Apesar de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter dito que a França está ficando "irrelevante" para o Brasil — além de outras declarações de mais baixo calão — o país europeu é o maior empregador estrangeiro e o terceiro que mais investe em território brasileiro.
Na terça-feira (9), Guedes criticou a França e chegou a usar um palavrão ao referir-se ao país. "Vocês [França] estão ficando irrelevantes para nós. É melhor vocês nos tratarem bem porque senão vamos ligar o 'f…-se' para vocês", disse o ministro. A embaixada não quis comentar as declarações de Guedes.
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Mas, essa não foi a primeira vez que o ministro se envolveu em uma "saia justa" com os franceses. Em 2019, ele chegou a pedir desculpas depois de dizer que a primeira dama da França, Brigitte Macron, era "feia mesmo", concordando com afirmação anterior de Jair Bolsonaro.
Empresas francesas no Brasil
De acordo com dados da embaixada da França em Brasília, o número de empresas francesas no Brasil chegou a 1.042 em 2019 — último dado disponível —, empregando 471.784 funcionários e um volume de negócios de 66,1 bilhões de euros.
Dados do Banco Central mostram ainda que, em 2020, o investimento francês no Brasil somou US$ 32,255 bilhões, o que equivale a 6% do total investido no setor produtivo por outros países.
Os franceses ficaram atrás apenas dos Estados Unidos, com investimento de US$ 123, 853 bilhões (24%) e Espanha, com US$ 58,215 bilhões (11%).
Comércio Brasil-França
O comércio com o país europeu também vem crescendo neste ano. De acordo com dados do próprio Ministério da Economia, as exportações para os franceses cresceram 18,3% neste ano e somam R$ 1,796 bilhão até julho.
O país ocupa o 26º no ranking de maiores compradores do Brasil, à frente de nações como Rússia, Uruguai e África do Sul.
Se para o ministro a França é "irrelevante" para o Brasil, a posição que os brasileiros ocupam no ranking de clientes dos franceses é ainda pior: os brasileiros são os 29º maiores clientes de itens da França.
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Já na importação, enquanto a França é o nosso 11º maior vendedor, enquanto o Brasil é apenas o 36º maior fornecedor de produtos para o país europeu.
Em 2021, as vendas para a França fecharam o ano com alta de 25,9% . O desempenho superou o encolhimento registrado com o início da pandemia em 2020 — quando as vendas ao exterior caíram 24%.
Entre os principais produtos vendidos estão farelo de soja (24%), minério de ferro e concentrados (13%), celulose (6,8%) e café (6%).
De janeiro a julho deste ano, as importações de produtos franceses subiram 5,7%, alcançando US$ 2,834 bilhões. Com isso, o saldo neste ano é desfavorável aos conterrâneos do ministro: negativo em US$ 1,038 bilhão.
Da França, o Brasil compra principalmente itens que são utilizados pela indústria, como motores e máquinas (15%) e compostos organo-inorgânicos (8,4%), além de medicamentos e produtos farmacêuticos (5,2%) e partes e acessórios de produtos automotivos (4,8%).