Via Varejo ainda tem muito potencial, afirma João Braga, da XP Asset
Empresas em reestruturação na bolsa são um negócio difícil, mas entregam maior retorno quando dão certo, segundo sócio-gestor da XP Asset, que detém 7% do capital da Via Varejo, cujas ações mais que dobraram de valor desde a entrada da nova gestão
De todos os movimentos da indústria de fundos de investimento ao longo de 2019, poucos provocaram tanto barulho no mercado como a união da gestora da XP Investimentos com o empresário Michael Klein para a tomada do controle da Via Varejo.
Após o negócio, que movimentou R$ 2,3 bilhões, a XP Asset passou a deter uma participação de pouco mais de 7% na varejista dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio. Trata-se da maior posição dos fundos de ações da gestora, que possuem R$ 6 bilhões em patrimônio.
O investimento também rendeu uma cadeira no conselho da Via Varejo a João Luiz Braga, sócio-gestor da XP Asset e responsável pela área de renda variável, com quem me encontrei na semana passada.
- Convite especial: Ivan Sant’Anna trouxe uma oportunidade única para você mudar a maneira como investe
A tacada ousada até agora vem se mostrando certeira. Em pouco mais de seis meses, as ações da Via Varejo (VVAR3) mais que dobraram de valor na bolsa. Nem mesmo a descoberta de uma fraude contábil bilionária abalou a confiança dos investidores na virada da companhia.
Como conselheiro da Via Varejo, Braga tem bastante restrição para falar sobre as perspectivas da varejista. Mas ele me contou em linhas gerais o que espera do investimento.
Para o gestor, empresas em processo de reestruturação na bolsa como a Via Varejo não são um negócio simples. Mas quando dão certo são as que tendem a dar mais certo – ou seja, entregam o maior retorno para os investidores.
Leia Também
Ele citou como exemplo bem sucedido o Magazine Luiza, cuja ação disparou mais de 18.000% desde o fim de 2015, quando a empresa começou a colher os frutos do processo de transformação digital. O que ele espera, então, da Via Varejo?
“Não existe uma receita de bolo para um turnaround [reestruturação], mas quando você muda o time e coloca o incentivo certo a mágica acontece. O sucesso da XP é isso: pessoas certas com incentivos certos. Essa receita você também tem na Via Varejo.”
Perguntei, então, se o preço da ação da empresa hoje já não reflete essa melhora na percepção com a entrada da nova gestão.
“Eu não acho que você deve olhar para o número corrente, e sim onde pode chegar. E, olhando para isso, eu acho que ainda tem muito potencial.”
Um gigantesco avião vazio
Para o gestor, as perspectivas para a bolsa como um todo seguem positivas mesmo depois da forte alta nos últimos anos. Ele atribui o bom desempenho do mercado acionário a um ajuste estrutural desde o início da agenda de reformas, em 2016, que possibilitou a redução dos juros para as mínimas históricas.
Mas uma segunda onda de valorização, a partir da revisão na projeção para o crescimento do lucro das empresas, ainda está para acontecer e sustenta a expectativa positiva para a bolsa, segundo Braga. "Esse talvez seja o tema de 2020", disse.
Depois de vários anos mais pessimista que a média do mercado para a economia, a XP Asset está no time dos mais confiantes para o desempenho do PIB em 2020, com uma expectativa de crescimento de 2,7%.
Como consequência, o faturamento das empresas listadas na bolsa deve aumentar, com um impacto ainda maior no lucro, graças à chamada alavancagem operacional.
Braga usou a metáfora de um avião para explicar como esse efeito pode se traduzir no lucro das empresas. Quanto mais assentos ocupados em um voo, maior o resultado da companhia para uma mesma base de custos.
“O Brasil hoje é um gigantesco avião vazio, por causa da baixa utilização da capacidade da indústria. Com a melhora econômica, aumenta o faturamento das empresas e a margem explode.”
Mas esse movimento de recuperação da economia é sustentável? Para o gestor da XP Asset, depende da manutenção da agenda de reformas. A aprovação das mudanças na Previdência afastou o risco de o país quebrar. "Mas ninguém vai tomar a decisão de abrir uma loja porque a reforma da Previdência foi aprovada. Agora, se a reforma tributária for, aí sim."
O que deu certo: Copel e Qualicorp
Braga não tem uma projeção para o Ibovespa em 2020, até porque os fundos da XP Asset fazem a chamada gestão ativa, ou seja, têm liberdade para montar posições que não guardem correlação com o principal índice da bolsa.
