O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse estar confiante que o Congresso sabe o tamanho do desafio e atuará construtivamente. O ministro reconheceu que há um evidente problema de comunicação em um governo que está chegando, mas que as lideranças políticas vão superar eventuais problemas de comunicação.
Segundo Guedes, “não tem caos nenhum”, tem um pessoal chegando cheio de ideias e outro que já está lá dentro. “Não pode ter toma lá, dá cá. Mas tem que tem conversa”, disse.
Guedes disse que se o presidente (Bolsonaro) não quer dançar de rosto colado porque está uma confusão aí dentro (Congresso), o par diz, “tudo bem, não querer dançar de rosto colado, mas tem que dançar”.
“Bolsonaro sabe que é uma reforma difícil, mas que vai libertar as futuras gerações”, disse Guedes.
Segundo Guedes, este pode ser um ano extraordinário para o Congresso, na definição da nova política, pois aquele sistema antigo ruiu.
O ministro também disse que “na hora de colocar o votinho lá, acredito que teremos a reforma aprovada”, pois o tema interessa a todos, Estados, municípios e a União.
Guedes participa de evento na 75ª reunião geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Pela manhã, Guedes esteve reunido com o presidente Jair Bolsonaro e Onyx Lorenzoni (Casa Civil ), general Santos Cruz (ministro da secretaria de governo), e o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). Agora à tarde, Guedes tem duas novas reuniões no Palácio do Planalto.
Apagando incêndio
A manifestação do ministro é a primeira fala pública desde o aumento da tensão entre Executivo e Legislativo, que começou na semana passada e entrou pelo fim de semana, com o Bolsonaro trocando farpas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sobre a articulação política do governo.
Guedes fez menção de falar sobre certas “práticas políticas”, mas disse que não iria fazer uma avaliação e voltou a repetir a sua tese de que o modelo econômico no qual o governo comanda 50% do recursos, por definição, ele corrompe a política. Algo que aconteceu em Cuba, Venezuela e União Soviética.
Ainda de acordo com Guedes, a classe política tem que assumir seu protagonismo via comando dos orçamentos públicos. O ministro questionou se é inteligente da parte da classe política passar um ano discutindo o que tirar da reforma da Previdência.
Para Guedes, seria melhor discutir o “US$ 1 trilhão de dólares que vai sair do chão em barril em petróleo”, em referência aos leilões do pré-sal.
O ministro também voltou a falar que uma economia menor de R$ 1 trilhão ao longo de 10 anos é um "saque contra" as gerações futuras. "Quem votar contra está contra gerações futuras e está a favor do colapso fiscal. É simples assim, você pode colocar a roupa política que quiser", disse o ministro.
O presidente da FNP, Jonas Donizette, disse a Guedes que os prefeitos declaram apoio público e expressivo à reforma da Previdência. Com reforma aprovada, segundo Donizette, municípios terão economia de R$ 32 bilhões em quatro e em 10 anos, a economia vai a R$ 150 bilhões.
Donizette também manifestou, em nome dos prefeitos, preocupação as declarações desencontradas do Executivo e Legislativo, dizendo que esse trabalho político é muito importante.
“Temos muita confiança no presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que tem propósito de aprovar o projeto, compreende a importância do projeto e temos preocupação desse ambiente político”, disse Donizette.
'Inteligente, sofisticada e sábia'
Guedes disse estar “absolutamente confiante” e deitou elogios à classe política, que é “inteligente, sofisticada e sábia”, por ter se adaptado a um sistema de financiamento que colapsou. Para Guedes a classe política “vai se adaptar” ao novo momento.
Ele se diz otimista pelos sinais que recebe da própria interação que tem com os parlamentares. Para Guedes, dentro de três a quatro meses tudo pode estar resolvido e “vocês [prefeitos] poderão ir para uma eleição com um ano de notícias positivas para frente. Todos na classe política vão se beneficiar”.
Guedes disse que “precisamos de muita ajuda, todos tem de ajudar, estamos pedindo ajuda para todo mundo, para parente do presidente, pedindo que vocês conversem com os deputados”.
Vencida a etapa da reforma da Previdência, Guedes disse que o próximo passo é a PEC do Pacto Federativo, que vai fazer “algo dramático”, transferindo até 70% das receitas para Estados e municípios ao longo do tempo.
Depois da explanação do ministro, Donizette voltou a destacar a importância da afinidade com o Congresso. Segundo Donizette, Bolsonaro pode manter a postura que ele quiser, mas ele não pode “não interagir” com os parlamentar, e achar que seu papel acaba com o envio da proposta.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, pediu para que Guedes seja um articulador político, por mais que o perfil do ministro seja mais técnico. “Com um Congresso que não tem como dizer não, ou aprova ou racha”, disse Virgílio.