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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
É a política

Mais uma pesquisa mostra Bolsonaro menos popular

Sondagem XP Ipespe mostra 35% de ótimo e bom. Sobre Previdência, 61% dizem que a reforma é necessária e para 62%, o presidente é a “nova política”

Eduardo Campos
Eduardo Campos
5 de abril de 2019
11:39 - atualizado às 16:33
O presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro - Imagem: Palácio do Planalto/Flickr

Perto de completar o marco de 100 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro observa uma queda na sua na sua taxa de aprovação em levantamentos feitos por diferentes instituições. Nesta sexta-feira, foi a pesquisa XP Ipespe que captou esse viés de baixa.

O percentual de entrevistados que considera o governo ótimo ou bom oscilou negativamente de 37% para 35%, dentro da margem de erro, mas abaixo dos 40% visto nos levantamentos feitos em janeiro e fevereiro.

Também dentro da margem de erro, mas para cima, subiram de 24% para 26% as anotações “ruim e péssimo” e ficou estável a avaliação “regular”. Foram feitas mil entrevistas nos dias 1, 2 e 3 de abril. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.

XP Ipespe

A pesquisa também mostra uma queda de quatro pontos percentuais, de 54% para 50%, no grupo que espera que o restante do mandato do presidente seja ótimo e bom. Os entrevistados com expectativa de que o resto de mandato seja ruim ou péssimo subiram de 20% para 23%.

Ontem, levantamento feito pelo “Atlas Político” e divulgado pelo jornal “El País”, mostrou que as avaliações de “ótimo/bom” do governo Bolsonaro caíram de 36,1% em março para 30,5% agora em abril. Em fevereiro, esse percentual estava em 38,7%.

Em 20 de março, o Ibope tinha capturado que 34% dos brasileiros disseram considerar a gestão Bolsonaro "boa ou ótima", contra 39% em fevereiro. Em janeiro, esse percentual era de 49%. Ainda não há sondagem para abril.

Bolsonaro comentou essa pesquisa do Ibope, desacreditando o instituto, pois teria sido o mesmo que mostrou que o presidente não ganharia as eleições.

O presidente reclama que "apanha" muito da imprensa e da falta de cobertura de "pautas positivas". Na pesquisa, as notícias envolvendo o governo e o presidente na TV, jornais, revistas e na internet foram mais desfavoráveis para 42%. Em janeiro essa percepção era de 27%. Já o percentual de "mais favoráveis" caiu de 34% em janeiro para 20% agora.

Previdência

A pesquisa XP Ipespe também acompanha a percepção sobre a reforma da Previdência. No mês de março, 64% dos entrevistados classificavam a reforma como necessária. Na rodada atual, 61% fizeram a mesma avaliação.

Sobre definição de idade mínima, 32% da amostra discorda totalmente, enquanto 26% concorda totalmente e outros 24% concorda em parte.

Mais coesão quando se trata das mudanças de regra para servidores públicos. 28% concorda totalmente e outros 27% concorda em parte. Enquanto que 20% discorda totalmente.

Nova política

A maioria dos entrevistados (62%) concorda que o governo Bolsonaro representa uma “nova política”. Também é elevado o percentual dos que concordam que a relação do presidente Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é importante (38%) ou muito importante (43%). Resultado interessante tendo em vista as “caneladas” trocadas entre os dois recentemente e a baixa popularidade de Maia.

Outro recorte interessante mostrado pela pesquisa é que ao serem questionados sobre como Jair Bolsonaro deve lidar com o Congresso, os entrevistados se dividem.

Dos pesquisados, 33% se disseram a favor de que o presidente endureça suas posições e seu discurso, ainda que isso signifique dificuldades na relação com os parlamentares.

Enquanto que outros 37% defendem a flexibilização do discurso do governo, ainda que isso signifique se afastar do que foi defendido na campanha.

Essa divisão parece se refletir, também, no próprio presidente, que fez diversas declarações falando que não se dobraria à “velha política” de “toma lá, dá cá”, ao mesmo tempo em que precisa construir uma base de apoio e de votos para a aprovação de suas propostas.

Nesta semana, depois de muito desgaste, o presidente fez acenos de que vai deixar de criminalizar a política e os partidos e vai buscar um entendimento com os “políticos tradicionais”.

Em live no “Facebook”, ontem, Bolsonaro falou que confia no Congresso e que jamais tomará atitudes que representam uma quebra de confiança entre o Executivo e o Legislativo. Há também indicações de que o presidente deixará de falar em “velha política”.

Ao longo das próximas semanas vamos ver para que lado o presidente vai pender e o mercado penderá junto. Se o caminho for pelo enfrentamento, a instabilidade deve aumentar, se a opção for pelo consenso, o quadro positivo se acentua.

Em seu enfrentamento com o Congresso ou com a “velha política” ou mesmo com o chamado “presidencialismo de coalizão”, Bolsonaro soube canalizar bem a percepção negativa da população com relação aos partidos.

A pesquisa mostra que 89% dos entrevistados não confiam nos partidos políticos, 83% não confiam na Câmara dos Deputados, 77% não confiam no Senado e outra “boa notícia” para Bolsonaro é que 69% não confiam nos sindicatos.

Maiores graus de confiança apenas para os militares, com 66%, seguidos pela igreja católica, com 56%.

 

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