🔴 META: ATÉ R$ 334,17 POR NOITE – CONHEÇA A ESTRATÉGIA

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Que bicho é esse?

Marcação a mercado: o “fenômeno” que pode fazer você perder dinheiro ou ter retornos de dois dígitos com renda fixa e fundos

Não entende por que seus títulos públicos valorizaram tanto? Ou então porque o seu fundo de debêntures incentivadas está dando retorno negativo? A marcação a mercado explica

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
16 de março de 2019
5:30 - atualizado às 16:02
Ilustração mostra homem pescando peixes feitos de dinheiro
Marcação a mercado possibilita gestão ativa, mas não deve assustar quem investe passivamente. - Imagem: Pomb

Você abre o seu extrato do Tesouro Direto e percebe que o seu saldo em Tesouro IPCA+ está menor do que na semana anterior. Ué, mas não é renda fixa? Eu já não contratei uma rentabilidade de x% acima do IPCA? Quando pergunta para o seu assessor de investimentos ou faz uma rápida pesquisa no Google, descobre o nome do “fenômeno” responsável pelo resultado negativo: a marcação a mercado.

Mas afinal, que negócio é esse? Se você ainda não entende o que é essa tal de marcação a mercado de que tanto falam por aí, hoje é o seu dia.

A marcação a mercado é a atualização, normalmente diária, do preço de um ativo de renda fixa ou da cota de um fundo de investimento. Grosso modo, ela permite que você saiba o preço de mercado atual do ativo, isto é, quanto obteria se o vendesse ou o resgatasse hoje.

Embora seja comum a todos os títulos de renda fixa e fundos de investimento, a marcação a mercado fica mais evidente para quem investe em títulos públicos e debêntures prefixados ou atrelados à inflação, bem como nos fundos que aplicam nesses ativos.

Isso porque muita gente se surpreende ao ver seu saldo eventualmente minguar nesses investimentos, uma vez que a maioria das pessoas não espera que seja possível perder dinheiro na renda fixa. Mas é.

Marcação a mercado na renda fixa

Os títulos de renda fixa, públicos ou privados, têm a sua rentabilidade já conhecida no momento do investimento. Eles podem ser pós-fixados, pagando a variação de uma taxa de juros (Selic/DI); prefixados, pagando um percentual pré-determinado; ou uma mistura das duas coisas, pagando uma taxa prefixada e a variação de um índice de inflação.

A marcação a mercado dos títulos pós-fixados atrelados às taxas básicas de juros em geral não gera sobressaltos nos investidores. Como o valor aplicado nesses ativos é atualizado diariamente pela Selic ou pela taxa DI, a tendência é que os preços - e o saldo investido - cresçam diariamente.

Assim, no vencimento, o investidor recebe um valor maior do que investiu, em termos nominais. Mas seu retorno também será positivo caso ele faça a venda ou resgate do papel antes do vencimento. Ao menos é assim que funciona num país em que as taxas de juros são positivas, como no Brasil.

Agora, a marcação a mercado de títulos prefixados e atrelados à inflação pode causar muita confusão nos investidores.

Estou falando de títulos públicos como o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado (NTN-Bs, LTNs e NTN-Fs), bem como as debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas. Ao menos para ficar em exemplos que costumam ser mais acessados pela pessoa física.

A marcação a mercado desses papéis evidencia que seus preços podem tanto subir quanto cair. Isso se deve à maneira como esses títulos de renda fixa são precificados, isto é, como seus preços são calculados.

Eu já expliquei aqui no Seu Dinheiro a lógica de precificação dos títulos públicos e privados de renda fixa, caso você ainda não esteja familiarizado com ela.

Mas, resumidamente, os preços atuais desses títulos são determinados pela remuneração que eles pagam; esta, por sua vez, é influenciada pelas expectativas do mercado para as taxas de juros - notadamente a taxa DI - até a data de vencimento de cada título.

Estes papéis já pagam uma quantia definida no vencimento. Seu preço de mercado atual consiste no seu preço futuro descontada a sua remuneração no vencimento.

Assim, se a expectativa é de uma taxa de juros mais alta, as remunerações dos títulos tendem a subir, e seus preços atuais tendem a cair; quando a expectativa é de queda nos juros, as remunerações dos títulos tendem a cair, e seus preços atuais sobem.

A marcação a mercado é simplesmente o processo que atualiza diariamente essas perspectivas de mercado nos preços dos títulos.

Se você ficar com um título prefixado ou atrelado à inflação até o vencimento, receberá exatamente a rentabilidade acordada na hora da compra. Mas se o vender antes do final do prazo, pode receber um retorno maior ou menor - em certos casos, até negativos. Afinal, o título é vendido sempre pelo seu preço de mercado atual.

Essa volatilidade dos papéis de renda fixa permite que os investidores possam ter não só retornos passivos, como também negociar os títulos ativamente, obtendo retornos dignos de bolsa. Nesta outra matéria, eu falei sobre a hora certa de comprar títulos públicos.

Em suma, sua carteira de títulos de renda fixa será marcada a mercado. Mas se sua intenção for ficar com os papéis até o vencimento, você não precisa se preocupar muito com isso.

Marcação a mercado dos fundos de investimento

Os fundos de investimento têm seu patrimônio dividido em cotas, pedacinhos que são comprados pelos investidores, os cotistas.

Assim como os títulos de renda fixa, as cotas dos fundos de investimento também sofrem marcação a mercado, para que os cotistas sempre recebam a remuneração correta no resgate, sem que haja transferência de lucro ou prejuízo entre eles.

A marcação a mercado, portanto, garante que as cotas dos fundos sejam sempre negociadas pelo seu valor de mercado.

