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Eduardo Campos

Eduardo Campos

Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.

Selic fica em 6,5%

Copom: Sem reformas, sem corte de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reconhece piora da economia, mas quer ver avanços concretos na agenda de reformas antes de mudar de postura

Eduardo Campos
Eduardo Campos
19 de junho de 2019
18:23 - atualizado às 19:09
Copom
Diretores do Banco Central (BC) na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - Imagem: Banco Central do Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano, em decisão unânime e sem viés, após reunião nesta quarta-feira. Resultado em linha com as expectativas de mercado.

No comunicado apresentado após a decisão, o colegiado do Banco Central (BC), presidido por Roberto Campos Neto, reconhece uma interrupção no processo de recuperação da atividade, mas pondera que os risco de frustração com as reformas é preponderante em comparação com os demais riscos. Em português claro, o BC quer ver avanços concretos das reformas para pensar em cortar a Selic.

Como já dissemos Selic estável ou com alguma chance de queda favorece a alocação em  bolsa de valoresfundos imobiliários e títulos longos do Tesouro Direto. A reação ao Copom, no entanto, ficará para sexta. A reação à decisão do Federal Reserve (Fed), banco central americano, já aconteceu e ajudou o Ibovespa a superar a marca dos 100 mil pontos.

Foco na inflação

Em todas as oportunidades que teve, Campos Neto enfatizou que a missão do BC é manter a inflação nas metas e as diferentes projeções apresentadas no comunicado mostram isso ou até mais do que isso.

No cenário com juros constantes a 6,50% e taxa de câmbio R$ 3,85, as projeções situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,7% para 2020.

A meta para 2019 é de 4,25% e recua para 4% em 2020. O próprio BC afirma que seu horizonte relevante inclui 2019, mas “principalmente” 2020.

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Considerando as projeções do Focus, de Selic a 5,75% no fim desde ano, de 6,5% no fim de 2020 e com dólar a R$ 3,80, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fecharia 2019 em 3,6% neste ano e em 3,9% em 2020.

Projeções mais detalhadas até 2021 e 2022 devem ser conhecidas no Relatório de Inflação, que sai dia 27, junto a nova estimativa de crescimento do BC, que está em 2%. Campos Neto também dará coletiva nesse dia.

Essas projeções para 2019 abaixo da meta devem fomentar um acalorado debate sobre o BC “perder” o centro da meta por mais um ano e que seu excesso de conservadorismo atrapalha a retomada da atividade.

As razões do BC

No entanto, o BC apresenta parte de suas razões no comunicado. O balanço de riscos, que traz os principais vetores que podem deixar a inflação abaixo ou acima do esperado, perdeu a palavra “simétrico”, mas não ganhou o termo “assimetria”, esperado por parte dos agentes do mercado e que seria um aceno mais forte de redução.

O BC pondera que o nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória prospectiva de preços abaixo do esperado.

Mas que por outro lado, uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

Esse risco se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes.

No fim, o Copom diz que avalia que o balanço de riscos para a inflação “evoluiu de maneira favorável”, mas entende que, neste momento, o risco de frustração das reformas é preponderante.

Essa cautela não chega a surpreender, pois o BC vem destacando, faz anos, a importância das reformas, notadamente as do lado fiscal, para que se tenha um cenário de crescimento sustentado com inflação nas metas.

Assim, mais do que aprovar uma ou mais reformas, esses ajustes têm de ser fortes o suficientes para não afetar as expectativas futuras com relação à inflação brasileira. Não é qualquer reforma que vai convencer o Copom.

O Congresso discute a reforma da Previdência e parece haver um esforço para que sua aprovação no plenário da Câmara dos Deputados acorra ainda em julho, antes do recesso parlamentar. Se isso ocorrer, pode ser que o Copom mude de postura já na reunião de 31 de julho. Tal possibilidade deve manter algum otimismo entre os agentes que trabalham com redução de juros.

Avanços concretos

Em outra parte do comunicado, o BC enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia.

O Copom ressalta, ainda, que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes.

“Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, diz o BC em nova frase somada ao comunicado.

Assim, na avaliação do colegiado, “a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente”.

Atividade

Segundo o BC, os indicadores recentes da atividade econômica indicam “interrupção do processo de recuperação” da economia brasileira nos últimos trimestres. Até maio, o BC falava em “arrefecimento”. O cenário do Copom, no entanto, contempla retomada desse processo adiante, de maneira gradual.

Cena externa

O cenário externo mostra-se “menos adverso”, no lugar de “desafiador”, em decorrência das mudanças nas perspectivas para a política monetária nas principais economias. Entretanto, os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem.

Veja abaixo a íntegra do comunicado:

Em sua 223ª reunião, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 6,50% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

Indicadores recentes da atividade econômica indicam interrupção do processo de recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres. O cenário do Copom contempla retomada desse processo adiante, de maneira gradual;

O cenário externo mostra-se menos adverso, em decorrência das mudanças nas perspectivas para a política monetária nas principais economias. Entretanto, os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem;

O Comitê avalia que diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis apropriados, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;

As expectativas de inflação para 2019, 2020 e 2021 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,8%, 4,0% e 3,75%, respectivamente; e

No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,9% para 2020. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 5,75% a.a. e se eleva a 6,50% a.a. em 2020. Também supõe trajetória para a taxa de câmbio que termina 2019 e 2020 em R$/US$ 3,80. No cenário com juros constantes a 6,50% a.a. e taxa de câmbio constante a R$/US$ 3,85*, as projeções situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,7% para 2020.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode continuar produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária. O risco (ii) se intensifica no caso de (iii) deterioração do cenário externo para economias emergentes.  O Comitê avalia que o balanço de riscos para a inflação evoluiu de maneira favorável, mas entende que, neste momento, o risco (ii) é preponderante.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa básica de juros em 6,50% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019 e, principalmente, de 2020.

O Copom reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

O Comitê julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com redução do grau de incerteza a que continua exposta.

O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia.  O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva.

Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. O Comitê ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente), Bruno Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Tiago Couto Berriel.

 

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