmente, faleceu em decorrência de um ataque cardíaco em 1977, aos 42 anos.
O tempo passa e as histórias apenas se renovam. Uma das mais recentes diz que o Rei do Rock não teria sequer deixado sua mansão em Graceland. Supostas imagens do ídolo, que estaria com mais de 80 anos se estivesse vivo, surgiram inclusive no YouTube.
O mundo dos investimentos tem as suas próprias lendas, e a internet também ajudou a disseminá-las. A mais comentada no momento é a tal da “morte da renda fixa”. Ela teria sido vítima da redução da taxa básica de juros (Selic) para os atuais 2,25% ao ano, o menor patamar de todos os tempos.
De fato, a queda dos juros acabou com um paradoxo que resistiu por décadas no mercado brasileiro: a possibilidade de obter ao mesmo tempo rentabilidade e liquidez com baixo risco.
Mas a verdade é que a renda fixa segue não apenas segue viva como se mantém como opção inevitável para compor um portfólio balanceado.
Dizer que a renda fixa morreu não passa de um clichê, me disse Sergio Machado, sócio e gestor da Trópico SF2 Investimentos. “Sem a renda fixa como os governos e as empresas se financiam? Como bancos tomam dinheiro para lubrificar a economia?”
Leia Também
Banco Pan aumenta rentabilidade da aplicação de sua conta digital para 115% do CDI - mas benefício é temporário
Onde os brasileiros investem: CDBs ultrapassam ações no 1º semestre, e valor investido em LCIs e LCAs dispara
Para ele, o que pode ter ficado no passado é o CDI como referência de rentabilidade para o investidor. Aliás, quem mirar a renda fixa além desse parâmetro verá que ainda existem boas oportunidades de ganhar dinheiro.
Só que para isso será preciso correr um pouco mais de risco e/ou abrir mão da possibilidade de resgate imediato. A seguir eu trago para você algumas opções para turbinar seus investimentos sem abrir mão do conforto da renda fixa.
Este texto faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2020. Eis a lista completa:
- Ações
- Fundos imobiliários
- Renda fixa (você está aqui)
- Dólar (disponível em 16/7)
- Criptomoedas (disponível em 17/7)
- Imóveis (disponível em 20/7)
Reserva de emergência
Antes de mais nada, é preciso reservar uma parcela da sua carteira de investimentos para a chamada reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar a qualquer momento.
Essa parcela dos recursos deve continuar em aplicações de risco baixo e liquidez imediata. Então vão render continuar rendendo pouco no atual cenário.
A melhor opção para esse dinheiro hoje são os fundos DI simples com taxa zero. Existem pelo menos cinco deles disponíveis hoje, nas plataformas do BTG Pactual, Órama, Pi, Rico e Vitreo. Você também pode manter esses recursos no Tesouro Selic, título público que paga a variação da taxa básica de juros.
Embora não seja um consenso, eu considero o CDB de um banco de primeiríssima linha — leia-se Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa e Santander — uma alternativa válida para a reserva de emergência. Desde que a remuneração oferecida seja de pelo menos 100% do CDI e com liquidez diária, é claro.
O mapa do Tesouro Direto
Separada a parcela da reserva de emergência, quem deseja ganhar mais do que os 2,25% ao ano no mundo da renda fixa terá de olhar para além do mundo dos títulos atrelados à Selic ou ao CDI.
Uma opção que combina hoje boas condições de risco e retorno é o Tesouro IPCA, título público que remunera o investidor com uma taxa de juros e mais a inflação.
Para Gustavo Pessoa, sócio e gestor da Legacy Capital, os papéis de mais longo prazo hoje são os mais atrativos. Na segunda-feira, o Tesouro IPCA com vencimento em 2055 pagava um rendimento de 3,96% além da inflação.
“Você não encontra esse juro real em nenhum lugar do mundo, a não ser países em processo de default [calote].”
Mesmo que não seja a sua intenção manter o dinheiro até 2055, os papéis podem se beneficiar de um cenário de melhora nos mercados que leve a uma redução nas taxas de longo prazo. Os preços e taxas de todos os papéis estão disponíveis no site do Tesouro.
Claudio Sanches, diretor de produtos de investimento e previdência do Itaú Unibanco, também vê boas oportunidades nos títulos atrelados à inflação. Mas prefere os papéis de prazo mais curto, com a visão de que o ciclo de corte de juros ainda não chegou ao fim.
No cenário do banco, a Selic tem espaço para atingir a mínima de 1,75% ao ano nos próximos 12 meses. “Dentro desse movimento, acredito que a inflação curta tem mais chance de ter prêmio para o investidor.”
