O ministro da Economia, Paulo Guedes, comentou o caso envolvendo o vazamento de conversas de Sergio Moro, quando juiz, com procuradores da Operação Lava Jato. O ministrou disse que o evento não é uma coincidência e colocou o caso junto com outras “bombinhas” que estouram tentado paralisar a reforma da Previdência.
O ministro participou de uma sessão plenária da Ordem dos Advogados do Brasil, evento que não estava em sua agenda oficial até ele praticamente concluir seu discurso no evento.
Logo no começo de sua fala, Guedes falou que a Previdência é um buraco negro que ameaça nos engolir “antes de acabar a palestra”. Na sequência ele citou a gravação, feita em maio de 2017, envolvendo o presidente Michel Temer e como isso paralisou a reforma da Previdência que discutia naquele momento.
“E não foi por falta de tentativa, toda hora tem uma. Uma hora é o Michel, outra é o filho do Bolsonaro o outro é não sei o que lá, hoje é o Moro”.
Guedes falou que apenas a plateia, composta por advogados, tinha a capacidade de analisar o mérito da questão, mas que não era uma coincidência e que a cada hora estoura uma "bombinha" diferente.
“Só os senhores têm capacidade para examinar o mérito, mas não é coincidência que estoura essa bombinha. Cada hora estoura uma vendo se paralisa a marcha dos eventos e isso é uma visão muito míope, muito superficial do fenômeno”, afirmou.
Na sequência, Guedes listou os gastos com Previdência no país, mostrou que eles superam em muito o que investe em saúde e educação e que apesar de sermos um país jovens gastamos muito com aposentadorias e pensões.
Para o ministro, esse é um problema que tem de ser atacado agora e que “essa é a pior medida, a mais antipática”.
Ele lembrou das conversas com o então candidato Bolsonaro e como antes de tomar posse ele não poderia apoiar a reforma de Temer, que estava em processo avançando no Congresso. Disse que Bolsonaro se comprometeu em fazer a reforma, além de acabar com a roubalheira no país, é que “estamos com absoluta confiança” no Congresso, no presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e que percebe apoio de prefeitos, governadores e demais agentes políticos.
Capitalização
Guedes voltou a fazer uma defesa enfática do sistema de capitalização, falando que o sistema leva recursos para o futuro e coloca o juro composto para trabalhar para os mais pobres.
Além disso, chamou o financiamento da atual Previdência de “cruel e burro”, pois os impostos incidem sobre a folha de pagamento e disse que a ideia de adotar um imposto sobre pagamentos é pensada nesse contexto de achar outras formas de financiar a Previdência.
O ministro também defendeu a ideia da carteira de trabalho verde e amarela, que teria menos leis trabalhistas, vale o acertado entre patrão e empregado, e o jovem teria sua “caderneta de poupança”, levando recursos para o futuro.
Sem entrar em detalhes, o ministro disse que o gestor dessa poupança vai ser acompanhado pelo governo e que ele teria compromisso em entregar uma rentabilidade mínima anual. No caso de falha, esse gestor seria desqualificado pelo governo e arcaria com seu capital para garantir a remuneração mínima acordada.
Terra plana e marxismo
Guedes também defendeu que o que aumenta a produtividade do trabalho é capital e que a teoria do “valor-trabalho”, defendida por economistas marxistas é o equivalente a acreditar na terra plana.
“Quem é marxista do ponto de vista econômico é um ignorante. É como se o sujeito defendesse a terra plana”, disse.
Ainda de acordo com Guedes, o socialista que pensa que o capital tira valor do trabalho tem uma “visão completamente boboca”. “O melhor amigo do trabalho é a acumulação de capital”, afirmou.