Ibovespa desaba mais de 15% na semana, nocauteado pelo coronavírus, crise no petróleo e tensão em Brasília
Com o ambiente externo cada vez mais tenso e com o cenário político doméstico se deteriorando, o circuit breaker da bolsa foi acionado quatro vezes na semana e o Ibovesa desabou ao nível de 82 mil pontos; o dólar renovou as máximas e fechou a R$ 4,81
Mike Tyson, campeão dos pesos-pesados em 1996, tinha uma luta marcada contra um de seus maiores rivais, Evander Holyfield — e grande parte da imprensa e dos fãs de boxe davam um ligeiro favoritismo ao desafiante. Questionado a respeito das possíveis estratégias do oponente, Tyson foi breve:
"Todo mundo tem um plano ótimo até levar um soco na cara"
O Ibovespa, as bolsas globais, o dólar à vista e os mercados de commodities — todos tinham um plano excelente. E todos foram nocauteados sem piedade nesta semana.
No caso do mercado acionário brasileiro, não adiantou contar até 10: afinal, desde segunda-feira (9), a bolsa precisou acionar o 'circuit breaker' — o mecanismo que interrompe o pregão ao se atingir uma queda de 10% — em quatro ocasiões diferentes. O botão do pânico não era pressionado desde o 'Joesley Day', em 2017.
Quando analisamos a luta round por round, vemos que, em alguns momentos, o Ibovespa até tentou reagir. Mas os bons momentos, nem de longe, serviram para anular o período em que o índice ficou nas cordas:
- Segunda-feira (9), round 1: -12,17%
- Terça-feira (10), round 2: +7,14%
- Quarta-feira (11), round 3: -7,64%
- Quinta-feira (12), round 4: -14,78%
- Sexta-feira (13), round 5: +13,91%.
Ao fim do duelo, o Ibovespa marcava 82.677,91 pontos, acumulando uma expressiva queda de 15,63% somente nesta semana — desde o início do ano, a perda já chega a 28,51%.
Leia Também
E, lá fora, a situação não foi muito diferente: nos Estados Unidos, o Dow Jones fechou a semana com uma baixa acumulada de 10,35%, o S&P 500 caiu 8,79% e o Nasdaq desabou 8,17%; na Europa e na Ásia, as principais praças também amargaram quedas expressivas nos últimos dias.
No mercado de commodities, o petróleo desabou e, nas negociações de moedas, o dólar disparou em escala global — por aqui, a moeda à vista agora vale R$ 4,8163 —, num movimento de busca de proteção por parte dos investidores. A percepção de risco disparou e o pânico tomou conta dos investidores, marcando uma das semanas mais turbulentas para o universo financeiro nas últimas décadas.
Gancho avassalador
O primeiro golpe forte nos mercados veio do surto de coronavírus: com a doença se espalhando num ritmo cada vez maior pelo Ocidente — e forçando quarentenas e cancelamentos de eventos no mundo todo — é quase impossível imaginar que a economia global não vá ser impactada de maneira severa.
Voltemos à luta entre Tyson e Holyfield. Se ela estivesse marcada para os próximos dias, provavelmente seria cancelada ou adiada — na melhor das hipóteses, ocorreria numa arena fechada ao público. Restaria a você, fã de boxe, acompanhar o duelo pela TV.
Mas, se você estivesse na Europa ou nos Estados Unidos, não poderia juntar os amigos e ir a um bar assistir à luta, já que o medo de transmissão de coronavírus tem afastado as pessoas de lugares potencialmente cheios. Assim, o jeito seria ficar em casa...
...desde que você tivesse um estoque de petiscos em casa, já que, tanto na Europa quanto nos EUA, há relatos de problemas de abastecimento nos supermercados — com medo do coronavírus, muitas pessoas têm corrido para estocar mantimentos em casa.
Conto toda essa história apenas para ilustrar os potenciais danos que o surto de coronavírus pode trazer à economia global. Ao forçar uma quarentena em grandes proporções, a doença paralisa a roda da economia — e, com o vírus continuando a avançar pelo mundo, não se sabe por quanto tempo essa letargia poderá durar.
Até o momento, já são mais de 5 mil mortos e cerca de 140 mil pessoas contaminadas no mundo todo, com um forte crescimento nas ocorrências na Europa — especialmente na Itália — e nos Estados Unidos. Estatísticas que, por si só, já seriam capazes de gerar pânico.
O que piorou ainda mais o sentimento dos investidores, no entanto, foi a percepção de que as autoridades globais não estariam agindo de maneira suficientemente enfática para conter o avanço do vírus. Ao longo da semana, o mercado apostou que os BCs e governos anunciariam diversas medidas e pacotes de estímulo econômico — uma expectativa que foi apenas parcialmente atendida.
Ok, o Federal Reserve deu início a um programa de injeção de liquidez de até US$ 1,5 trilhão. Ok, os BCs do Japão e de diversos países europeus anunciaram cortes de juros e medidas extraordinárias. Mas, mesmo assim, ficou uma certa sensação de vazio no ar.
O que os investidores não contavam era com a piora do ambiente a partir das declarações das autoridades políticas — e o presidente Donald Trump fez exatamente isso, ao suspender todas as viagens entre EUA e Europa, sob o pretexto de contenção do avanço da doença.
Uma medida drástica e que afeta diretamente o comércio mundial — e coloca as companhias aéreas na berlinda, uma vez que a rota é importantíssima para empresas como Delta, American Airlines, United e Air France, entre outras.
