O Tesouro Nacional emitiu nesta quinta-feira, 21, US$ 1,5 bilhão em captação de títulos de dívida (bônus) no exterior, com vencimento em 28 de maio de 2029 (Global 2029). A demanda foi de quatro vezes o montante captado.
As operações do Tesouro no mercado internacional são feitas para dar referência de preço aos emissores privados, já que o país não precisa fazer captação em moeda estrangeira para honrar os vencimentos da dívida internacional.
Geralmente, o Tesouro é um dos primeiros a captar no mercado de dívida externa, o que acaba servindo como uma marcação de preços para emissões privadas. Mas, neste ano, o anúncio veio após alguns emissores privados como Suzano e BTG Pactual, além de Petrobras e Banco do Brasil.
A captação foi liderada pelo Bank of America Merrill Lynch, Bradesco e JP Morgan e ofereceu um retorno de 4,7% ao investidor, abaixo dos 4,95% estimados inicialmente.
"Operação em linha"
Logo após o anúncio do resultado das operações, técnicos do Tesouro consideraram a captação "bem sucedida". De acordo com eles, tanto o cupom quanto o spread são os melhores desde a perda do grau de investimento pelo Brasil.
Os técnicos disseram também que a operação ficou bastante em linha com as expectativas do Tesouro. O órgão vinha acompanhando o mercado e já considerava as condições bastante favoráveis para uma captação.
Na quarta-feira, porém, essa percepção foi reforçada, após a decisão de política monetária do Federal Reserve, que sinalizou que os juros no país podem demorar mais tempo para subir. Vale lembrar que a taxa de referência para as emissões é dada pelo título do Tesouro dos EUA, que está na faixa dos 2,53%.
O noticiário no Brasil ao longo desta quinta-feira - especificamente, a prisão do ex-presidente Michel Temer, vista por agentes do mercado financeiro como um fator que pode prejudicar o andamento da reforma da Previdência no Congresso - não alterou a demanda pelo título brasileiro no mercado internacional. Conforme os técnicos, a operação foi bem sucedida do início ao fim.
O Tesouro estava fora do mercado desde janeiro de 2018, quando havia emitido o Global 2047, título de referência de 40 anos. Completada a operação desta quinta, o órgão não realizará nenhuma emissão complementar de títulos para o mercado asiático, algo que não vem sendo feito há algum tempo. Agora, o Tesouro volta a monitorar o mercado, aguardando novas oportunidades para emissão.
*Com Estadão Conteúdo.