Mercados em crise: em dia de circuit breaker, Ibovespa desaba mais de 12%; dólar dispara a R$ 4,72
O Ibovespa e as bolsas globais terão um dia ‘daqueles’ nesta segunda-feira. Com o petróleo desabando por causa da briga entre Arábia Saudita e Rússia, a aversão ao risco dispara nos mercados
O caos toma conta dos mercados globais nesta segunda-feira (9). A queda de braço entre Arábia Saudita e Rússia dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) faz os preços do petróleo entrarem em colapso e, consequentemente, provoca perdas massivas às bolsas — e o Ibovespa é arrastado por essa bola de neve de aversão ao risco.
Às 10h32, o Ibovespa chegou a cair 10,02%, aos 88.178,33 pontos, acionando o chamado circuit breaker — um mecanismo que interrompe as negociações por 30 minutos, de modo a tentar frear as baixas.
Mas mesmo depois da suspensão, os ânimos continuaram bastante acirrados. Por volta de 17h00, o Ibovespa despencava 12,31%, aos 85.931,36 pontos. O circuit breaker não era acionado desde 18 de maio de 2017, data que ficou conhecida como 'Joesley Day'.
Na Europa, as principais praças desabaram mais de 7%; nos EUA, o Dow Jones (-6,71%), o S&P 500 (-6,70%) e o Nasdaq (-6,27%) também têm um dia de perdas massivas.
No mercado de câmbio, o dólar à vista disparou e fechou em forte alta de 1,95%, para R$ 4,7243 — e olha que, logo depois da abertura, a moeda americana chegou a subir 3,43%, a R$ 4,7927.
Todas as divisas de países emergentes passaram por fortes desvalorizações nesta segunda-feira, com os agentes financeiros buscando opções mais seguras para investir. Por aqui, o dólar à vista agora acumula uma valorização de 17,76% desde o início o ano.
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Toda essa espiral negativa se deve ao derretimento nos preços do petróleo: o Brent com vencimento em maio caiu impressionantes 24,10%, a US$ 34,36, enquanto o WTI para abril desvalorizou 24,58%, a US$ 31,13 — mais cedo, ambos os contratos chegaram a despencar mais de 30%. É a maior queda diária da commodity desde a Guerra do Golfo.
- Eu gravei um vídeo para comentar o 'dia de pânico' dos mercados nesta segunda-feira. Veja abaixo:
A derrocada do petróleo é causada pela "guerra de preços" desencadeada pela Arábia Saudita. O governo de Riad desejava cortar a produção da commodity, de modo a se adequar a um cenário de menor demanda por causa do surto de coronavírus, mas a Rússia não aderiu ao plano — o que criou um impasse na Opep.
Assim, os sauditas resolveram tomar uma atitude drástica: anunciaram que vão vender petróleo com enormes descontos, derrubando os preços internacionais da commodity. A medida impacta diretamente a economia russa, no que parece ser uma estratégia para forçar Moscou a negociar.
Mas a briga entre os dois países traz efeitos colaterais ao mundo todo e cria toda uma nova camada de incerteza em relação à economia global, que já vinha sendo afetada pelo surto de coronavírus. E, com dois fatores de risco no horizonte, os mercados operam em pânico.
As principais afetadas pela derrocada do petróleo são, obviamente, as petroleiras. Em Nova York, as ações da BP despencam 18,34%, enquanto os ativos da Exxon Mobil desabam 11,90%; por aqui, Petrobras ON (PETR3) opera em forte baixa de 31,50%, enquanto Petrobras PN (PETR4) derrete 31,98% — os papéis da estatal brasileira já haviam recuado mais de 10% na última sexta-feira (6).
BC não faz nem cócegas
Em meio à escalada da moeda americana na semana passada, o Banco Central (BC) anunciou, ainda na noite de sexta-feira (6), que faria leilões extraordinários de dólar à vista já na abertura da sessão desta segunda.
O que o BC não imaginava é que, durante o fim de semana, estouraria a nova crise do petróleo. Assim, por mais que a autoridade monetária tenha injetado US$ 3 bilhões no segmento à vista, a medida nem de longe serviu para acalmar os investidores.
Durante a tarde, a autoridade monetária fez mais um leilão no segmento à vista, injetando pouco menos de US$ 500 milhões — um esforço que, novamente, não conseguiu acalmar os ânimos dos investidores.
Com a nova disparada do dólar à vista, as curvas de juros fecharam em alta nesta segunda-feira. Mas, apesar da correção positiva, o mercado continua apostando em mais um corte na Selic na reunião da próxima semana.
Veja abaixo como estão os principais DIs no momento:
- Janeiro/2021: de 3,83% para 4,01%;
- Janeiro/2022: de 4,40% para 4,63%;
- Janeiro/2023: de 5,08% para 5,37%;
- Janeiro/2025: de 6,04% para 6,35%.
Dia vermelho
Nenhuma ativo do Ibovespa opera em alta nesta segunda-feira — no momento, as units da Taesa (TAEE11) apresentam o melhor desempenho de toda a carteira, em queda de 2,59%.
Sendo assim, veja quais eram as dez maiores baixas do Ibovespa nesta segunda-feira por volta de 17h00:
| CÓDIGO | NOME | PREÇO (EM R$) | VARIAÇÃO |
| PETR4 | Petrobras PN | 15,53 | -31,98% |
| PETR3 | Petrobras ON | 16,48 | -31,50% |
| CSNA3 | CSN ON | 8,46 | -23,85% |
| MRFG3 | Marfrig ON | 8,74 | -22,38% |
| GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | 6,15 | -19,08% |
| ECOR3 | Ecorodovias ON | 11,74 | -18,25% |
| GGBR4 | Gerdau PN | 13,31 | -17,59% |
| BPAC11 | BTG Pactual units | 47,53 | -17,51% |
| VVAR3 | Via Varejo ON | 9,55 | -17,39% |
| AZUL4 | Azul PN | 32,12 | -16,96% |
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