Vale ressaltar que a taxa de juros dos títulos públicos é garantida apenas no vencimento. Isso significa que o investidor que precisar do dinheiro antes terá de vender na taxa em que o papel for negociado naquele momento, mais ou menos como acontece como uma ação na bolsa.
Do mesmo jeito que você pode ter um ganho se vender antes do prazo um título caso as taxas caiam ainda mais, o seu extrato do Tesouro Direto pode eventualmente apresentar rentabilidade negativa no caso de uma piora no cenário. Sim, a renda fixa varia.
Foi o que aconteceu, por exemplo, em março deste ano com o pânico generalizado nos mercados provocado pelo coronavírus. Quem quiser entender melhor como funciona a tal "marcação a mercado" e como ela afeta os títulos no Tesouro Direto pode ler este texto.
E qual o risco você corre hoje hoje ao aplicar no Tesouro IPCA? No caso dos títulos mais curtos, a dinâmica das taxas está mais ligada à trajetória da Selic. Se o BC tiver de subir os juros para conter alguma surpresa com a inflação esses papéis tendem a sofrer.
Já os títulos mais longos reagem pior em momentos de crise e também quando a sustentabilidade das contas públicas é colocada em xeque. Qualquer tentativa de derrubar o teto de gastos, por exemplo, deve pesar sobre os títulos de longo prazo, segundo o sócio da Legacy.
Fundos de crédito privado
Investir em um título público equivale a emprestar dinheiro ao governo. Mas você também pode fazer isso para empresas ou bancos. É o que acontece quando você aplica em um CDB, por exemplo.
Nesse caso, você também corre o risco de calote do emissor do papel. Com a diferença que, no caso dos bancos, existe a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil.
De todo modo, existe um risco maior do que aplicar num título do governo, em tese o ativo mais seguro de todos. Por isso os papéis privados costumam oferecer rentabilidades melhores. Mas será que esse ganho adicional compensa?
O mercado de crédito privado foi um dos que mais sofreu na crise do coronavírus, diante do temor de que as empresas deixassem de honrar seus compromissos. Esse receio fez as taxas de juros pagas em papéis como debêntures dispararem.
Esse cenário abriu uma oportunidade de entrada para o investidor, ainda que a saúde financeira das empresas na crise ainda não seja um assunto totalmente superado.
Para quem quer uma alocação direta, Sergio Machado, da Trópico, vê espaço em CDBs de curto prazo de bancos, dentro do limite da cobertura do FGC.
Mas a forma mais indicada pelos especialistas para se investir em renda fixa privada é via fundos. Nesta matéria que eu escrevi para o Seu Dinheiro Premium eu trago uma opção de gestora especializada em investir em crédito corporativo. Você pode experimentar o conteúdo Premium gratuitamente por 30 dias.
Renda fixa lá fora
Bem, imagino que você já percebeu a esta altura que a renda fixa não só não morreu como se sofisticou nesse mundo de juros baixos. E dentro dessa sofisticação, talvez esteja na hora de começar a analisar opções de investimento fora do país.
É o que fazem gestoras como a Legacy, que tem parte dos recursos dos fundos aplicados em taxas de juros de países como o México. “Uma das razões porque não temos títulos de curto prazo no Brasil é porque as taxas no México hoje são mais atraentes”, me disse o sócio da gestora.
O diretor do Itaú também indica para os clientes que buscam diversificação na renda fixa alguma exposição internacional. E indica três fundos disponíveis na prateleira do banco: dois deles possuem também uma parcela em ações lá fora: o recém lançado Carteira Itaú Internacional e o Global Allocation.
Para quem deseja ficar apenas na renda fixa lá fora, a indicação do banco é o Pimco Income. O fundo disponível no Itaú possui proteção (hedge) cambial, o que pode ser mais indicado para os investidores com perfil mais conservador, embora eu particularmente prefira fundos no exterior com exposição ao câmbio.
Com Selic a 12,75%, já é possível ganhar 1% ao mês líquido de IR. Veja 16 opções e saiba onde encontrar esses tesouros
Após nova alta da taxa de juros, LCI e LCA que pagam 100% do CDI passam a render a remuneração dos sonhos do investidor conservador brasileiro
Em parceria com a Órama, Mercado Pago lança plataforma de investimentos com CDB que rende 150% do CDI
Conta de pagamento do Mercado Livre estreia no mundo dos investimentos com CDBs que pagam mais de 100% do CDI, com aplicações a partir de R$ 1
Com Selic a 11,75%, já dá para dobrar seu capital na renda fixa, de forma simples e com baixo risco; veja como
Não, você não vai precisar investir por 30 anos, nem colocar o seu dinheiro em um título de dívida de uma empresa próxima da bancarrota para conseguir tal feito; veja os investimentos que proporcionam isso hoje
Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 11,75%
Taxa básica de juros deve subir mais ao longo do ano. Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa com a nova alta da Selic
Veja o título do Tesouro Direto mais indicado para proteger seu dinheiro da inflação em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia
A alta dos preços em razão do conflito já se faz sentir no bolso do brasileiro – vide o aumento dos combustíveis. Mas este título do Tesouro Direto ajuda a preservar seu patrimônio
A guerra na Ucrânia pode corroer seu patrimônio! Veja onde investir na renda fixa para se proteger da inflação
Com a pressão do conflito sobre preços de commodities e cadeias de abastecimento globais, investimentos atrelados a índices de inflação voltam ao radar; veja quais são os mais rentáveis e seguros a oferecerem essa proteção, no momento
CDB: como ganhar mais que a poupança de forma prática e com a mesma segurança
Entenda o que é e como funciona o CDB, investimento de renda fixa de baixo risco que costuma ficar mais interessante em épocas de juro alto
Ela voltou com tudo! A hora e a vez da renda fixa: Tesouro, CDB e tudo mais que você precisa saber para passar com mais tranquilidade pela turbulência
O terremoto político, econômico e fiscal que se abate sobre o Brasil abriu uma fenda por meio da qual a renda fixa voltou a proporcionar retornos interessantes depois de anos perdendo espaço para a renda variável
Com juros em alta, esses títulos de renda fixa te pagam 1% ao mês, com baixíssimo risco e pouco esforço
A rentabilidade dos sonhos do brasileiro está de volta aos investimentos conservadores, e CDBs que pagam 1% ao mês ou mais já estão fáceis de encontrar
Reserva de emergência e aplicações de curto prazo: CDB 100% do CDI pode ser melhor que Tesouro Selic?
Com a Selic mais alta, vale a pena voltar a discutir qual a opção ideal para a reserva de emergência; e, nesse sentido, os CDBs que pagam 100% do CDI com liquidez diária podem sim ser uma boa pedida
Com Selic em alta, já é possível vislumbrar retorno acima da inflação na renda fixa tradicional
Juros projetados para diferentes prazos mostram que investir em renda fixa pós-fixada e atrelada ao CDI voltou a ficar interessante para diversificar a carteira
Por que a poupança ainda atrai o investimento de milionários mesmo com retorno real negativo
Especialistas explicam quais fatores levam mais de 22 mil pessoas a deixaram essa dinheirama toda na aplicação que teve em 2020 o pior desempenho dos últimos 18 anos
As opções conservadoras para ganhar mais de 100% do CDI com liquidez diária
Com a Selic tão baixa, algumas instituições financeiras de médio porte passaram a oferecer investimentos de renda fixa conservadora que pagam mais de 100% do CDI com liquidez diária; saiba onde encontrá-los
Poupança completa 160 anos – confira três investimentos na renda fixa para ‘aposentar’ a caderneta
Aplicação continua sendo a preferida dos brasileiros, mas já existem opções mais rentáveis e de baixo risco
Onde investir em 2021: Renda fixa dá susto, mas deve recompensar quem tiver sangue frio
A renda fixa vai seguir mais viva do que nunca em 2021, o que abre oportunidades de retorno que podem ir muito além dos 2% ao ano da Selic
Com Tesouro Selic negativo, é o caso de rever a sua reserva de emergência?
Título público mais conservador tem apresentado retorno negativo desde meados de setembro; será que vale a pena migrar a reserva de emergência para outro investimento, ou pelo menos diversificá-la?
Ainda vale correr algum risco na renda fixa para ganhar um pouco mais que o CDI?
Títulos emitidos por empresas e papéis de bancos com cobertura do FGC prometem pagar mais que a renda fixa conservadora, mas com a Selic no chão e num cenário de crise, não ficaram arriscados demais?
Aconteceu: sua reserva de emergência está oficialmente na ‘perda fixa’
Com Selic em 4,25%, aplicações voltadas para a reserva de emergência perdem ou se igualam à inflação projetada
NuConta, CDB e fundos Tesouro Selic podem perder da poupança?
Aplicações que pagam 100% do CDI costumam ser vendidas como mais rentáveis que a poupança, mas nem sempre é o caso; mesmo assim, elas ainda são mais interessantes que a caderneta.
CDB com remuneração de até 124% do CDI? É a oferta do C6 Bank
O C6 Bank oferece novas opções de investimento em CDB com resgates mais longos. A rentabilidade pode chegar a 124% do CDI