Ibovespa sobe mais de 1% e dólar cai quase 3% com os ecos de Jackson Hole
Liquidez abundante nos mercados financeiros prevaleceu sobre incertezas políticas e fiscais; movimento foi percebido com mais intensidade no câmbio

Os ecos de Jackson Hole fizeram-se presentes hoje na B3. Se na véspera a nova estratégia do Federal Reserve Bank (Fed, o banco central norte-americano) fez com que o Ibovespa apenas zerasse as perdas de uma sessão volátil e turbulenta, os ativos financeiros brasileiros finalmente puderam aproveitar um pouco da repercussão de Jackson Hole nesta sexta-feira em um dia no qual o noticiário local não atrapalhou tanto os negócios.
O vigor da queda do dólar não se reproduziu na mesma extensão no Ibovespa, que subiu, mas encerrou a semana longe das máximas do pregão, já que a tensão política e os temores fiscais que têm deixado os investidores ressabiados parecem longe de se dissipar, ainda que tenham dado uma folga hoje.
Os investidores ainda repercutem o discurso proferido ontem pelo presidente do Fed, Jerome Powell, durante o tradicional simpósio de política econômica de banqueiros centrais de Jackson Hole. Em sua fala, Powell anunciou uma importante mudança na estratégia da autoridade monetária norte-americana, que a partir de agora será pautada por uma taxa de inflação média. Isto significa que o Fed não vai subir os juros apenas com base na previsão de que a inflação vá acelerar, mas vai esperar por evidências de que a inflação, na média, alcançou a meta de 2% ao ano.
Essa tolerância maior com possíveis pressões inflacionárias alimenta a expectativa de que os juros básicos nos EUA permaneçam próximos de zero por um período ainda mais prolongado do que o que já se esperava.
E se a mudança de postura sugere uma recuperação mais lenta que a esperada da economia, ela também garante a manutenção da atual abundância de liquidez nos mercados financeiros, levando os investidores a buscarem retorno em ativos mais arriscados.
Assim como ocorreu ontem, o dólar permaneceu em queda generalizada ante outras moedas, os índices Nasdaq e S&P-500 voltaram a renovar seus recordes de fechamento, o Dow Jones finalmente zerou as perdas de 2020 e os ativos negociados na B3 tiveram um dia muito mais positivo do que negativo, mesmo nos momentos de mais cautela.
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Investidores monitoram questão fiscal
No entanto, os focos de cautela persistem no cenário doméstico, o que limitou um pouco a alta na bolsa brasileira.
Depois de o presidente Jair Bolsonaro ter rejeitado o plano da equipe econômica para o Renda Brasil (programa que deve suceder o Bolsa Família e substituir o auxílio-emergencial), os investidores esperavam para hoje uma nova versão do projeto, contemplando os pedidos do Planalto.
No entanto, Guedes deveria apresentar hoje o novo auxílio emergencial, prorrogado até dezembro, no valor de R$ 300. A proposta do Renda Brasil deve ficar para depois, o que alguns analistas consideraram positivo no momento.
Um dos pontos mais delicados para os analistas do mercado financeiro é a fonte de recursos a ser utilizada para financiar a medida sem furar o teto de gastos em um momento que a preocupação com a situação fiscal do país só cresce. Enquanto Guedes defende uma redução do abono salarial, o presidente Jair Bolsonaro se mostra contrário.
Confira a seguir as maiores altas e as maiores baixas do dia entre os componentes do Ibovespa.
MAIORES ALTAS
Cyrela ON (CYRE3) +7,39%
Qualicorp ON (QUAL3) +5,60%
EcoRodovias ON (ECOR3) +5,43%
Rumo ON (RAIL3) +5,41%
BR Distribuidora ON (BRDT3) +4,52%
MAIORES BAIXAS
IRB Brasil ON (IRBR3) -1,57%
Marfrig ON (MRFG3) -1,40%
Braskem PN (BRKM5) -1,08%
Cogna ON (COGN3) -0,99%
JBS ON (JBSS3) -0,95%
Dólar e juro
A nova postura do Fed teve mais impacto hoje sobre a taxa de câmbio. O real foi um dos principais beneficiários da depreciação generalizada do dólar ante outras moedas pelo mundo. A moeda norte-americana fechou em queda de 2,92%, a R$ 5,4152. No acumulado da semana, a queda foi de 3,41%
O comportamento do dólar também acabou afetado pela costumeira disputa para o estabelecimento da taxa PTax, o que deve persistir na segunda-feira, quando ocorrerá a última sessão de agosto.
Os contratos de juros futuros também reagiram à nova postura do Fed e acompanharam a queda acentuada do dólar.
Confira as taxas negociadas de alguns dos principais contratos negociados na B3:
- Janeiro/2022: de 2,870% para 2,820%;
- Janeiro/2023: de 4,110% para 4,010%;
- Janeiro/2025: de 5,980% para 5,730%;
- Janeiro/2027: de 6,960% para 6,890%.
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