74 dias. Esse é o período em que os servidores do Banco Central (BC) estão com os braços cruzados — e a greve segue por tempo indeterminado. A decisão, aprovada por 80% dos grevistas, foi ratificada na assembleia geral do sindicato nesta terça-feira (14).
Hoje é também o primeiro dia de reunião do Comitê de Políticas Monetárias (Copom), que começou as discussões “no escuro”, já que os indicadores importantes para a avaliação econômica — como as projeções do mercado divulgadas semanalmente no Boletim Focus — seguem suspensos, por conta da greve.
Mesmo assim, há o indicativo de que o colegiado do BC decida elevar 0,5 pontos percentuais na taxa Selic, segundo avaliação do mercado. Ou seja, a taxa básica de juros deve subir de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano.
Além disso, a expectativa é se o Copom vai pôr fim ao ciclo de altas na taxa de juros. A decisão sai nesta quarta-feira (15).
Enquanto isso, o sindicato dos servidores deve se reunir amanhã com a diretora do BC, Carolina de Assis Barros, em uma nova tentativa de negociações.
A informação foi confirmada durante a assembleia dos funcionários da autarquia, mas, até o momento, não consta na agenda das autoridades do BC.
Afinal, o que os servidores querem?
Os servidores do BC paralisaram suas atividades em 1º de abril. Naquele momento, os funcionários reivindicavam um reajuste salarial de 27,5% e a reestruturação da carreira.
Mas, sem avanços nas negociações e em uma corrida contra o tempo — já que o aumento de gastos do governo precisa ser aprovado até 180 antes do fim do mandato presidencial — os servidores fizeram uma contraproposta: aumento de 13,5% nos salários, além das pautas não-salariais.
Contudo, o governo anunciou que não haverá ajustes aos servidores neste ano. A reunião de amanhã, com a diretora do BC, será uma nova tentativa na reta final do prazo determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Uma nova assembleia do sindicato deve acontecer na próxima terça-feira (21).
Greve do BC: Campos Neto vai à Câmara dos Deputados
A Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público aprovou nesta terça-feira (14), o convite ao presidente do BC, Roberto Campo Neto, para prestar esclarecimentos sobre as negociações com os servidores.
A data da audiência ainda será marcada.
Consequências da greve do BC
Enquanto as negociações não andam, as atividades do Banco Central seguem suspensas por conta da greve por tempo indeterminado.
Isso inclui a divulgação de publicações como o Boletim Focus, com as projeções do mercado financeiro sobre a economia, o Relatório de Poupança e os dados do Fluxo Cambial.
Também, as atividades como a divulgação da PTAX diária (taxa de conversão entre dólar e real; euro e real), a assinatura de processos de autorização no sistema financeiro e publicações do órgão seguem sem previsão de retorno.
Além disso, a segunda fase do sistema de valores a receber (SRV), que estava programada para retomar as consultas e saques do “dinheiro esquecido” em 02 de maio, permanece sem data para voltar a funcionar.
O PIX é um dos únicos serviços da autarquia que não foi afetado pela greve.
*Com informações de Estadão Conteúdo