Cruzado certeiro
Além de toda a tensão ligada ao coronavírus, os mercados globais ainda receberam um segundo golpe forte: a crise no mercado de petróleo, com uma queda de braço entre Arábia Saudita e Rússia.
Em resumo: os sauditas queriam cortar a produção da commodity, de modo a se adequar a um cenário de menor demanda por causa do coronavírus; os russos não concordaram com o plano, defendendo a manutenção dos níveis atuais — o que gerou uma crise dentro da Opep.
Sem um acordo, os sauditas tomaram uma atitude radical: decidiram conceder enormes descontos nos preços do próprio petróleo vendido no exterior, de modo a derrubar o valor da commodity no mundo todo. Por mais que a medida vá contra os interesses do país, ela também coloca intensa pressão sobre os russos — a ponto de, em teoria, puxá-los de volta à mesa de negociações.
Como resultado, o barril do petróleo desabou para perto do nível de US$ 30 — em abril de 2019, as cotações estavam acima de US$ 70. Como resultado desse derretimento — e da tensão internacional — as bolsas desabaram.
No Brasil, o efeito foi ainda pior, uma vez que o petróleo mais barato afetou diretamente a Petrobras, ação que tem enorme peso na composição do Ibovespa.
Até o momento, não há qualquer sinal de que a Arábia Saudita e a Rússia conseguirão chegar a um meio termo nos próximos dias — o que mantém os mercados sob alerta.
Direto no queixo
E, como se não bastasse todo o ambiente terrível visto no exterior, o Brasil também teve fatores de estresse para os mercados. Em Brasília, governo e Congresso continuaram entrando em atrito — e o resultado foi um golpe feio no ajuste fiscal.
Com as relações cada vez mais deterioradas entre os poderes, o Congresso derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro à elevação do piso do BPC. Como resultado, será gerado um gasto adicional da ordem de R$ 20 bilhões anuais ao Orçamento.
Uma medida que, evidentemente, pressiona o teto de gastos públicos e traz enorme dano ao lado fiscal — além de gerar ainda mais preocupação quanto ao andamento das reformas e demais pautas econômicas.
As preocupações fiscais afetaram especialmente o mercado de câmbio, gerando intensa pressão ao dólar à vista — na quinta-feira, dia de maior tensão, a moeda americana chegou a bater o nível de R$ 5,02, um novo recorde em termos intradiários.
E, por mais que o dólar tenha se afastado desses níveis, ele ainda terminou a semana cotado a R$ 4,8163, uma nova máxima de encerramento — na semana, a divisa acumulou ganhos de 3,94% e, no ano, já sobe 20,05%.
Investidor estrangeiro minimiza riscos de manutenção do governo atual e cenários negativos estão mal precificados, diz Luis Stuhlberger
Na carta mensal do Fundo Verde, gestor afirmou que aumentou exposição às ações locais e está comprado em real
Após imbróglio, RBVA11 devolve agências à Caixa — e cotistas vão sair ganhando nessa
Com o distrato, o fundo reduziu ainda mais sua exposição ao setor financeiro, que agora representa menos de 24% do portfólio total
Efeito Flávio derruba a bolsa: Ibovespa perde mais de 2 mil pontos em minutos e dólar beira R$ 5,50 na máxima do dia
Especialistas indicam que esse pode ser o começo da real precificação do cenário eleitoral no mercado local, depois de sucessivos recordes do principal índice da bolsa brasileira
FII REC Recebíveis (RECR11) mira R$ 60 milhões com venda de sete unidades de edifício em São Paulo
Apesar de não ter informado se a operação vai cair como um dinheiro extra no bolso dos cotistas, o RECR11 voltou a aumentar os dividendos em dezembro
Ações de IA em alta, dólar em queda, ouro forte: o que esses movimentos revelam sobre o mercado dos EUA
Segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro, é preciso separar os investimentos em equities de outros ativos; entenda o que acontece no maior mercado do mundo
TRX Real Estate (TRXF11) abocanha novos imóveis e avança para o setor de educação; confira os detalhes das operações
O FII fez sua primeira compra no segmento de educação ao adquirir uma unidade da Escola Eleva, na Barra da Tijuca (RJ)
O estouro da bolsa brasileira: gestor rebate tese de bolha na IA e vê tecnologia abrindo janela de oportunidade para o Brasil
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Daniel Popovich, gestor da Franklin Templeton, rebate os temores de bolha nas empresas de inteligência artificial e defende que a nova tecnologia se traduzirá em crescimento de resultados para as empresas e produtividade para as economias
Aura (AURA33): small cap que pode saltar 50% está no pódio das ações para investir em dezembro segundo 9 analistas
Aura Minerals (AURA33) pode quase dobrar a produção; oferece exposição ao ouro; paga dividendos trimestrais consistentes e negocia com forte desconto.
CVM suspende 6 empresas internacionais por irregularidades na oferta de investimentos a brasileiros; veja quais são
Os sites, todos em português, se apresentam como plataformas de negociação em mercados globais, com ativos como moedas estrangeiras, commodities, metais, índices, ETFs, ações, criptoativos e outros
Bolsa perdeu R$ 183 bilhões em um único dia; Itaú Unibanco (ITUB4) teve maiores perdas
Essa é a maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, ainda período da pandemia, e veio depois que Flávio Bolsonaro foi confirmado como candidato à presidência pelo PL
Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência
Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro
A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%
Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar?
A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui
Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan
Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes
Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes
Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação
Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista
Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa
BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro
Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo
A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133
Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas
Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026
Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