O preço da cota de um fundo numa determinada data reflete o preço de mercado de todos os ativos que compõem a carteira do fundo naquele dia. Basicamente, o preço da cota é o resultado da marcação a mercado da carteira do fundo.

Assim, somam-se os valores diários de todos os ativos da carteira, e este resultado é dividido pelo número de cotas. Vem daí o desempenho positivo ou negativo dos fundos de investimento.

Os preços de mercado diários de alguns ativos são divulgados publicamente. É o caso dos preços dos títulos públicos, divulgados diariamente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Ou ainda dos preços das ações, baseados nos valores médios diários de negociação dos papéis, divulgados pela B3.

Fundos que investem em outros fundos tomam por base os preços das cotas dos fundos nos quais investem. Já os ativos que não são negociados em mercado regulado ou que não tenham liquidez devem ser precificados pelo administrador do fundo.

A marcação a mercado das cotas de um fundo de ações, por exemplo, é mais intuitiva para os investidores, uma vez que todos estamos acostumados a ver os preços das ações subirem e descerem todos os dias.

O preço da cota de um fundo de ações em determinada data simplesmente resulta da valorização ou desvalorização das ações que compõem sua carteira naquele dia.

Já os fundos de renda fixa e os multimercados que investem em títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação sofrem a flutuação típica dos preços desse tipo de ativo.

É o caso dos fundos IMA-B, também chamados de fundos de inflação, ou dos fundos de debêntures incentivadas, cada vez mais populares entre as pessoas físicas.

Alguns desses fundos focam em lucrar com a valorização dos papéis da carteira, fazendo gestão ativa dos títulos; outros focam em lucrar com a rentabilidade contratada, levando os títulos até o vencimento. Mas mesmo estes últimos precisam passar pela marcação a mercado, tendo o preço das suas cotas atualizado todos os dias.

Compartilhe

RENDA FIXA

O Brasil vai virar a Turquia? Veja por que você deveria ter títulos indexados à inflação na carteira (e agora é uma boa hora de comprar)

19 de julho de 2024 - 7:13

Estudo da TAG Investimentos analisa se a inflação brasileira pode se descontrolar, mas o juro real ficar negativo, como ocorre no país europeu

Balanço do mercado de capitais

Sem IPOs e com restrições a CRIs, CRAs, LCIs e LCAs, renda fixa domina emissões no 1º semestre; debêntures batem recorde de captação

17 de julho de 2024 - 19:30

Ofertas no mercado de capitais totalizaram R$ 337,9 bilhões no período, sendo que R$ 206,7 bilhões corresponderam a debêntures; ofertas de ações totalizaram apenas R$ 4,9 bilhões

Sem fortes emoções

Mapfre Investimentos lança fundo de renda fixa de baixo risco para investir em CDBs e outros títulos bancários; foco é superar o CDI

16 de julho de 2024 - 7:27

Primeiro fundo lançado pela gestora em dez anos atende demanda de clientes por produtos conservadores em momento de mercado adverso

Tesouro Direto do mês

Dobradinha no Tesouro Direto: Itaú BBA recomenda combinação de Tesouro Selic e título público prefixado para julho

12 de julho de 2024 - 14:27

Veja as recomendações de títulos públicos do banco para este mês

Atrelado à inflação

Tesouro Direto na bolsa: BTG Pactual e TEVA Índices lançam o fundo PACB11, ETF de títulos públicos de longuíssimo prazo

12 de julho de 2024 - 11:24

Fundo com cotas negociadas em bolsa acompanha índice composto por títulos Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais de prazos superiores a 14 anos

DIVERSIFICANDO A CARTEIRA

Renda fixa do mês: os melhores títulos públicos e privados para investir em julho, segundo o Santander, BTG e XP

5 de julho de 2024 - 18:10

Bancos apostam nos prefixados e atrelados à inflação para o mês, mas atrelados à Selic e ao CDI ainda seguem atrativos pela falta de perspectiva de queda de juros até o final do ano

ONDE INVESTIR NO 2⁰ SEMESTRE

Renda fixa conservadora se manterá atrativa no 2⁰ semestre, mas Tesouro Direto abriu oportunidades de retorno alto

3 de julho de 2024 - 6:00

Sem perspectiva de queda nos juros até o fim do ano, títulos atrelados à Selic seguem atrativos, mas investidor pode “travar” retornos elevados em prefixados e indexados à inflação; veja onde investir na renda fixa até o fim do ano

Dá o play!

Os fundos de renda fixa com ‘dupla isenção de IR’: uma conversa sobre FI-Infras com Aymar Almeida, gestor da Kinea

30 de junho de 2024 - 11:00

O podcast Touros e Ursos recebe o gestor do KDIF11, maior e mais antigo fundo de debêntures incentivadas com cotas negociadas na bolsa brasileira, para falar sobre a perspectiva para os FI-Infras

DEMANDA POR RENDA FIXA

A farra das LCI e LCA continua? Investimentos em títulos isentos sobe 9,1% em 2024 — mesmo após mudança nas regras

28 de junho de 2024 - 18:00

Alocação das pessoas físicas em títulos isentos de Imposto de Renda chegaram a R$ 1,12 trilhão entre janeiro e abril deste ano

REPORTAGEM ESPECIAL

Exclusivo: Gestoras de fundos imobiliários assumem empreendimentos da Seed e evitam calote de CRIs lastreados em imóveis de luxo

25 de junho de 2024 - 15:31

Seed usou CRIs para financiar parte de seus projetos, mas atrasos em obras levaram gestoras a buscar meios de mitigar problemas

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar