Pedalada, calote e debate presidencial: a tríade do mau humor nos mercados
Nos Estados Unidos, os investidores seguem atentos ao novo pacote de estímulos fiscais e aguardam com cautela o primeiro debate da corrida presidencial
A preocupação com a situação fiscal do país volta a pesar nos mercados. Os investidores não gostaram do plano do governo para financiar o Renda Cidadã, o programa social que deve ser a marca do governo Bolsonaro. Para o mercado, o plano de utilizar recursos destinados ao pagamento de precatórios e parte do Fundeb sem que exista compromisso com a redução de gastos configura uma tentativa de pedalada fiscal e calote.
Não é só o quadro fiscal em Brasília que inspira cautela nesta terça-feira (29). Os mercados internacionais dão um empurrãozinho para que a cautela prevalece, com a maior parte das bolsas europeias e índices futuros em Wall Street operando no vermelho, em compasso de espera pelo primeiro debate das eleições presidenciais americanas.
Cheiro de pedalada
O Ibovespa não só fechou o pregão de ontem na contramão dos mercados internacionais como també atingiu a sua menor marca desde o dia 26 de junho, após queda de 2,41%, aos 94.666,37. O dólar também ficou sob pressão, com alta de 1,44%, a R$ 5,6353.
Embora ainda no radar, dessa vez a razão do mau humor dos investidores não está relacionado ao aumento do número de casos do coronavírus na Europa. O foco principal de tensão vem diretamente de Brasília, mais precisamente dos planos de financiamento para o programa Renda Cidadã, substituto do Bolsa Família, anunciado ontem.
Ao contrário do que o mercado esperava, o governo não trouxe alternativas de redução de gastos para tornar o plano viável e respeitar o teto de gastos. Ao invés disso, a proposta pretende utilizar até 5% dos recursos do Fundeb - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - e recursos destinados ao pagamento de precatórios - valores devidos pelo governo após sentença definitiva na Justiça. Para os investidores, a leitura não foi nada positiva: trata-se de uma tentativa de pedalada fiscal para driblar o teto de gastos e calote.
Subiu no telhado?
O novo programa social do governo está longe de ser o único foco de tensão em Brasília. Ruídos sobre a reforma tributária também têm inspirado cautela.
Leia Também
Nesta segunda-feira (28), o líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR) afirmou que ainda não existe um acordo sobre a reforma tributária, o que deve atrasar ainda mais a apreciação da pauta. A tentativa de criar um imposto de transações financeiras, no estilo da antiga CPMF, também é ponto de desgaste para o assunto.
O cronograma inicial indicava votação no próximo dia 7 de outubro, mas a data deve ser adiada.
Otimismo parcial
Na tarde de ontem, esperanças com o avanço de um novo pacote de estímulos fiscais nos Estados Unidos e a recuperação do setor bancário sustentaram o movimento de alta observado em Wall Street .
Durante a madrugada, as bolsas asiáticas fecharam em alta, mas com ganhos menos expressivos.
Além da preocupação com a retomada de medidas de isolamento social na Europa, cenário que parece cada vez mais provável, os agentes financeiros também repercutem a marca de 1 milhão de mortos pela covid-19 pelo mundo - um risco para a recuperação da atividade econômica e a demanda futura.
O grande debate
Faltando pouco mais de um mês para a eleição presidencial americana, o mercado observa de perto o primeiro debate entre os dois principais candidatos ao cargo mais importante do mundo - o presidente Donald Trump e o ex-vice-presidente Joe Biden. No país, a discussão em torno de um novo pacote fiscal também segue nos holofotes.
Outro ponto de tensão tem origigem no velho continente. A União Europeia e o governo britânico começam mais uma rodada decisiva de negociações para discutir termos da saída do Reino Unido do bloco, movimento conhecido como Brexit.
Diante de tantos pontos de cautela, a maioria dos pregões europeus operam no vermelho. Em Wall Street, os índices futuros seguem a mesma tendência, no aguardo de maiores novidades.
Agenda
No Brasil, o IGP-M de setembro (8h) é um dos destaques. O índice conhecido como a 'inflação do aluguel' tem mostrado grande aceleração nos últimos meses.
Além disso, o mercado também monitora o resultado primário do Governo Central de agosto (14h).
Nos Estados Unidos, destaque para o índie de confiança do consumidor de setembro (11h) e o debate presidencial americano (22h).
Fique de olho
- A Cosan desistiu de realizar a abertura de capital da Compass. A companhia citou as condições de mercado para justificar a decisão.
- Braskem foi multada em R$ 200 mil pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas.
- IRB fará proposta para 1ª oferta de debêntures.
- IPO da Boa Vista foi precificado em R$12,20 por ação, no centro da faixa indicativa.
- Restoque homologou recuperação judicial.
- A Hapvida segue indo às compras. A operadora de saúde anunciou a compra do Grupo Santa Filomena, por R$ 45 milhões.
- As ações da TIM passarão a ser listadas no Novo Mercado, o mais alto nível de governança da B3.
- Eztec fará pagamento de dividendos no valor de R$ 0,2940 por ação ordinária.
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição
TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora
Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões
BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)
O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic
