Quem comprou ações no Brasil nos últimos bear markets se deu bem? Veja as estatísticas
Olhando para o passado, em janelas de acúmulo de perdas superiores às que já tivemos até agora, o Ibovespa apresentou um retorno médio subsequente de 18% nos 6 meses seguintes

Escrevo essa mensagem pouco tempo depois de o Ibovespa, o nosso principal índice acionário, superar a marca de 2008 – ano da crise do subprime – como a maior queda intradiária do século 21. Pedi licença ao meu colega na Inversa Publicações, o Ivan Sant'Anna, para compartilhar essa análise na sua coluna no Seu Dinheiro.
Só para contextualizar, uma queda de magnitude superior aos 12,17% registrados nesta semana ocorreu há quase 22 anos, quando eclodia a crise financeira na Rússia que, como talvez você saiba, passava naquele momento por uma conturbada transição de regime econômico.
Apesar de movimentos como estes serem relativamente comuns na trajetória de qualquer investidor que acumula alguns anos de experiência na Bolsa, a atipicidade e rapidez com que os preços se movem desancoram toda e qualquer carcaça de racionalidade que repouse sobre as cotações e são capazes de fazer pulsar mais forte o coração dos que passam por isso pela primeira vez.
Se estivéssemos jogando algum jogo de tabuleiro, diria que demos o azar de cair na casa “Volte 30 mil pontos”.
E a resposta que todos buscam neste momento é:
“E aí, compro mais, vendo ou só observo?”
E tentando ser objetivo na resposta, tudo me leva a crer que as assimetrias estão muito favoráveis aos investidores neste momento. Tendendo, portanto, a comprar mais ou a preservar a posição que já tenho.
E para chegar a essa resposta, tive, necessariamente, que recorrer ao passado para entender como a Bolsa se comportou em situações de estresse como a que estamos passando e interpretar o tamanho da margem de segurança que temos neste momento.
Fiz o seguinte exercício:
Primeiro, peguei a lista de todos os drawdowns (perdas acumuladas desde o pico imediatamente anterior) que superaram o acúmulo de perdas do Ibovespa desde a máxima atingida em 24 de janeiro de 2020, até o fatídico dia 09 de março de 2020.
Em seguida, mapeei o retorno subsequente do Ibovespa em janelas de 6 meses, 1 ano, 2 anos e 5 anos.
De maneira geral, a minha pretensão era entender quais as probabilidade e média do retorno acumulado pelo Ibovespa após movimentos de queda superiores ao que já encaramos até aqui, em 2020.
A lógica é a seguinte: não sabemos aonde será o fundo do poço, não temos como estimar e, para ser bem sincero, não nos interessa tanto assim acertar a “bunda da mosca”.
Queremos entender quais as chances de termos um retorno positivo entrando agora e investindo com uma cabeça de prazo dilatado.
E para quem já tem ações na carteira, a decisão é a mesma, já que o ato de manter uma ação é, na prática, equivalente a uma decisão nova de alocação.
Dito isso, vamos às conclusões:
Eu sei que visualmente pode não ser a coisa mais simples de entender, mas vou te ajudar a interpretar.
Olhando para o passado, em janelas de acúmulo de perdas superiores às que já tivemos até agora, o Ibovespa apresentou um retorno médio subsequente de 18% nos 6 meses seguintes; 35% no ano seguinte; 66% após 2 anos; e 191% após 5 anos.
Ah, e todos eles com probabilidade de ocorrência de retorno acima de zero acima de 77%.
Ou seja, quem investiu no Ibovespa em movimentos de queda equivalentes ou superiores ao que já tivemos se deram muito bem no futuro.
Mas veja, são número frios e que espelham a realidade de uma história que não se repete. E por mais que ela teime em apresentar comportamentos similares, gosto de usar esse tipo de instrumento quantitativo apenas como um acessório.
Vale lembrar que em muitas das vezes, movimentos rápidos como estes desprezam toda e qualquer melhora em termos de fundamento e idiossincrasias de cada economia, como a que julgo estarmos passando nesse momento.
Como bem exemplifica Robert Shiller, ganhador do Nobel de economia de 2013 e autor do livro “Exuberância Irracional”, no capítulo de seu livro em que discute a origem de movimentos especulativos, em movimentos desta natureza até empresas de diferentes setores, em um determinado país, tendem a sofrer em magnitude similar, ainda que pares setoriais de outros países e de fundamentos semelhantes não estejam sofrendo tanto quanto.
Grosso modo, é como se o mundo nos colocasse na “caixinha” dos países latino-americanos em desenvolvimento e desprezasse todo os avanços que tivemos nos últimos anos.
Bom, e o que concluímos com esse breve estudo?
Que, independentemente da leitura de fundamentos que fazemos – e tenho sido eloquente em relação à melhora dos fundamentos para as empresas domésticas –, estamos diante de um cenário em que as chances de perdas são menores do que as chances de geração de valor no longo prazo.
Digo isso porque, fazendo o cálculo da média em que os retornos subsequentes do Ibovespa foram negativos, observei o seguinte:
Note que quanto maior o seu horizonte temporal de investimento, melhor se torna, historicamente, a sua relação de risco-retorno.
Quando pensamos em investir em ações é isso que queremos: assimetrias na relação entre risco e retorno. Logo, o que posso te dizer é que, estatisticamente... é para comprar!
PS: Se você está querendo entrar na bolsa e precisa de um mentor de investimentos, deixo o convite para conhecer o projeto do Pedro Cerize, o homem que previu os últimos ciclos de supervalorização da bolsa. Você pode encontrar mais informações aqui.
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