No ano até a última quinta-feira, o XP Investor – produto de ações mais "clássico" da casa – rendia 45,4%. Já a rentabilidade do XP Long Biased, fundo com maior patrimônio da casa e tem características mais comparáveis a um multimercado, era de 25,2%.
Além de Via Varejo, outro grande acerto da gestora neste ano foi o investimento na estatal paranaense de energia Copel. A aposta estava longe de ser trivial. Pelo contrário, após as eleições estaduais as empresas que despontaram como queridinhas do mercado foram aquelas com perspectivas de privatização, como as mineiras Cemig e Copasa.
Como o governador eleito do Paraná, Ratinho Júnior, afirmou que não venderia a Copel, a empresa inicialmente ficou de lado. Para "piorar", ele indicou como presidente da estatal Daniel Slaviero, que veio do SBT. Mas a gestora da XP acreditou que a mudança do comando traria uma melhora na gestão. E foi o que aconteceu.
Braga citou como exemplo a virada no Ebitda na área de distribuição de energia da Copel, que no terceiro trimestre passou a operar com prêmio em relação ao Ebitda regulatório, depois de registrar um desconto que chegou a 40%. A melhora nos números veio acompanhada do desempenho da ação (CPLE6), que acumula valorização de 130% em 2019.
Por falar em governança, Braga viveu um sufoco no ano passado com a Qualicorp, empresa que ocupa hoje a terceira maior posição nos fundos da casa. As ações da empresa registraram uma queda de 30% em um único dia depois da polêmica aprovação de um pagamento de R$ 150 milhões a Jose Seripieri Filho, o Júnior, fundador e então CEO da companhia.
A XP conseguiu depois costurar um acordo com com a companhia e o executivo, que se comprometeu a usar o dinheiro para investir em ações da própria Qualicorp. "Eu gostaria de agradecer a companhia pela oportunidade de melhorar a governança corporativa, e neste ano a gente colheu o fruto desse trabalho", afirmou Braga.
Outro grande catalisador das ações foi o acordo o anúncio do acordo com a Rede d'Or de hospitais, que adquiriu uma participação de 10% na companhia que pertencia ao fundador. Tudo isso levou os papéis da Qualicorp (QUAL3) a acumularem uma alta de 241% em 2019.
O que (ainda) não deu certo: Banco do Brasil
A segunda maior posição dos fundos da XP Asset, atrás apenas da Via Varejo, é em Banco do Brasil. Mas o desempenho dos papéis (BBAS3) está bem abaixo da varejista e das outras empresas citadas pelo gestor, com uma alta de 15% no ano, metade do ganho do Ibovespa em 2019.
A gestora aproveitou para aumentar a posição em ações do BB durante a oferta de ações realizada em outubro, que foi justamente um dos fatores de pressão sobre os papéis, segundo Braga.
Junto com os outros bancos, o BB também sofre diante da incerteza dos investidores sobre o futuro das instituições em meio à competição com as novas empresas de tecnologia financeira (fintechs). Mas o gestor da XP Asset me disse que não está entre os que vê os bancões seriamente ameaçados.
A aposta no Banco do Brasil especificamente se deve à visão de que a instituição conta com uma boa equipe e tende a se beneficiar do processo de recuperação da economia.
"Mesmo com o aumento da alíquota da CSLL a partir do ano que vem nós vemos um crescimento de dois dígitos para o lucro do Banco do Brasil", afirmou.
Fechado para captação
O atual cenário de juros baixos e alta da bolsa atraiu um fluxo recorde de investidores para os fundos de ações, que registram uma captação de quase R$ 80 bilhões no acumulado do ano, de acordo com dados da Anbima.
Mas os fundos de ações da XP não se aproveitaram da atual onda porque estão fechados para captação desde o ano passado. Braga me disse que tem sido "provocado" para reabrir os fundos, mas disse que só vai tomar essa decisão quando entender que terá a capacidade de continuar entregando bons retornos.
“O fundo não pode ser tão grande a ponto de não conseguir operar, mas também não pode ser muito pequeno, senão o Michael Klein não me recebe”, brincou.
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital
Braskem (BRKM5) salta quase 10%, mas fecha com ganho de apenas 0,6%: o que explica o vai e vem das ações hoje?
Mercado reagiu a duas notícias importantes ao longo do dia, mas perdeu força no final do pregão
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
